Como definiu com muita propriedade seu advogado Antônio Fernando Moreira, Norambuena está hoje num “limbo jurídico” que impede sua repatriação, além de sonegar-lhe vários direitos inerentes à sua condição de prisioneiro no Brasil:
"Estrangeiro, preso desde dezembro de 2001, teve sua extradição autorizada para o seu país de origem em 2004. Extradição que nunca pôde ser efetivada, pois o Chile não comutou as penas de prisão perpétua [reduzindo-as ao máximo admitido pelas leis brasileiras, 30 anos].
No Brasil foi condenado à pena de 30 anos pelos crimes de extorsão mediante sequestro, tortura e quadrilha.
Em 2007 foi determinada sua expulsão do País. Contudo, a efetivação da medida foi condicionada ao cumprimento da pena a que estiver sujeito no País ou à liberação pelo Poder Judiciário...
Não pode receber refúgio no Brasil, pois a Lei 9.474 diz que ‘não se beneficiarão da condição de refugiado os indivíduos que (inciso III) tenham cometido crime hediondo’.
O tratado de transferência de presos entre Brasil e Chile também não pode ser cumprido, por falta de compromisso do Chile em comutar a pena de prisão perpétua.
Por último, foi negada sua progressão de regime (...) sob o argumento que é estrangeiro expulso.
Em suma: é extraditado, mas não pode ir para o país requerente (sua pátria); é expulso mas não pode sair do País; não pode sair do País, mas também não pode progredir de regime (...) pois não poderia trabalhar/residir no País."
Inclusive, o meritíssimo encontrou argumentos para tentar justificar (a min não convenceu de jeito nenhum!) a prática de atirar Norambuena de um lado para outro como peteca, dificultando a assistência jurídica e o apoio familiar. A última dessas bizarras transferências (que me trouxe imediatamente à lembrança as práticas da nossa ditadura militar) deu-se há exato um mês, com Norambuena sendo despachado para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Conseguirão encontrar prisão ainda mais longínqua ainda da próxima vez?
Norambuena é um forte. Submetidos a idênticos rigores, muitos já teriam morrido ou enlouquecido.
Para mais informações sobre a batalha jurídica e sobre as maneiras de contribuir para o fim do que me parece ser uma retaliação velada -e por isto mesmo, mais odiosa ainda- contra Norambuena, acessem o site da campanha internacional de solidariedade, clicando aqui.
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