DE BOLSONARO, ALCKMIN E DO PT
A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) deve aparecer 80 vezes por semana na programação de cada emissora de TV a partir do fim de agosto. O PT exibirá 27 inserções, e Jair Bolsonaro (PSL) terá direito a apenas três filmetes a cada sete dias.
A corrida presidencial colocará à prova o peso da propaganda na televisão. Alckmin vai decolar nas pesquisas com seu latifúndio na TV? Limitado à internet, Bolsonaro conseguirá sustentar e ampliar seu eleitorado? O candidato de Lula se tornará conhecido até o dia da votação?
A caçada por alianças partidárias que se desdobrou nos últimos dias se justifica. Cada vez mais brasileiros se informam a partir de novos meios de comunicação, mas a TV preserva um papel relevante na política.
“Nas pesquisas sobre as fontes de informação dos brasileiros, a TV continua aparecendo em primeiro lugar”, diz Márcia Cavallari, CEO do Ibope.
“Nas pesquisas sobre as fontes de informação dos brasileiros, a TV continua aparecendo em primeiro lugar”, diz Márcia Cavallari, CEO do Ibope.
“Além disso, na hora da decisão do voto, a televisão e a internet têm o mesmo peso. Cada uma é citada por um terço dos eleitores.”
Ainda que exista um país cada vez mais ligado às redes sociais, cerca de 25% dos brasileiros não costumam acessar a internet. Isso significa que 36 milhões de eleitores podem escolher seus candidatos até outubro sem consultar o Facebook.
“Aqueles que têm afinidade maior com a internet já foram atingidos pela campanha. O Bolsonaro já pescou muitos peixes nesse aquário. Não acho que consiga ganhar muito mais por esse canal”, afirma Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.
Eleições passadas mostraram que tempo de TV não se traduz necessariamente em vitória. A mensagem é mais importante. “Se Alckmin tiver 80 inserções e não se comunicar em cima dos temas que mudam o voto, o eleitor perde o interesse”, argumenta o estatístico Paulo Guimarães.
A TV será crucial para a transferência de votos de Lula para o nome ungido pelo petista. Ao longo de um mês, o partido espera converter 45 milhões de potenciais lulistas —boa parte dos quais tem renda baixa e acesso limitado à internet. (por Bruno Boghossian)
Comentários do editor: o artigo traz boas informações, mas omite um aspecto importante, porque daria ao texto características opinativas indesejadas neste contexto. Como não tenho as mesmas limitações, posso completar o serviço.
Por mais que a internet dê à propaganda do Bolsonaro a chance de impô-lo unilateralmente aos eleitores, martelando simplismos e insuflando fanatismo, há os debates, nos quais ele estará em nítida desvantagem: é intelectualmente inferior a vários outros candidatos e não tem uma reação boa quando provocado, o que certamente os adversários farão o tempo todo (por ser o mais vulnerável, tanto aos que quererão roubar-lhe votos quanto aos interessados em terem uma performance marcante na TV).
"Não tem reação boa quando provocado" |
Provocado, se não responder contundentemente decepcionará os seus eleitores primários e rancorosos, que querem mesmo é vê-lo no papel de ogro; se deixar-se levar por seu temperamento irascível, cuspindo fogo e assustando as criancinhas, fornecerá farta munição para os adversários explorarem na propaganda eleitoral.
Reitero minha previsão: o balão do Bolsonaro vai desinflar daqui para a frente e ele nem sequer chegará ao 2º turno. (por Celso Lungaretti)
5 comentários:
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Levo sua opinião a sério. Você é experiente e tarimbado, conhece os meandros da política.
Sua contribuição neste texto e em outro (o do facebook), mostra que você está convicto de que o troglodita não passará. Fico menos apreensivo.
Estava intranquilo, pois esperava que o Tirano fosse o Bolsonaro, um tosco, mas parece que será o Alckimin.
Ele é tão cruel quanto, todavia, pelo menos, tem algo de demagogo: a preocupação em manter alguma aparência de civilidade.
Pelo sobrenome, parece ser da turma do Temer, Maluf, Abi Ackel, et caterva, ou seja: o pessoal que já vendia lenços quando todos choravam com as maldades de Faraó.
Preferem sempre um mau acordo do que uma boa causa.
Com essa turma tem como levar o barco. Eles cobram pedágios, mas deixam a gente passar.
Se nos livrarmos de Bolsonaro, e sua turma, já será um sinal de avanço para nosso país.
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A queda do capitalismo.
Os bolhistas tem asseverado que está se formando a "bolha das bolhas" no mercado americano.
Como eles acertaram todas, parece que são favas contadas.
Companheiro,
como vc acompanha o blog, sabe que eu e o Dalton consideramos encerrada a etapa histórica em que conquistarmos posições no Executivo e no Legislativo tinha alguma serventia para os explorados, em termos positivos.
Mas, não podemos ignorar os malefícios que alguém como o Bolsonaro ainda poderia causar, como presidente.
Só um exemplo: aqueles meninos cariocas de junho de 2013 estão sendo condenados a penas aberrantes porque tínhamos uma presidente que se omitiu vergonhosamente naquele momento histórico, traindo seu passado e as convicções de muitos que a elegemos.
Não vejo o Bolsonaro como um novo Hitler. É um sujeito que quis se dar bem impulsionado por uma legião de fanáticos imbecis. Mas, alguma satisfação teria de dar, no poder, a tais imbecis.
E é aí que mora o perigo. As péssimas decisões de campanha que anda tomando seriam péssimas decisões de governo. Pode ter a cabeça feita por uma eminência parda que saiba o que quer e como fazer. O Brasil é um país muito tendente ao autoritarismo.
Então, se o ovo da serpente não fosse esmagado agora, poderíamos ter sérios dissabores no futuro. Mas, parece-me que o Bolsonaro já virou o fio.
Quanto à mega-bolha, vou passar a bola para o Dalton.
Um abração!
SF,
fiquei com a impressão de que vc estivesse a par de alguma evolução do quadro. Como não acompanho o noticiário econômico com tanta meticulosidade quanto o faço com o político, pensei que já estivessem pipocando indícios da proximidade do desfecho.
O Dalton, contudo, respondeu que a coisa avança, mas sem que se vislumbre neste instante alguma mudança de ritmo que indique a aproximação do Dia D. Eis o que ele me respondeu:
"Os Estados Unidos vivem há muito tempo uma realidade artificial graças ao poderio do dólar, moeda internacional, e da credibilidade que seus títulos da dívida pública. Mas esse artificialismo tem prazo de validade, e quando a verdade vier à tona, começando pelo crack do sistema financeiro, o mundo capitalista sofrerá uma depressão perigosíssima para a vida humana no Planeta, pois será bem maior do que a depressão de 1929/1930.
Essa será a bolha das bolhas, que está prestes a espocar em termos históricos, mas que pode levar ainda algum tempo.
A partir desse momento, o ordenamento mundial deverá ser modificado, e a riqueza material (a verdadeira) deverá prevalecer sobre a riqueza abstrata (dinheiro e mercadorias).
Entendo que a realidade social empurrará a humanidade para uma reflexão sobre a teoria de uma vida sem o cassino mercantilista".
Abs.
E se Bolsonazi optar por se ausentar dos debates, o que acha que poderá acontecer? Pergunto isso porque aqui no Amazonas tá sendo comum candidatos múmias, cujo o povão tá de saco cheio, simplesmente não irem aos debates e acabam ganhando mesmo assim (não me pergunte como, eu mesmo não consigo entender esse absurdo).
O azar do Bolsonaro é que ele não terá tempo no horário do TSE para se defender e os adversários poderão deitar e rolar ("não tem argumentos", "fujão", etc.).
Mas, se for, muitos dos coadjuvantes farão provocações para que ele perca as estribeiras (para um Alckmin não pegaria bem fazer isso pessoalmente, mas os franco atiradores, por que não?).
Na minha opinião, o fãzoca do Brilhante Ustra já é carta fora do baralho.
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