sábado, 31 de julho de 2010

O FLAMENGO JÁ JULGOU E CONDENOU O GOLEIRO BRUNO

Segundo o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rafael de Piro, a demissão por justa causa do goleiro Bruno foi decidida numa reunião que ele manteve neste sábado (31) com a presidente Patrícia Amorim:
“Eu e a presidente nos reunimos e conversamos sobre a demissão de Bruno. Ele vai seguir o parecer da comissão de juristas formada pelo clube, que a orientou a demitir o jogador. A presidente vai assinar a demissão, mas não me disse quando. Pode ser semana que vem ou na outra”.
Parece que tal comissão de juristas esqueceu de uma coisinha de nada:
"Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa".
Uma irrelevância que, sabe-se lá por que, ainda consta do artigo XI da Declaração Universal dos Direitos Humanos...

3 comentários:

AF Sturt Silva disse...

Bom hoje eu estava escutando uma entrevista com o delegado chefe e o que deu para perceber é que a investigação está tudo baseado em suposições e no depoimento do menor.Ou seja, tem poucas provas contra o Bruno e os outros. E pior, isso tudo para que,se já sabemos o resultado.Quem vai ser o jurado que vai mudar de opinião?Ou seja que vai ficar contra a opinião publica,manipulada pela midia é claro,mas que já condenou o Bruno e cia

Euler disse...

Pois acho estranho o silêncio dos acusados, que se recusam a falar e a prestar qualquer depoimento e a permitir que se façam exames de DNA. Estranha atitude para quem não tem culpa no cartório.

Além disso, as poucas revelações vazadas para a mídia, acerca do inquérito, dão conta sim de uma formação de quadrilha para a execução pusilânime da tal Eliza, com práticas de tortura e assassimato frio e calculado. Ela teria sido atraída para o ato que a levou à morte pelo goleiro e seus comparsas. Os indícios de rastreamento telefônico entre os acusados - 10 ligações no dia da suposta morte entre o suposto assassino, um ex-policial e o braço direito do goleiro, mais as confissões do menor e do primo do goleiro, que revelaram detalhes do trajeto até a suposta morte da modelo, mais o sangue encontrado no carro do goleiro, mais o pagamento do motel em Contagem onde todos ficaram hospedados com o uso do cartão do goleiro, e a entrega da criança a desconhecidos, etc., são indícios evidentes do envolvimento no assassinato por parte de todo o grupo. Não se trata meramente de "manipulação da mídia", que neste caso, aliás, tem levantado muitos pontos para confundir a opinião pública - talvez até pela influência do Flamengo e de outros interesses maiores.

Não se deve julgar a priori a ninguém, sem direito a ampla defesa, mas também não se deve tratar como anjos aqueles que têm atitudes suspeitíssimas, inclusive com precendentes de ameaças contra a vítima e uma gama de indícios. Claro que este caso ganha o peso nacional por se tratar de um jogador famoso que, se de um lado serve para condená-lo, por outro serve também como escudo para protegê-lo, como se observa por parte da mídia e de pessoas influentes, Brutalidades semelhantes acontecem todos os dias, sem grande divulgação, num país que banaliza a vida humana e as pessoas morrem por causa de uma dívida de dois reais a um traficante, ou de uma discussão boba no trânsito, ou por ciúme. São ovalores de uma sociedade comsumista, politicamente empobrecida e que valoriza o ter acima do ser.

Mas, sobre este caso em particular, continuo com a seguinte convicção: quem não tem culpa não se cala, não se recusa a prestar depoimentos e nem se nega a fazer exames de DNA e outros, como acontece com todos os envolvidos.

Quanto ao Flamengo, acho que ele busca resguardar acima de tudo o seu patrimônio financeiro, até mais do que a imagem de uma equipe que tem a maior torcida do Brasil. Uma pena. Mais uma instituição que usa e abusa de seres humanos enquanto estes lhe são úteis, como ocorre com qualquer mercadoria.

celsolungaretti disse...

Não estou discutindo culpabilidade ou não, apenas violação de direitos constitucionais de cidadãos (que não o deixam de o ser nem de tê-los apenas porque a polícia os considera responsáveis por crimes).

Como diz o editorial de hoje da "Folha de S. Paulo", o inquérito policial foi tão imperfeito e inconsequente que abre enormes possibilidades de anulação.

É, aliás, o que já deveria ter acontecido no caso Isabella Nardoni e acabará acontecendo um dia: um juiz corajoso se recusar a agir como linchador a serviço da turba açulada pela imprensa e mandar refazer o inquérito policial da estaca zero.

Pois, enquanto os inquéritos vazarem inteirinhos para a mídia, os acusados não terão julgamentos justos, um princípio fundamental da democracia.

Quanto ao Flamengo, está usurpando o papel dos tribunais. Enquanto o cidadão Bruno não for condenado, ninguém poderá alegar justa causa para o demitir. É mais um disparate, em termos jurídicos.

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