sexta-feira, 15 de maio de 2009

POLÍCIA COLOCA EM POLVOROSA EX-ESCOLA DE SERRA

CHARGE DE CLEUBER (clique para ampliar)
http://www.tracodeguerrilha.blogspot.com/

A memória do governador paulista José Serra parece já estar sendo afetada pela... ida de S. Exa., com malas e bagagens, para o campo da direita.

Pois, como muitos enfatizamos quando o presidente Lula proferiu aquela frase das mais infelizes sobre sexagenários que continuam revolucionários, idade não implica, necessariamente, o abandono de ideais.

Comentando o tumulto ocorrido na escola em que estudou entre 1955 e 1959, a Antônio Firmino de Proença (no bairro paulistano da Mooca), Serra disse: "No meu tempo não tinha isso. Não me lembro de ter acontecido".

Ora, eu estudei a partir de 1962 no então Ginásio Estadual MMDC, também na Mooca, e logo no ano do meu ingresso houve um protesto dos alunos contra a tentativa da diretora de impor a obrigatoriedade do uniforme escolar.

É que o curso era noturno e quem já trabalhava teria dificuldade para efetuar a troca de roupa.

O protesto então ocorrido também pode ser caracterizado como tumulto: as três pistas descendentes da av. Paes de Barros foram interrompidas e os alunos gritavam palavras-de-ordem bem ofensivas contra a diretora, na linha de que a profissão dela seria mais antiga ainda que a de educadora...

A diferença não foi, portanto, a inexistência de tumulto, mas sim o comportamento civilizado da polícia, que soube agir como quem está lidando com estudantes e não com marginais.

Já a polícia do governador Serra conseguiu transformar em batalha campal o que começou como um incidente banal: dois alunos entraram na escola pulando o muro, por estarem proibidos de frequentá-la em outros períodos, devido a seu "mau comportamento".

O diretor, absurdamente, chamou a polícia. Se não é capaz de resolver sozinho uma situação dessas, tem mais é de ser removido imediatamente do cargo.

Autorizar a entrada da polícia numa escola tem de ser sempre a última opção, esgotadas todas as outras (ou quando a ameaça é realmente grave, como a presença de traficantes, de pessoas armadas, etc.).

A corajosa polícia de Serra, ao ser informada de que os alunos estavam escondidos no banheiro, preferiu não correr riscos: atirou gás de pimenta para obrigá-los a sair.

Se estudantes menores de idade (um tem 14 anos e o outro, 16) são tratados desta maneira, dá para imaginarmos o quanto os direitos constitucionais dos verdadeiros contraventores devem estar sendo pisoteados.

Exibição tão gratuita de violência -- ambos foram, além disto, agredidos, segundo dizem os colegas e eu acredito -- revoltou os demais alunos, provocando revolta e depredações.

Eis o saldo da desastrada operação policial: dois adolescentes na delegacia, 47 vidraças, 25 cadeiras, 27 mesas, quatro lixeiras e um banco quebrados

Inquirido sobre seus sentimentos em relação a um episódio tão deprimente ter ocorrido em sua antiga escola, Serra declarou: "Ficaria [igualmente] chateado se fosse em qualquer [outra] escola".

Concordo. Exatamente por isto, Serra tem de punir de forma exemplar os policiais poltrões, incompetentes e truculentos que agiram numa escola como se estivessem invadindo o QG do Fernandinho Beira Mar.

E colocar o diretor do Firmino de Proença numa função mais adequada a suas aptidões, como, p. ex., a de burocrata que passa o dia carimbando papelada e não precisa administrar pessoas em situações de crise.

7 comentários:

Anônimo disse...

Tem uma frase aí que deixa interpretação que em favela carioca pode-se agir com truculência e desrespeito humano.

celsolungaretti disse...

Concordo, foi um lapso. O artigo já está alterado.

Anônimo disse...

Eu estava lá, e vi quando os 2 alunos saíram do bainheiro chorando e pelo que eu ouvi eles também apanham dos policiais, e vi que o diretor sabia que eles estavam apanhando no banheiro, e ficou na porta para que ninguem entrasse.

Anônimo disse...

Quanto ao Serra melhor não falar nada, suas ações falam tudo! Agora quanto a polícia do Serra e do Brasil deve ser colocada para fazer uma atividade mais adequada ao seu perfil, tipo físico e intelecto: como gostam de usar a força desnecessariamente poderiam ir trabalhar no campo usando, um arrasto semelhante a que bois e mulas usam para arar a terra, teríamos menos fome no Brasil e no Mundo e mais segurança! Quanto ao "Professor Diretor" Firmino de Proença, coloquem ele para ensinar Ballet Clássico!

Humberto Carvalho Jr. disse...

Celso,

A truculência da PM foi muito bem relacionada com o perído militar a o proposital esquecimento do governador de São Paulo.

Aqui na Bahia, mesmo com um governo petista, o que é pior, ainda assistimos à cenas deploráveis das ações da PM, sobretudo contra os movimentos sociais. O governo Wagner não pretende, parece-me, acabar com esse ranço carlista dentro da polícia.

Parabéns!

Anônimo disse...

Acheii isso rudículo.O Dieretor quis apenas ajudar,pois os gartos não poderiam estar ali!Ele quis privar a gente de outros acontecimentos e é assim que o povo resp. Quebrando as coisas da escola!

Prof Arq Luiz Branco disse...

...como estudante de tão tradicional escola, onde em plena ditadura, a então diretora tinha muito mais capacidade de administrar conflitos simples como esse, sem pedir ajuda à truculência estabelecida...é triste assistir a derrocada da educação no país...tudo o que sei de matemática, português, inglês, (pasmem - francês) física, desenho geométrico, geografia, devo à base sólida dada por professores nessa escola, que já foi muito digna, e com uma direção à altura do quadro docente que sempre foi excelente...obrigado prof. d.Ondina , nossa mestra matemática através da sua figura, homenageio todos os outros messtres e diretores que só enobreceram a educação no país, pena que os alunos atuais não poderão um dia dizer o que estou dizendo sobre meus honrados mestres e diretores... ...Engenheiro-Arquiteto Luiz Branco

Related Posts with Thumbnails