segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CASOY ME MOVE AÇÃO CRIMINAL POR ARTIGO SOBRE O EPISÓDIO DOS GARIS

Desde o último dia 17, estou sendo processado por Boris Casoy no Juizado Especial Criminal da Barra Funda (SP), por calúnia ou injúria, em razão do meu artigo de resposta aos gracejos  com que ele depreciou os garis. Quem me defende é o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, sempre coerente com suas gloriosas tradições.

Mais do que calar um articulista virtual e blogueiro, Casoy ameaça restringir a própria liberdade de opinião na internet, já que uma sentença a ele favorável abriria precedente para uma enxurrada de questionamentos judiciais a quem ousasse criticar figuras públicas.

Carecendo a ação de substância, eu tinha a esperança de que ele desistisse na audiência de conciliação; ou que juiz e promotor lhe fizessem ver quão descabida era sua pretensão.

Como nada disso ocorreu, serei obrigado a enfrentar mais um desafio, algo patético, pois estamos ambos na idade em que guerreiros costumam repousar.

Enfim, mesmo com os anos começando a me pesar, ainda não me resignei a travar minhas lutas através de terceiros, nos tribunais. Estes são e sempre serão palcos secundários para mim.

Como militante humanitário e como jornalista, é ao julgamento da cidadania que me submeto, em primeiro lugar;  e nunca tomo a iniciativa de procurar outros.

OS DOIS EXTREMOS DA ESCALA DO TRABALHO

Tudo começou quando, no dia 04/01/2010, assumi a defesa dos garis que, "do alto de suas vassouras", haviam ousado enviar suas saudações de Ano Novo aos brasileiros, esquecidos de que seus votos partiam de quem estava no "ponto mais baixo da escala de trabalho" e sempre haveria alguém situado no topo dessa escala para devolvê-los à sua insignificância. Lancei este artigo.

Não foi a primeira, nem será a última vez em que me coloco ao lado dos fracos, quando espezinhados pelos poderosos; faço isto sistematicamente desde que, aos 16 anos, dei meus primeiros passos no movimento estudantil, indignado com o arbítrio ditatorial. A solidariedade para com os humildes e os excluídos inspirou minhas atitudes ao longo de toda a existência adulta.

Ocorre que esse meu texto inicial motivou um site a desencavar, fotografar e espalhar por toda a web uma reportagem da revista O Cruzeiro, de novembro/1968, na qual Casoy era citado; e um respeitado articulista da internet postou, como comentário no meu blogue, um relato sobre ocorrências por ele presenciadas no clube A Hebraica.

Como esses dois desdobramentos haviam sido suscitados por meu artigo, resolvi nele incorporá-los, mantendo o título e a redação originais, salvo num trecho: o parágrafo 12 foi substituído por seis outros (do 12º ao 17º). Além disto, acrescentei um intertítulo, no espírito das novas informações trazidas.

E atualizei, logo na abertura, o número de vezes em que os vídeos com as afirmações do Casoy sobre os garis haviam sido vistos no Youtube: o total crescera de cerca de 850 mil hits para 2,5 milhões de hits.

Lancei a 2ª versão, revista e ampliada, na noite do dia seguinte. Em alguns espaços virtuais simplesmente a 1ª versão foi tirada do ar, substituída pela 2ª. Outros, que não tinham dado a 1ª, publicaram só a 2ª.

E houve até um jornal eletrônico do interior paulista que, por já haver publicado o artigo da 1ª vez, deixou de fora os trechos repetidos e aproveitou só o que havia sido alterado, usando o intertítulo como se fosse título.

É POR ESTA VERSÃO INCOMPLETA DO ARTIGO QUE CASOY ME ACIONA, DE PREFERÊNCIA ÀS DEZENAS DE VERSÕES COMPLETAS AINDA ENCONTRADAS NA WEB!

No entanto, em plena audiência ele se queixou de que eu evocara toda sua carreira jornalística de forma negativa, candidamente revelando que conhecia, sim, a versão integral...

SAMBA DO CRIOULO DOIDO

O ridículo chega a ponto de a queixa omitir que a edição do texto que embasa a acusação foi tão confusa a ponto de constarem, no final, vários RECADOS PESSOAIS que eu mandei ao editor do jornal (!!!). Vide aqui.

Em função desse verdadeiro  samba do crioulo doido, Casoy me quer ver preso!

Mais: não aceita que eu haja citado e extraído conclusões do que me relataram duas fontes e do que saiu em reportagem de uma das principais revistas de circulação nacional à época.

E me recriminou por não tê-lo procurado para ouvir o outro lado, como se isto fosse viável em artigos de blogueiros, muitos dos quais (meu caso) não recebem um centavo por sua atividade, nem têm como manter equipes a seu serviço.

Se tivermos de consultar, a cada texto escrito, figuras públicas que quase nunca respondem, nossa atuação será extremamente prejudicada, quiçá inviabilizada.

Afora o fato de que se trata da transposição mecânica para a internet de regras do jornalismo -- o qual, aliás, foi  desregulamentado  pela decisão de 2009 do Supremo Tribunal Federal.

Daí ser muito perigoso o precedente que esse caso tenta abrir: o da obrigação de blogueiros a submeterem-se a regras jornalísticas, num momento em que até mesmo as regras jornalísticas estão confusas.

Direito de resposta, p. ex., ainda está por ser restabelecido. No entanto, ofereci-o a Casoy, pois respeito as boas práticas jornalísticas, independentemente de ameaças judiciais.

Ele exigiu  retratação, como se eu fosse obrigado a lhe dar um atestado de boa conduta sobre o que dele afirmaram/publicaram seus contemporâneos e eu só repeti.

Negativo, é aos historiadores e à opinião pública que ele deve apresentar sua defesa, como eu mesmo fiz, quando injustiçado a um ponto que Casoy jamais será.

E, como parece ser ao símbolo que ele tenta atingir, acionando um dentre milhares que o acusaram (até com grosserias e baixo calão, o que não foi meu caso), é como símbolo que travarei esta batalha: sem acordos, sem recuo de nenhuma espécie e percorrendo todas as instâncias necessárias para que a Justiça prevaleça.

De antemão, agradeço quaisquer apoios solidários. Há sempre riscos para um adversário do sistema quando enfrenta um favorito do sistema, por mais que a verdade e a razão estejam ao seu lado.

Então, é com os cidadãos dotados de espírito de justiça que conto para equilibrar os pratos da balança.

22 comentários:

Giliardland disse...

EStamos com você. Um grande abraço!

Tabita Lopes disse...

O Sindicato dos Jornalistas deve colocar todo seu aparato a serviço de sua defesa, contra esse senhor que desmoraliza a categoria com seus preconceitos e reacionarismo.

Quem deve ir preso é ele! (Os garis também deveriam se organizar em um processo judicial, pois foram agredidos e ofendidos etc.etc.)

Um abraço!

Tabita Lopes
Ciências Sociais - PUC-SP

Alexander José de Freitas disse...

Celso, essa batalha que travará contra os "poderes infernais" não é só sua, é nossa também, são de todos os que amam a liberdade e a justiça, que lutam contra os opressores, contra a tirania e o despotismo! Soldado da liberdade Alexander se apresentando! Conte com minha solidariedade companheiro!

Alexander José de Freitas disse...

A nossa bandeira vai ser: vassoura na mão! A Passeata das Vassouras!

celsolungaretti disse...

Agradeço as mensagens solidárias.

Para evitar complicações jurídicas, não publicarei as que vierem sem identificação de autor.

Mas, minha gratidão é a mesma para com todos.

Um forte abraço!

Naty disse...

Não consegui acreditar quando li o título do post, é muita cara de pau, eu diria...ISSO É UMA VERGONHA...vou te contar hein Celso...tu tens a minha solidariadade com toda a certeza.

O piu da Coruja disse...

Caro amigo Celso,

Tô com você! Preparo neste instante um texto com o link do seu artigo para enviar a todo os meus contatos. De minha parte, não me surpreendi com seu artigo, pois já conhecia o modus operandi do Casoy, como, por exemplo, no caso sujo e ainda hoje inexplicado da greve dos jornalistas de 79. É preciso que todos conheçam o senhor Boris Casoy.

Um abraço do Wagner Ribeiro

wilson cunha junior disse...

O pessoal do #blogprog tem que acompanhar esse caso. Estamos solidários Celso.

Marcelo Rodrigues disse...

Caro Celso,

Assumindo o risco do altíssimo dignatário na escala trabalhista se sentir ofendido, que do alto da sua ousadia presunçosa ofende até ao judiciário com uma ação abusiva e ridícula, revelo peremptoria e irretorquivelmente que não dou a mínima pelota para o que ele diz na mídia (graça ao bom D´us, não conheço o cara, então tenho a felicidade de não saber o que diz fora da mídia, a não ser por um descuido que envolva microfone aberto), enquanto todo dia venho aqui ler com a maior atenção o que você, Celso, escreve.

abraços

GUARACI CELSO PRIMO disse...

Também registrei minha indignação postando sobre esta manifestação de preconceito do "digno" âncora.

http://www.seuguara.com.br/2010/01/isto-e-uma-vergonha.html.
http://www.seuguara.com.br/2010/01/o-troco-gafe-de-boris-casoy.html.

Estou contigo.
Um abraço.

Nanda Tardin ESBLOG disse...

Envio nossa solidariedade e te solicito voltar a escrever no Juntos Somos Fortes.Estamos com vc. NESTA luta também

Abraços

Nanda tardin e Laerte Braga

Marcelo Roque disse...

Celso, já era de se esperar que tal "jornalista" ou, gente ligada a ele, fosse tomar este tipo de ação ... Uma tentativa no mínimo bizonha de tentar desviar o foco da questão principal, já tão debatida aqui, em em tantos outros cantos por esta web afora ...
Se este "jornalista tem do seu lado, o apóio de todo o sistema, que sabemos se tratar de um sistema podre, corrompido; vc têm o apoio de todas a pessoas de bem ... Pessoas que estão do lado da ética e da justiça, e abominam todo e qualquer tipo de ação repressiva !

Estamos juntos, Celso, conte com a gente !

Um grande abraço !

Marcelo roque

Anônimo disse...

É Celso, esta história é de arrepiar,.... pela cara de pau do seu Boris... E quanto a nossa "justiça", vamos fazer uma corrente para impedir que seja feita mais uma injustiça. Vamos denunciar o andamento desta farsa!

Unknown disse...

Minha solidariedade a você, mais uma vez, caro Celso.
Está em risco aqui a liberdade de opinião!
Esperemos que o espírito de justiça prevaleça.
Grande abraço.

boboniboni disse...

Amigo, é preciso levar essa história ao pessoal do #blogprog. Estamos todos com você.

Euler disse...

É realmente um absurdo a tentativa de intimidar e de calar a sua voz, o que sem dúvida atinge a todos. A justiça brasileira, aliás, após o fim formal da ditadura militar, tornou-se o principal ponto de apoio da direita golpista e dos setores mais conservadores da sociedade brasileira.

Eles têm dinheiro para comprar advogados e juízes e controlam os grandes meios de comunicação. A liberdade de expressão é letra morta na lei se não puder ser exercida na plenitude pelos cidadãos. O latifúndio midiático existente no Brasil já nos impedia de manifestar livremente nossas opiniões. A Internet quebrou este monopólio, pelo menos em parte. As elites tudo farão para nos privar deste espaço. As atitudes do jornalista-preconceituoso contra você inserem-se neste contexto, de tentativa de amendrontar a todos os blogueiros. Mas, não conseguirão!

Receba a nossa solidariedade!

Franco Atirador disse...

.
Que tal se todos os garis do Brasil entrassem com uma ação judicial de indenização por danos morais contra esse "âncora" que não tem credibilidade alguma junto à população brasileira.
.
O AZENHA LANÇOU SEU MANIFESTO:

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/lungaretti-o-processo-de-casoy-por-causa-dos-garis.html

Joao disse...

bóris é um atentado a nova ordem mundial o sujeito está na mídia sabe-se bem representa o que há de pior êle e sua bôca de Fóle.
Fôrca companheiro de bom combate Celso.

Anônimo disse...

Aqui trago minha solidariedade. A propósito, de uma olhada no link abaixo e veja o pensamento estreito e policialesco dos blogs chapa-branca!
Abraços
Teócrito Abritta

http://blogln.ning.com/forum/topics/da-serie-uma-imagem-vale-mais-3

Neide Pessoa disse...

Celso,
desculpe o mau jeito do sr.Bóris...ele mata de vergonha nossa classe.
Que os jornalistas brasileiros fizemos,qual pecado estamos pagando?
Deve estar na hora de ele se aposentar!
Estamos divulgando seu blog e a bravata do Casoy,
a justiça tarda,mas...
Em frente!

Pimpolho, o questionador (Giordaninho li) disse...

Absurdo! É a inversão total de valores!

Martim Assueros disse...

Celso:

Este episódio serviu para desmascarar, de vez, Boris Casoy, que ancorado sempre esteve às profundezas do que há de mais atrasado e conservador na imprensa brasileira, do que há de mais nefasto à sociedade brasileira. “Soldado da liberdade” Martim Assueros, também se apresentando, Senhor, aqui do alto da Serra do Teixeira. Um abraço, conte comigo.

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