No último estágio da recuperação, o paciente
volta a pensar com a própria cabeça
Os pobres enfermos pareciam incuráveis... |
"Meu tio estava cego e agora consegue enxergar que muita gente morreu de maneira criminosa durante a pandemia!", celebrou o jovem sorocabano José de Aguiar.
"Minha avó saiu de um estado febril que durava quatro anos e finalmente admitiu que rachadinha é corrupção", celebrou o comerciante Túlio Pessegueira.
Há relatos de cidadãos de bem que, agora recuperados, passaram a condenar o hábito de sacar uma arma no meio da rua. "Caramba! Agora eu vejo que a Carla Zambelli foi imprudente! É um milagre!", celebrou o cirurgião Augusto de Alhures e Bragança, com os olhos marejados.
Segundo o médico Epistêmico Alambrado, o bolsonarismo é uma condição anormal que afeta negativamente todo estado de espírito da pessoa contagiada:
"A doença faz com que o fígado cresça de maneira desordenada. Tudo vira bile. Em alguns casos, o fígado substitui o sistema nervoso central. Os principais sintomas são miopia, cansaço, ressentimento, dor de cabeça e uma febre alta que pode causar delírios e ataques histéricos".
...mas a ciência acabou devolvendo-lhes o uso da razão. |
Psicólogas, como Adalgisa Ferradura, ressaltam que os danos podem ser profundos. "Pessoas acometidas de bolsonarismo são incapazes de dançar, chorar de rir, ver sentido num gesto de ternura ou de encontrar empatia na Bíblia", diz.
Alguns surtos de bolsonarismo, no entanto, foram detectados nos últimos dias. "Diagnosticamos o bloqueio das vias rodoviárias, mas o tratamento com nebulização de gás de pimenta se mostrou efetivo", explicou o doutor Alambrado.
"Também flagramos a expansão da doença em tempo real quando vimos a fake news da prisão de Alexandre de Moraes se espalhar como um vírus por um pequeno grupo. Para isso, o tratamento é mais demorado, mas estamos otimistas", completou.
A cura do bolsonarismo, segundo especialistas, se dá por um choque de realidade:
"Trata-se de um impacto profundo que faz o fígado voltar ao tamanho normal. E a pessoa começa a ver que político não é mito, não é Messias, não é Deus.
Começa a enxergar as mentiras de Bolsonaro e as de Lula. E passa a cobrar, fiscalizar, exercer sua cidadania e a encontrar o seu lugar na esquerda ou na direita democrática.
Num último estágio de recuperação, o paciente volta a pensar com a própria cabeça".
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