domingo, 11 de fevereiro de 2018

E POR FALAR EM NARA LEÃO...

Se a Nara Leão fosse viva, teria completado 76 anos no último dia 19. Mas, muitos dos seus contemporâneos ainda lembram dela com a fascinação do Dalton Dourado, que (vide aqui) chegou a imaginar toda uma série de decorrências da decisão que não ousou tomar, de puxar conversa com ela quando a encontrou por acaso no carnaval de Olinda.

Morreu com apenas 47 anos, após passar os últimos 10 padecendo de um tumor no cérebro que demorou a ser diagnosticado. O destino foi cruel demais com ela.
Trata-se de uma lembrança agradável da grande música brasileira dos anos 60 e 70 –depois a MPB foi sumindo, sumindo, sumindo, sumiu...

Com sua voz fraquinha, jamais faria sucesso antes de o João Gilberto ensinar-nos a cantar desafinado. Teve até de deixar o show Opinião, abrindo vaga para a Maria Bethânia, por estar afônica.

Compensava com aquele seu charme característico da Zona Sul carioca, interpretação correta, muito bom gosto na escolha de repertório e... os famosos joelhos, que faziam um colega do ginásio brigar por uma poltrona na primeira fila do Teatro Record.

Há duas músicas de que sempre me recordo na voz de Nara Leão:
  • a amarga Ladainha, do Gil e Capinam, talvez porque eu também cultivasse a imagem poética da chuva como uma espécie de libertação ("Só sinto frio na alma/ Estou vazio de sentimento/ Não sinto água no corpo/ Nem amor, nem ferimento/ Chove chuva e aguaceiro/ Chove chuva e aguaceiro"); e
  • Mamãe Coragem, do Caetano e Torquato, por nos tocar pessoalmente –a mim e a meus jovens companheiros secundaristas que, ao seguirmos para o perigoso destino que tínhamos plantado para nós, éramos obrigados a deixar mães chorosas para trás. Partíamos com um beijo preso na garganta, um jeito de quem não se espanta e o forte pressentimento de que nunca mais iríamos voltar por ali.

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