É que, desde o primeiro momento, pareceu-me mais um descontrole, uma reação em cadeia, do que um golpe propriamente dito.
Então, para não ficar gritando "lobo!" a cada situação, com risco de não ser ouvido quando o lobo aparecer, preferi aguardar que o quadro se aclarasse.
E, como a poeira logo baixou, não houve mais necessidade de nenhuma intervenção.
E, como a poeira logo baixou, não houve mais necessidade de nenhuma intervenção.
O fato é que policiais, insatisfeitos com medida governamental que afetaria suas finanças, iniciaram uma bagunça, queimaram pneus, ergueram barricadas.
O presidente Rafael Correia teve a péssima idéia de ir pessoalmente dissuadir os baderneiros e se deu mal: inalou gás lacrimogênio e acabou hospitalizado.
Os policiais cercaram o Hospital Militar, tiveram-no à sua mercê... e permitiram que continuasse se comunicando com Deus e o mundo.
Violaram o mandamento nº 1 de qualquer golpista que se preze: nunca permitir que o presidente exorte as forças leais à resistência.
Por quê os policiais agiram com esse aparente amadorismo?
Porque os golpistas, embora existissem, não eram majoritários dentre eles, daí a indecisão quanto ao passo seguinte: radicalizarem ou recuarem? Enquanto não chegavam a um consenso sobre a linha de ação a ser adotada, a ação acabou.
Os golpistas também não eram majoritários dentre os militares, que acabaram mantendo sua lealdade a Correia. No momento oportuno o resgataram, desmontando o picadeiro.
O principal motivo para eu não embarcar no alarmismo virtual foi o fato de que Forças Armadas nunca marcham a reboque de policiais.
Estes podem até ser utilizados como abre-alas, mas depois o show é comandado por quem tem verdadeiro poder de fogo.
Quando percebi que os milicos não adeririam, considerei o caso liquidado.
No fim, coube ao próprio Correia a melhor síntese do imbroglio:
"[O Equador é] uma nação de opereta, onde a força pública sequestra seu comandante-em-chefe e ataca o povo que deveria proteger. Este é um dia triste".
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