Tribunal da Inquisição: qualquer semelhança
com os fanáticos do politicamente correto
NÃO é mera coincidência...
É excelente o artigo que o companheiro Aldo Rebello -- jornalista e deputado federal pelo PCdoB -- escreveu e o portal Vermelho publicou: Monteiro Lobato no tribunal literário.
Recomendando fortemente a leitura completa, peço a todos que atentem bem para esta advertência, que foi o motivo para tantos cidadãos de esquerda repudiarem com firmeza a iniciativa da conselheira do CNE:
"O parecer do Conselho Nacional de Educação (...) instala no Brasil um tribunal literário.
"A obra de Monteiro Lobato, publicada em 1933, virou ré por denúncia - é esta a palavra do processo legal - de um cidadão de Brasília, e a Câmara de Educação Básica do Conselho opinou por sua exclusão do Programa Nacional Biblioteca na Escola.
"Na melhor das hipóteses, a editora deverá incluir uma 'nota explicativa' nas passagens incriminadas de 'preconceitos, estereótipos ou doutrinações'. O Conselho recomenda que entrem no índex 'todas as obras literárias que se encontrem em situação semelhante'.
"Se o disparate prosperar, nenhuma grande obra será lida por nossos estudantes, a não ser que aguilhoada pela restrição da 'nota explicativa' - a começar da Bíblia, com suas numerosas passagens acerca da 'submissão da mulher', e dos livros de José de Alencar, Machado de Assis e Graciliano Ramos; dos de Nelson Rodrigues, nem se fale. Em todos cintilam trechos politicamente incorretos.
"(...) O caráter pernicioso dessas iniciativas não se esgota no campo literário. Decorre do erro do multiculturalismo, que reivindica a intervenção do Estado para autonomizar culturas, como se fossem minorias oprimidas em pé de guerra com a sociedade nacional.
"Não tem sequer a graça da originalidade, pois é imitação servil dos Estados Unidos, país por séculos institucionalmente racista que hoje procura maquiar sua bipolaridade étnica com ações ditas afirmativas.
"(...) País mestiço por excelência, o Brasil dispensa a patacoada a que recorrem os que renunciam às lutas transformadoras da sociedade para tomar atalhos retóricos.
"Com conselheiros desse nível, não admira que a educação esteja em situação tão difícil. Ressalvado o heroísmo dos professores, a escola pública se degrada e corre o risco de se tornar uma fonte de obscurantismo sob a orientação desses 'guardiões' da cultura".
Análise perfeita, necessária e irrefutável. Subescrevo-a totalmente.
Um comentário:
Há ua diferença bem grande entre "sensibilidade social" e "burrice". Patrulhar obras literárias pertence ao segundo grupo. Li muito Monteiro Lobato na infância, e penso que cresci bem saudável e não racista. Tive sabedoria suficiente quando criança para não achar Tia Nastácia inferior às demais personagens do Sítio, e acredito que não serão as "Caçadas de Pedrinho" que poderão fomentar o racismo entre as crianças brasileiras. Essas "autoridades educacionais" deveriam focar suas preocupações em outras coisas...
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