Segundo o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rafael de Piro, a demissão por justa causa do goleiro Bruno foi decidida numa reunião que ele manteve neste sábado (31) com a presidente Patrícia Amorim:
“Eu e a presidente nos reunimos e conversamos sobre a demissão de Bruno. Ele vai seguir o parecer da comissão de juristas formada pelo clube, que a orientou a demitir o jogador. A presidente vai assinar a demissão, mas não me disse quando. Pode ser semana que vem ou na outra”.Parece que tal comissão de juristas esqueceu de uma coisinha de nada:
"Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa".Uma irrelevância que, sabe-se lá por que, ainda consta do artigo XI da Declaração Universal dos Direitos Humanos...
3 comentários:
Bom hoje eu estava escutando uma entrevista com o delegado chefe e o que deu para perceber é que a investigação está tudo baseado em suposições e no depoimento do menor.Ou seja, tem poucas provas contra o Bruno e os outros. E pior, isso tudo para que,se já sabemos o resultado.Quem vai ser o jurado que vai mudar de opinião?Ou seja que vai ficar contra a opinião publica,manipulada pela midia é claro,mas que já condenou o Bruno e cia
Pois acho estranho o silêncio dos acusados, que se recusam a falar e a prestar qualquer depoimento e a permitir que se façam exames de DNA. Estranha atitude para quem não tem culpa no cartório.
Além disso, as poucas revelações vazadas para a mídia, acerca do inquérito, dão conta sim de uma formação de quadrilha para a execução pusilânime da tal Eliza, com práticas de tortura e assassimato frio e calculado. Ela teria sido atraída para o ato que a levou à morte pelo goleiro e seus comparsas. Os indícios de rastreamento telefônico entre os acusados - 10 ligações no dia da suposta morte entre o suposto assassino, um ex-policial e o braço direito do goleiro, mais as confissões do menor e do primo do goleiro, que revelaram detalhes do trajeto até a suposta morte da modelo, mais o sangue encontrado no carro do goleiro, mais o pagamento do motel em Contagem onde todos ficaram hospedados com o uso do cartão do goleiro, e a entrega da criança a desconhecidos, etc., são indícios evidentes do envolvimento no assassinato por parte de todo o grupo. Não se trata meramente de "manipulação da mídia", que neste caso, aliás, tem levantado muitos pontos para confundir a opinião pública - talvez até pela influência do Flamengo e de outros interesses maiores.
Não se deve julgar a priori a ninguém, sem direito a ampla defesa, mas também não se deve tratar como anjos aqueles que têm atitudes suspeitíssimas, inclusive com precendentes de ameaças contra a vítima e uma gama de indícios. Claro que este caso ganha o peso nacional por se tratar de um jogador famoso que, se de um lado serve para condená-lo, por outro serve também como escudo para protegê-lo, como se observa por parte da mídia e de pessoas influentes, Brutalidades semelhantes acontecem todos os dias, sem grande divulgação, num país que banaliza a vida humana e as pessoas morrem por causa de uma dívida de dois reais a um traficante, ou de uma discussão boba no trânsito, ou por ciúme. São ovalores de uma sociedade comsumista, politicamente empobrecida e que valoriza o ter acima do ser.
Mas, sobre este caso em particular, continuo com a seguinte convicção: quem não tem culpa não se cala, não se recusa a prestar depoimentos e nem se nega a fazer exames de DNA e outros, como acontece com todos os envolvidos.
Quanto ao Flamengo, acho que ele busca resguardar acima de tudo o seu patrimônio financeiro, até mais do que a imagem de uma equipe que tem a maior torcida do Brasil. Uma pena. Mais uma instituição que usa e abusa de seres humanos enquanto estes lhe são úteis, como ocorre com qualquer mercadoria.
Não estou discutindo culpabilidade ou não, apenas violação de direitos constitucionais de cidadãos (que não o deixam de o ser nem de tê-los apenas porque a polícia os considera responsáveis por crimes).
Como diz o editorial de hoje da "Folha de S. Paulo", o inquérito policial foi tão imperfeito e inconsequente que abre enormes possibilidades de anulação.
É, aliás, o que já deveria ter acontecido no caso Isabella Nardoni e acabará acontecendo um dia: um juiz corajoso se recusar a agir como linchador a serviço da turba açulada pela imprensa e mandar refazer o inquérito policial da estaca zero.
Pois, enquanto os inquéritos vazarem inteirinhos para a mídia, os acusados não terão julgamentos justos, um princípio fundamental da democracia.
Quanto ao Flamengo, está usurpando o papel dos tribunais. Enquanto o cidadão Bruno não for condenado, ninguém poderá alegar justa causa para o demitir. É mais um disparate, em termos jurídicos.
Postar um comentário