Estive na ocupação estudantil da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - nesta segunda-feira, 26/08, e pude testemunhar o renascimento do movimento estudantil brasileiro pós-pandemia. Certamente, é a principal mobilização dos estudantes de nosso país nos últimos anos e signo de movimentações maiores que virão no futuro.
A ocupação, que visa fazer cumprir a greve estudantil decretada desde o começo de agosto, ocorre após a reitoria da universidade baixar uma norma cancelando uma série de benefícios pagos aos estudantes carentes. A chamada AEDA da Fome compromete diretamente a permanência e a sobrevivência de milhares de alunos que precisam dos recursos para pagar alimentação, transporte e aluguel e que se viram, da noite para o dia, sem os benefícios.
Como soa acontecer, a Reitoria, supostamente de esquerda, impôs a chamada AEDA (Ato Executivo de Decisão Administrativa, um tipo de decreto-lei dos reitores daquela instituição) sem qualquer diálogo com a comunidade acadêmica e sem consultar qualquer órgão deliberativo. Diante do protesto dos estudantes, agiu com truculência, enviando seguranças privados para reprimir os alunos que ocupavam a sede da reitoria. O efeito, já comprovado à exaustão pela história, foi o alastramento da mobilização estudantil, com o decreto da greve e a ocupação generalizada do prédio da UERJ.
A adesão à greve estudantil é imensa e enquanto estive em visita, mais uma faculdade havia aderido, dessa vez a de Enfermagem. Certamente, a partir de agora será um cabo de guerra com a reitoria aplicando a tática do cansaço e cozinhando os estudantes até esses se desgastarem e aceitarem algum acordo rebaixado, com a ajuda dos agrupamentos estudantis ligados ao PSOL e ao lulismo, que não possuem interesse em ampliar a mobilização dos estudantes.
Porém, longe de ser um ponto isolado, a atual mobilização dos estudantes da UERJ tende a ser um ponto de inflexão de outras mobilizações futuras diante da situação de agravamento da crise capitalista e da falta de respostas do lulopetismo em acelerada decadência. Estamos vendo apenas o começo de imensas batalhas futuras. (por David Coelho)
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