segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O "SALVE-SE QUEM PUDER" HÁ DE VIRAR "SALVEMO-NOS A NÓS TODOS" – 1

dalton rosado
A HAITIZAÇÃO DO MUNDO  (SALVE-SE QUEM PUDER!)
O Haiti é aqui. Pipoca aqui, pipoca ali, pipoca em todo lugar. Afirmam-no as belas canções do Caetano Veloso.

Com uma população de 11,4 milhões de habitantes, o Haiti tem, hoje, quase metade da sua população enfrentando fome aguda (segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e está dominado pela corrupção governamental e pela ação de milícias e gangues que dominam as regiões mais populosas e atrasadas do país.

A pobreza deste país de população predominantemente da etnia africana (cerca de 95%), reflete bem o que representa pertencer à periferia do capitalismo e ser negro neste mundo.

O capital é economicamente segregacionista; politicamente manipulador; socialmente criminoso; etnicamente racista; sexualmente misógino e militarmente genocida!

Não são apenas a seca, os terremotos e ciclones que têm atingido ciclicamente o país, os fatores responsáveis pela tragédia humanitária haitiana; e nem mesmo qualquer preconceito racial indevidamente atribuído ao seu povo.

Trata-se, isto sim, da resultante de um processo de relação social mundial (antes colonialista francês, hoje dominado pelo capital mercantilista) no qual a proporção é sempre de um imenso contingente de pobres para uma meia dúzia de ricos. Isto, bem o disse o economista burguês Adam Smith.
Haiti? Não. Aqui em São Paulo.

Não são os haitianos os responsáveis por sua miséria social. A lógica de subtração capitalista das riquezas mundialmente produzidas é que dá forma à cisão social de países para países; de regiões para regiões no interior dos países; e de bairros ricos para bairros pobres nas cidades.

Os pobres do mundo não são vítimas de uma pretensa incapacidade intelectual ou postura acomodada e preguiçosa, mas sim a lógica e perversa consequência de um regime de escravidão indireta patrocinado pela forma-valor, abstração intelectual humana escravizadora que se apropria da vida real para submeter os escravizados do trabalho abstrato à sua essência autocrática, autotélica, socialmente destrutiva e agora, mais do que nunca, autodestrutiva.

Mas o Brasil das imensas favelas do Complexo do Alemão e Serrinha (RJ) e Paraisópolis (SP), , como em todo o país onde tal quadro se reproduz, demonstram a existência do nosso Haiti periférico. O Haiti também está aqui.

No estado do Rio de Janeiro, tanto na capital como nas cidades da baixada fluminense, as milícias (leia neste post a história de tal organização criminosa) interagem com a população dos bairros da periferia, vendendo-lhe proteção contra os assaltos e extorsões por elas mesmas praticados, além de monopolizar o comércio de algumas mercadorias. 

Há, p. ex., locais em que o gás de cozinha só pode ser comprado de fornecedores autorizados e indicados por tais gangstêres.
Haiti? Não. Aqui no Rio de Janeiro.
O desemprego continua sendo dos mais elevados, pressionando o povo a aceitar salários aviltados, depois de amargar, em vão,  horas de espera nas quilométricas filas de ofertas de emprego.

Enquanto isso, os presidenciáveis trocam insultos e acusações recíprocas de corrupção e associação com criminosos, remetendo a disputa eleitoral ao esgoto do lamaçal que apenas reflete o nível de decomposição cultural, estrutural e orgânico a que chegamos.

Se Boçalnaro, o ignaro, ganhar as eleições (mal maior) ele vai sentir-se legitimado pela população para adotar as práticas mais antagônicas à civilização conquistada por todos os brasileiros a duras penas, e tentará impor o totalitarismo fascistóide que é facilmente perceptível nas suas prédicas truculentas e grosseiras

Se Lula ganhar, o que é mais provável, enfrentará as agruras de um estado falido desde há muito, cujo orçamento fiscal vai estar comprometido por tudo que é artifício eleitoral criminoso ao qual Boçalnaro recorreu impunemente nos últimos tempos, e sob uma crise capitalista mundial sem precedentes recentes. Certamente, tentará curar o mal com a intensificação totalitária dos mecanismos próprios ao dito cujo, conforme já previamente anunciado.

Nem bem começou a ser praticado o orçamento secreto e suas verbas bilionárias já provocaram o previsível roubo pelas prefeituras do Brasil profundo e seus parlamentares, com prisões efetuadas pela Polícia Federal e denúncias do Ministério Público.

E o governo que aí está, eleito sob a bandeira do combate à corrupção, agora a pratica com selo e chancela oficial, sem que se saiba sequer o nome do colarinho branco autor do crime, de vez que tais verbas são apenas 
endereçadas pelo relator do orçamento às prefeituras indicadas por parlamentares cujos nomes são encobertos. 

É mole ou quer mais? (por Dalton Rosado – continua neste post)

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