quinta-feira, 7 de outubro de 2010

DEIXEM O TIRIRICA EM PAZ!

Voto de protesto saudável era o endereçado a figuras como o rinoceronte Cacareco e o futebolista Biro-Biro, que não participavam do pleito.

Ou seja, em vez de simplesmente anularem o voto, os eleitores desencantados com a democracia burguesa, como bons brasileiros cordiais, faziam piada.

Talvez Biro-Biro tenha sido o primeiro oportunista a vislumbrar a possibilidade de surfar nessa onda: ele se candidatou  na eleição seguinte e foi eleito.

Depois veio o Enéas Carneiro, que lembrava muito um personagem de HQ, o Dr. Bactério das tiras do Mortadelo e Salaminho.

Com sua performance teatralizada, parecendo um Zé do Caixão da política, rebocou uma legião de nulidades para o Legislativo.

Por menos que eu apreciasse Fernando Collor, não pude deixar de reconhecer que ele teve toda razão quando, designado para fazer uma pergunta a Enéas num debate eleitoral, pensou, pensou, mas não lhe ocorreu o que indagar de quem nada mais era do que a aberração da campanha.

Acabou se dirigindo ao mediador:
"Manda ele falar o que quiser!"
Enéas usou sua intervenção inteira para criticar o próprio Collor, que nem se deu ao trabalho de rebater, ao chegar o momento da tréplica:
"Manda ele continuar falando!"
A NOVA SENSAÇÃO DO PICADEIRO ELEITORAL GRATUITO

O palhaço Tiririca não passou de um novo exemplar dessa fauna, tendo renovado o repertório de besteirol no famigerado horário eleitoral gratuito.

Assistindo a suas limitadíssimas performances, morro de saudades de congêneres imensamente mais dignos como Arrelia e Pimentinha, atração dominical obrigatória da minha infância.

Mesmo assim, e ainda que justificadamente detestemos Tiririca e o  inferno pamonha  do qual ele faz parte, não há como aceitarmos a cassação da sua candidatura apenas para que as cadeiras por ele conquistadas sejam transferidas a palhaços de circos, digo partidos mais poderosos.

Concordo em quase tudo com o artigo de Rui Martins, bravo guerreiro das boas causas, só não endossando o título, Somos todos palhaços Tiririca. Comigo não, violão...

Mas, sua argumentação é irrefutável:
"Se a justiça eleitoral reabrir o processo de registro de Tiririca estará desrespeitando suas próprias leis e infrigindo uma norma básica de Direito, segundo a qual depois de transitada em julgado, uma questão não poder ser reaberta. E mais que isso, se estará colocando em questão a própria essência da democracia ao se deixar de validar os votos do mais votado deputado federal.

"Hoje será o Tiririca por um pretendido analfabetismo, amanhã um candidato sem curso primário e, mais além, um presidente por não ter feito universidade. As eleições têm regras, que devem ser respeitadas e não podem mais ser revistas depois de realizado o pleito. Isso é um princípio fundamental, quebrá-lo corresponde ao risco de se colocar em perigo a própria democracia".
Então, fiz questão de botar meu nome no abaixo-assinado que o Rui lançou e pode ser acessado aqui.

Minha justifitiva foi:
"Antigamente se dizia: ou se restaure a moralidade, ou locupletemo-nos todos.

"O mesmo raciocínio cabe agora: cassem-se todos os palhaços da política ou deixem o Tiririca em paz.

"Afinal, os palhaços meramente medíocres são preferíveis aos palhaços sinistros como o Índio da Costa".

Um comentário:

L-A. Pandini disse...

Celso, além da argumentação irrefutável, acrescento meus cumprimentos por ter detectado a semelhança entre Eneas e o Dr. Bactério. Abraços! (LAP)

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