Com a autoridade moral de quem ousou pegar em armas contra o arbítrio, o presidente uruguaio José "Pepe" Mujica defendeu nesta 4ª feira (17/03) a libertação ou colocação em prisão domiciliar dos militares com mais de 70 anos que cumprem penas por crimes cometidos durante o período ditatorial de 1973/85.
Mujica, que foi um dos líderes dos guerrilheiros urbanos Tupamaros, passou 14 anos detido e fez parte do chamado grupo dos reféns: seria morto se os remanescentes da guerrilha retomassem as ações armadas.
Além de grandeza pessoal, Mujica mostra também coerência: a compaixão e o humanitarismo impregnavam os projetos de uma sociedade redimida, acalentados por ele e seus bravos companheiros.
Era o sonho de gerarem um homem novo que lhes dava força para travarem luta desigual contra o que havia de pior na sociedade velha.
Mujica vai enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional, dando permissão à justiça para liberar militares septuagenários presos (há dezenas deles), seja em função de sua idade ou por estarem sofrendo problemas de saúde. Justifica:
E convocou-os a colaborarem na construção de casas populares. "Nossa luta deve ser contra a pobreza", afirmou.
Defendo posição semelhante desde que Tarso Genro e Paulo Vannuchi convocaram uma audiência pública para discutir a punição dos torturadores, em julho de 2008, iniciando um tiroteio político-jurídico que perdura até hoje, sem resultados concretos.
Na ocasião, lancei minha proposta para o acerto das contas do passado, sugerindo que, ao invés de tentarmos encarcerar anciãos, empenhássemo-nos em legar para os pósteros um veredicto correto sobre o período, com a adoção das seguintes medidas:
Mujica, que foi um dos líderes dos guerrilheiros urbanos Tupamaros, passou 14 anos detido e fez parte do chamado grupo dos reféns: seria morto se os remanescentes da guerrilha retomassem as ações armadas.
Além de grandeza pessoal, Mujica mostra também coerência: a compaixão e o humanitarismo impregnavam os projetos de uma sociedade redimida, acalentados por ele e seus bravos companheiros.
Era o sonho de gerarem um homem novo que lhes dava força para travarem luta desigual contra o que havia de pior na sociedade velha.
Mujica vai enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional, dando permissão à justiça para liberar militares septuagenários presos (há dezenas deles), seja em função de sua idade ou por estarem sofrendo problemas de saúde. Justifica:
"Eu não quero presos velhos. Velhos com 75 ou 80 anos. E isso não só para militares, mas para todos os demais presos desta idade".Um dia antes, almoçando com militares, Mujica lhes disse que as novas gerações de soldados não deveriam carregar o peso das atrocidades cometidas por seus antecessores.
E convocou-os a colaborarem na construção de casas populares. "Nossa luta deve ser contra a pobreza", afirmou.
O ACERTO DAS CONTAS DO PASSADO
Defendo posição semelhante desde que Tarso Genro e Paulo Vannuchi convocaram uma audiência pública para discutir a punição dos torturadores, em julho de 2008, iniciando um tiroteio político-jurídico que perdura até hoje, sem resultados concretos.
Na ocasião, lancei minha proposta para o acerto das contas do passado, sugerindo que, ao invés de tentarmos encarcerar anciãos, empenhássemo-nos em legar para os pósteros um veredicto correto sobre o período, com a adoção das seguintes medidas:
- o reconhecimento oficial, por parte do Estado brasileiro, de que houve usurpação do poder em 1964, tendo os governos ilegítimos que se sucederam até 1985 cometido crimes generalizados e de extrema gravidade;
- que, portanto, todos aqueles que ordenaram, autorizaram, cometeram, concorreram para ou foram coniventes com esses crimes, são criminosos aos olhos da História e da Nação brasileira;
- que, não tendo tais criminosos sido punidos no momento apropriado por omissão do Estado, este, reconhecendo sua incúria e priorizando a pacificação nacional, conceda-lhes anistia de suas responsabilidades criminais;
- que os cidadãos brasileiros acusados de “subversão” e “terrorismo” com base em inquéritos contaminados pela prática generalizada da tortura e condenados por tribunais militares que aplicavam leis de exceção, passem a ser considerados, para todos os efeitos, inocentes dos crimes que lhes foram imputados, pois exerciam o legítimo direito de resistência à tirania.
Com isto, passariam a existir fundamentos legais para a punição dos que insistem até hoje em enaltecer uma ditadura brutal (a exemplo das penas aplicadas na Europa a quem nega o Holocausto) e dos que utilizam as falácias dos Inquéritos Policiais-Militares do período para denegrir resistentes vivos e mortos.
Minha exortação final foi bem no espírito do posicionamento ora adotado por Mujica. Talvez os que me ignoraram tenham refletido melhor desde então. Talvez o façam agora. Continuarei insistindo, pois é a contribuição mais importante que tenho a oferecer aos companheiros:
Minha exortação final foi bem no espírito do posicionamento ora adotado por Mujica. Talvez os que me ignoraram tenham refletido melhor desde então. Talvez o façam agora. Continuarei insistindo, pois é a contribuição mais importante que tenho a oferecer aos companheiros:
"Os melhores seres humanos querem esperanças, não vingança; soluções reais, não catarse; humanidade, não beligerância. A esquerda precisa voltar a ter um ideário positivo, encarnando, para o cidadão comum, a promessa de um futuro melhor; e não revolver exaustivamente o sangue e a lama, concorrendo também para o clima negativo que faz a maioria concluir que é inútil lutar pelo bem comum e mais sensato zelar pelos próprios interesses".
Um comentário:
Talvez o melhor caminho seja mesmo o reconhecimento por parte do Estado que entre 1964 e 1985 houve violação dos direitos humanos, o que legitimaria a ideologia dos que lutaram contra a tirania e, assim, poderíamos explicar para nossos filhos e alunos que não se trata de terrorismo contra o Estado, mas a luta por um ideal, o que parace ser tão anacrônico atualmente.
http://www.imprensaelutaarmada.blogspot.com
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