Aos 76 anos de idade, o superlativo cineasta polonês Roman Polanski (Chinatown, Lua de Fel, O Pianista) acaba de ser detido na Suíça por causa de uma acusação de estupro pendente contra ele há mais de 30 anos.
Ao descer no aeroporto de Zurique para receber um prêmio do festival de cinema nela realizado, foi colocado em prisão provisória, à espera de extradição para os EUA.
Em 1977, os pais de uma adolescente de 13 anos acusaram Polanski de ter drogado e estuprado uma jovem modelo.
Polanski admitiu apenas ter mantido "relações sexuais ilegais" e, após 47 dias preso, foi libertado sob fiança.
Quando o juiz manifestou intenção de enviá-lo novamente à prisão, escapuliu para a Europa. Nunca mais pisou o solo estadunidense.
Pelo que valer, minha avaliação é a de que Polanski foi vítima do puritanismo hipócrita e repressivo dos EUA.
Não dá para aceitarmos que uma moça visitasse o quarto de um gorila como Mike Tyson, em plena madrugada, para conhecer sua coleção de borboletas.
Nem que uma modelo de 13 anos fosse deixada inadvertidamente desprotegida no promíscuo ambiente cinematográfico.
Apostaria até meu último centavo em que a piranha excitou Tyson e depois o rejeitou para provocar exatamente a reação que ele teve; que a relação com Polanski foi consentida; e que o objetivo último, em ambos os casos, era depenar ricas celebridades.
Qualquer pessoa informada sabe que há adolescentes de 13 anos capazes de rivalizar com Messalina. E Freud destruiu completamente o mito da inocência das crianças.
Deve, sim, ser vedada e punida a iniciação sexual de menores por parte de adultos, para evitarem-se os excessos e abusos que adviriam de um liberou geral.
Mas, para haver verdadeira justiça neste caso do Polanski, precisaria também ser provado o estupro.
Por que devemos acreditar cegamente nos pais da modelo, que, obviamente, poderiam estar tentando extorquir Polanski?
Quem garante que ela ainda fosse virgem?
Como provar que ela foi realmente drogada?
Só num país tão moralista (no pior sentido do termo) como os EUA alguém pode ser incriminado com base em acusações tão frágeis quanto as que foram assacadas contra Tyson e Polanski.
O pugilista - com o qual, vale dizer, não tenho a mais remota identificação como ser humano - nunca mais foi o mesmo. Entrou no presídio como campeão, saiu como saco de pancadas.
E, para suavizar a pena, acabou sendo obrigado a indenizar a piranha. Esta obteve, afinal, o michê que Tyson deve ter-lhe negado naquela noite. Ela foi buscá-lo nos tribunais.
Polanski corre o risco de morrer na prisão por conta de um episódio extremamente discutível, que exala o cheiro inconfundível de arapuca.
De resto, até no caso de um indivíduo tão abominável como o Brilhante Ustra, meus sentimentos humanitários se rebelam ante a hipótese de enviar-se um ancião para o cárcere por delitos longínquos e quando já não oferece perigo de reincidir nos crimes dos quais o acusam. Ninguém merece expirar numa prisão. Ninguém!
Polanski tem, sim, uma grande e incontestável culpa: a de ter ido na conversa de advogados, admitindo as tais "relações sexuais ilegais".
Ele as considerava ilegais no momento em que as mantinha? Duvido. Então, não deveria ter, oportunisticamente, pagado esse preço para esperar o julgamento em liberdade.
Eu diria que ele está sendo perseguido por algo que não fez, mas pagará pelo que fez: a concessão humilhante à farisaica justiça estadunidense.
Mesmo assim, sou absolutamente contrário a mais este ato de desumanidade.
Ao descer no aeroporto de Zurique para receber um prêmio do festival de cinema nela realizado, foi colocado em prisão provisória, à espera de extradição para os EUA.
Em 1977, os pais de uma adolescente de 13 anos acusaram Polanski de ter drogado e estuprado uma jovem modelo.
Polanski admitiu apenas ter mantido "relações sexuais ilegais" e, após 47 dias preso, foi libertado sob fiança.
Quando o juiz manifestou intenção de enviá-lo novamente à prisão, escapuliu para a Europa. Nunca mais pisou o solo estadunidense.
Pelo que valer, minha avaliação é a de que Polanski foi vítima do puritanismo hipócrita e repressivo dos EUA.
Não dá para aceitarmos que uma moça visitasse o quarto de um gorila como Mike Tyson, em plena madrugada, para conhecer sua coleção de borboletas.
Nem que uma modelo de 13 anos fosse deixada inadvertidamente desprotegida no promíscuo ambiente cinematográfico.
Apostaria até meu último centavo em que a piranha excitou Tyson e depois o rejeitou para provocar exatamente a reação que ele teve; que a relação com Polanski foi consentida; e que o objetivo último, em ambos os casos, era depenar ricas celebridades.
Qualquer pessoa informada sabe que há adolescentes de 13 anos capazes de rivalizar com Messalina. E Freud destruiu completamente o mito da inocência das crianças.
Deve, sim, ser vedada e punida a iniciação sexual de menores por parte de adultos, para evitarem-se os excessos e abusos que adviriam de um liberou geral.
Mas, para haver verdadeira justiça neste caso do Polanski, precisaria também ser provado o estupro.
Por que devemos acreditar cegamente nos pais da modelo, que, obviamente, poderiam estar tentando extorquir Polanski?
Quem garante que ela ainda fosse virgem?
Como provar que ela foi realmente drogada?
Só num país tão moralista (no pior sentido do termo) como os EUA alguém pode ser incriminado com base em acusações tão frágeis quanto as que foram assacadas contra Tyson e Polanski.
O pugilista - com o qual, vale dizer, não tenho a mais remota identificação como ser humano - nunca mais foi o mesmo. Entrou no presídio como campeão, saiu como saco de pancadas.
E, para suavizar a pena, acabou sendo obrigado a indenizar a piranha. Esta obteve, afinal, o michê que Tyson deve ter-lhe negado naquela noite. Ela foi buscá-lo nos tribunais.
Polanski corre o risco de morrer na prisão por conta de um episódio extremamente discutível, que exala o cheiro inconfundível de arapuca.
De resto, até no caso de um indivíduo tão abominável como o Brilhante Ustra, meus sentimentos humanitários se rebelam ante a hipótese de enviar-se um ancião para o cárcere por delitos longínquos e quando já não oferece perigo de reincidir nos crimes dos quais o acusam. Ninguém merece expirar numa prisão. Ninguém!
Polanski tem, sim, uma grande e incontestável culpa: a de ter ido na conversa de advogados, admitindo as tais "relações sexuais ilegais".
Ele as considerava ilegais no momento em que as mantinha? Duvido. Então, não deveria ter, oportunisticamente, pagado esse preço para esperar o julgamento em liberdade.
Eu diria que ele está sendo perseguido por algo que não fez, mas pagará pelo que fez: a concessão humilhante à farisaica justiça estadunidense.
Mesmo assim, sou absolutamente contrário a mais este ato de desumanidade.
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