segunda-feira, 3 de maio de 2010

EUA MENTEM PARA OBTER EXTRADIÇÃO DE POLANSKI

Roman Polanski é um extraordinário cineasta e um homem marcado por tragédias pessoais.

A Justiça estadunidense lhe move desde 1977 uma perseguição que, independentemente dos PRETEXTOS alegados, TEM COMO VERDADEIRO E ÚNICO MOTIVO A BUSCA DE HOLOFOTES por parte de burocratas medíocres, que jamais mereceriam uma mísera linha nos jornais se não pegassem carona na notoriedade de um artista maior.
Qualquer outro caso com as mesmas características, que não envolvesse um gigante como Polanski, estaria hoje esquecido no mais morto dos arquivos mortos.

Então, sabendo quem é Polanski e tendo amiúde travado contato com nulidades semelhantes às que o martirizam na minha carreira jornalística, dou total crédito ao que ele acaba de afirmar, num justificado desabafo:
"Os Estados Unidos continuam pedindo minha extradição mais para servir minha cabeça numa bandeja para a mídia do mundo todo do que para realizar um julgamento acerca do qual já foi feito um acordo há 33 anos".
Segundo ele, o pedido de extradição enviado às autoridades suíças "é baseado em mentira".

Não duvido, pois foi com mentiras que os EUA condenaram a muitos, inclusive Sacco e Vanzetti, cujas inocências acabaria sendo oficialmente reconhecida 50 anos após sua execução.

O advogado de Polanski acaba, por sinal, de apresentar formalmente o pedido de que sejam exigidas da Justiça estadunidense as transcrições de depoimentos de um ex-promotor do caso, as quais, diz ele, "provarão de forma conclusiva que o pedido de extradição feito pelos Estados Unidos ao governo suíço se baseia em declarações falsas e materialmente incompletas".

"SUADOURO" À MODA DOS EUA

Polanski foi acusado de, numa festa de notáveis de Hollywood, haver mantido relações sexuais com uma modelo de 13 anos.

O termo estupro está sendo até hoje utilizado incorretamente pela imprensa brasileira, já que, em nosso País, subentende coação. Os estadunidenses, com seu moralismo de jecas, o aplicam até a sexo consentido, desde que praticado por adulto com menor.

Polanski admitiu ter transado com a modelo, mas afirmou que a relação foi consentida e que ela não era virgem.

Desde meu primeiro artigo, concedi o benefício da dúvida a Polanski, por vários motivos, além da atuação pra lá de suspeita dos funcionários estadunidenses que, ao fazerem essa tempestade em copo d'água, conquistaram minutinhos de fama dos quais jamais desfrutariam por mérito real:
  • pais zelosos não deixariam sua filha participar de uma festinha desse tipo, então o caso pareceu-me uma variante da arapuca que uma vigarista armou para extorquir dinheiro do boxeador Mike Tyson (sendo ridiculamente apoiada pela Justiça dos EUA...);
  • Polanski estava na mira dos segmentos mais conservadores e fanatizados da sociedade estadunidense desde 1968, quando dirigiu O Bebê de Rosemary, então a parcialidade na condução do seu caso é hipótese mais do que provável;
  • a suposta vítima acabou retirando, quando adulta, a queixa que seus país apresentaram contra Polanski; e
  • sempre considerei a prescrição de crimes um componente fundamental da civilização, então avalio como uma desumanidade os dois meses de detenção e a atual prisão domiciliar de Polanski, aos 76 anos de idade, quando sua periculosidade para a sociedade é nenhuma e sua contribuição, das mais relevantes.
O caso está para ser decidido, "sem pressa", pelo ministro da Justiça suíço.

10 comentários:

Anônimo disse...

Sempre achei esse caso do Polansky muito mal contado.
Piorou depois que a "vitima", ja adulta, retirou a queixa.
Parabens pela coragem!

Marcelo Rodrigues disse...

Caro Celso, na nossa legislação, o sexo com menor de 14 anos é considerado estupro, independente de consentimento, isto porque se considera que a criança não está em condições de consentir validamente (se fala em violência presumida), uma vez que, por exemplo, pode ser enganada com facilidade, pode ser induzida por parentes criminosos etc. No caso do Polanski, deveriam (não sei se o fizeram) ter investigado a hipótese dos pais da menina serem partícipes.

celsolungaretti disse...

Quando nossa legislação, a estadunidense ou qualquer outra se choca com o senso comum, como neste caso, eu fico sempre com o espírito de justiça.

Se a menina era uma isca e os pais a estavam usando para arrancar grana dos graúdos de Hollywood, não vejo cabimento nenhum nesse processo.

É coisa de jeca, ou seja, de estadunidense -- um país formado pelos fanáticos religiosos que a Inglaterra expeliu porque queriam impor seu moralismo rançoso aos demais.

Marcelo Rodrigues disse...

Opa! Neste aspecto em particular não posso concordar. Por favor, veja a enormidade do que você escreveu nos comentários. A legislação é para proteger a criança, que justiça haveria em não processar criminalmente os pais que fazem a criança de isca e nem os graúdos que se aproveitam da cupidez daqueles?

Outra coisa bem diferente com a qual posso concordar é criticar o Estado que não fez seu trabalho de forma decente e agora permite a uns funcionários buscarem os holofotes, sem quaisquer considerações sobre a prescrição.

celsolungaretti disse...

Eu escrevi o que acho, sem a pieguice que costuma cercar este assunto.

Se ela já era mulher e desempenhava costumeiramente tal papel, a vítima, para mim, foi o Polanski.

Nana disse...

Dicordo totalmente de você e lamento que tenha a opinião que a vítima foi Polanski.Que decepção!

celsolungaretti disse...

A hipótese de que estamos tratando é a de um "suadouro": um homem seduzido e depois achacado.

Quando isto acontece, pouco importando a idade de quem o atraiu, a vítima é sempre o homem.

Criança, para mim, é impúbere. Não é disto que estamos falando, mas de uma menina que já não era mais virgem e que, provavelmente, os pais utilizavam para depenar figurões.

celsolungaretti disse...

Aproveitando o embalo, vou repetir aqui o que o leitor Ralf Rickii comentou quando escrevi sobre os escândalos do Vaticano. Vale a pena.

"O assunto 'pedofilia' vem sendo abordado de modo extremamente distorcido no Brasil - e em momentos de quase histeria coletiva (provocada) tentar trazer o papo de volta à razão é com freqüência tomado por sinal de culpa ou cumplicidade.

"...de todo modo, não podemos nos cansar de repetir: tecnicamente (OMS) pedofilia é sexo com pessoas de até 13 (treze) anos; adolescentes e crianças são seres tão diferentes quanto, p.ex., adolescentes e velhos; o assunto 'pedofilia' é um, o assunto 'sexo com adolescentes' é outro; mesmo que haja abusos criminosos neste segundo campo (como há também contra adultos), estes NÃO configuram pedofilia e não podem ser abordados com os mesmos critérios dos abusos de fato o são".

Perfeito. E o que temos aqui é uma lolita que parece ter servido de isca para Polanski, tanto que tudo se resolveu na época, satisfatoriamente para ambas as partes, com um acerto financeiro. O suadouro resultou.

Aí, um juiz midiático resolveu mexer de novo no que já estava decidido e o Polanski, sentindo-se ameaçado, fugiu dos EUA.

A protagonista do caso já cansou de dizer que para ela é assunto encerrado.

Aporrinhar um homem, 33 anos depois, por um episódio tão cheio de furos, é Kafka puro.

Repito: se Polanski não fosse quem é, tudo estaria esquecido.

Miriam disse...

Celso, às vezes você me parece tão sem noção. Que papo é esse de suadouro? na próxima encadernação você tem que nascer mulher, aí vamos ver o "suadouro". Uma menina de 13 anos não tem personalidade formada, essa é a obviedade. Pode não se aplicar à história do Polanski, pode ter havido um encantamento dela por ele, tanto que ela retirou a queixa quando adulta, mas os marmanjões não podem sair por aí alegando suadouro diante de garotas de 13 anos.

celsolungaretti disse...

Não estou dizendo que ela armou o "suadouro", mas sim que os pais a utilizavam como isca para depois poderem arrancar grana dos figurões, como fizeram com o Polanski.

O golpe resultou, da mesma forma que o aplicado no Mike Tyson. Nas duas vezes, a ridícula Justiça dos EUA ajudou os espertalhões.

Quanto ao "suadouro" original, era aplicado pelos gigolôs brasileiros nos clientes respeitáveis de suas prostitutas. Os coitados pagavam para evitar escândalo.

Lá, pagam para evitar processos.

Nada se cria, tudo se copia.

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