quarta-feira, 13 de julho de 2011

HOJE É DIA DE ROCK

Assim como o Messi, eu também precisava do carinho do meu povo ao sair das prisões militares, quase destruído aos 20 anos de idade.

E o que encontrei, no Brasil do  milagre, foi uma comunidade alternativa, para a qual me convidou um antigo companheiro de movimento estudantil.

Foi onde me reencontrei com a vida e com as alegrias singelas da juventude, depois de tão prematuro convívio com a morte.

E descobri o rock, que todos os descontentes curtiam porque era a antítese da  ordem unida  instaurada pelos golpistas de 1964.

No início, de tão traumatizado, só consegui me identificar com o rock macabro de Alice Cooper, Black Sabbath, Uriah Heep. Eu me sentia como se estivesse nas catacumbas, ao lado dos primeiros cristãos.

Recuerdo da minha fase roqueira:
revista que criei no início dos '80
Com o tempo, fui superando os traumas e também sofisticando meu gosto e aprendendo mais sobre o ritmo cuja carga de revolta visceral tanto me atraíra.

E fiquei conhecendo sua história, desde as plantações de algodão em que negros tinham  o blues como praticamente única válvula de escape, passando pela nova forma de escravidão que foram as indústrias automobilísticas, até chegar na explosão do rhyth'm blues e no amálgama com o  country and western.

O blues teve um filho e o batizaram de rock'n roll, cantou o grande Muddy Waters. Perfeito.

Quando me tornei crítico de música, no final da década de 1970, o rock do  underground  praticamente definhava, substituído pela espetacularização e a artificialidade pop. A indústria cultural retomava o controle sobre sua criatura que, como o monstro de Frankenstein, por uns tempos escapara de suas garras calculistas.

Até hoje curto esse rock do mito, do grito, da revolta e do improviso, que existiu/resistiu brevemente e logo foi reassimilado pelo sistema.

E que foi expresso maravilhosamente por Neil Young em My, my, hey, hey, cujos versos faço questão de reproduzir neste Dia Mundial do Rock, pois expressam a melhor postura do melhor rock que o mundo conheceu:

"My my, hey hey
Hey hey, my my
O rock'n roll nunca morrerá
Há mais no quadro
do que os olhos podem ver
Hey hey, my my

Saindo do azul, entrando nas trevas
Eles te dão isso, mas você paga por aquilo
E uma vez que tenha ido, você não pode voltar,
quando está saindo do azul e entrando nas trevas

O rei se foi, mas não será esquecido
Esta é a história de Johnny Rotten
É melhor consumir-se em chamas 
do que definhar aos poucos
O rei se foi, mas não será esquecido

My my, hey hey
O rock'n roll está aqui pra ficar
Hey hey, my my
O rock'n roll nunca morrerá"

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