sábado, 26 de fevereiro de 2022

ANTIAMERICANISMO NÃO JUSTIFICA O APLAUSO A BLITZKRIEGS

"
O fato de os Estados Unidos terem uma longa capivara de invasões para saciar seus interesses econômicos e a Otan, um aliança militar, agir de forma expansionista sobre a vizinhança da Rússia não diminui o fato de que Vladimir Putin, um governante autocrata, invadiu de forma inadmissível a Ucrânia, uma nação soberana, deixando um rastro de mortes, dor e destruição"
(Leonardo Sakamoto)

6 comentários:

Anônimo disse...

Qual seria a solução da Russia ante a ameaça da instalação de base da NATO no país vizinho?
Seria Putin pedir a intercessão do Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo I, com orações nas catedrais russas metropolitanas? Grande parte do povo ucraniano tem culpa nessa guerra ao eleger um palhaço, um comediante, um irresponsável para dirigir os destinos da nação com tão graves problemas.

Sabemos como começaram as operações militares russas, mas não sabemos como vão terminar, o que acontece em quase todas as guerras.
Por pior que seja o desfecho desta guerra não irá morrer o que morre num ano de assassinados no Brasil; em torno de 60.000-sessenta mil. Em poucas horas os russos aniquilaram o poder aéreo, a defesa aérea,a marinha ucraniana, depósito de armas e munições.

A única linguagem que os monstros nazistas entendem é o que apregoam: a violência , o fogo das armas. Provaram isso agora: os russos, até o momento, quebraram as pernas dos nazistas. Vão agora à caça dos criminosos. Os autênticos esquerdistas não têm simpatia por Putin, mas devemos entender que não fosse sua firme posição na Síria aquele mais teria o mesmo destino do Iraque ou, pior, da Líbia e depois tentariam o Irã.
Alexandre Veiga

celsolungaretti disse...

Alexandre,

bases como a da Otan não servem de nada contra um país que possui artefatos nucleares suficientes para, de onde quer que sejam disparados, exterminar toda a espécie humana.

Essa é uma desculpa esfarrapada igualzinha à que os EUA usaram contra o Iraque (armas químicas).

A blitzkrieg do Putin funcionou? As guerras relâmpago do Hitler também funcionavam. E o projeto por trás de ambas foi o mesmíssimo: a invasão e dominação de países soberanos. Se assistirmos apaticamente a isto, o preço em vidas que teremos de pagar adiante crescerá em progressão geométrica.

Quanto aos assassinados no Brasil, a conta é muito maior: só aqueles que não morreriam de covid caso tivéssemos na presidência da República um cidadão mentalmente são perfazem, pelo menos, meio milhão de pessoas.

Entre EUA, Rússia e China um verdadeiro marxista não faz distinção: são igualmente inimigos de tudo que representamos e tudo no que acreditamos.

Mas, se quisermos ainda conservar uma chance de sobrevivência para a espécie humana, Rússia e China, nas mãos de ditadores que concentram demasiados poderes, são aquelas que mais devemos temer.

Acabamos de ver que nos EUA os pesos e contrapesos do sistema político impediram o Trump de dar a virada de mesa que pretendia. Até no Brasil isto ficou demonstrado.

Temo que Putin, principalmente, seja um convite à guerra nuclear capaz de fazer todas as peças do dominó mundial desabarem, ou seja, de causar nossa destruição definitiva.

celsolungaretti disse...

DALTON ROSADO ESCREVE:

Caro leitor Alexandre Veiga,

o seu raciocínio é preconceituoso e equivocado.

Primeiro, pergunto: o que lhe dá o direito de deduzir que um palhaço de verdade (não aquele que é faixa preta de judô e policial da KGB, o órgão de Inteligência policial da Rússia) é, por ipso facto, um irresponsável?

Um dirigente que não foge do pau e está ameaçado de morte pelo cerco de uma potência militar mundial, merece respeito, mesmo que não concordemos com sua inclinação ideológica de alinhamento ao capitalismo ocidental, que eu contesto.

Mas a Rússia, ao adotar uma cleptocracia capitalista surgida como herança do stalinismo capitalista de estado, é algo muito diferente do hipócrita capitalismo liberal burguês?

Teria a Rússia o direito de manter os países antes componentes da União Soviética sob sua influência opressora, agora que aderiu à economia de mercado mundial decadente?

O seu raciocínio se assemelha à posição da Nicarágua, Venezuela, da ala ideológica do desgoverno do Boçalnaro, o ignaro, da China, da esquerda institucional, e similares, que se enquadram na disputa fratricida do capitalismo (que qualificam de bom ou mau) no qual a eterna busca por hegemonia geopolítica tudo justifica.

O ocidente capitalista liberal difere do capitalismo ditatorial apenas na forma política, mas conserva a mesma lógica capitalista de uma relação social segregacionista e, hoje, perigosamente letal para a humanidade.

Uma injustiça jamais justifica outra.

Obrigado por nos acompanhar nas leituras do blog e se expor ao debate, pois é o confronto das ideias (não das armas) que pode resultar num clarão de civilidade.

Dalton Rosado

Anônimo disse...

Fiz um julgamento preconceituoso chamando de palhaço um comediante, atual presidente da Ucrânia?
Dei o nome que deve ser dado ao personagem.
Pouco tempo depois da Anistia, com os exilados de volta, surgiam os pré-candidatos à próxima eleição para presidente da republica.
Luis Carlos Prestes, entrevistado por Alexandre Machado, num pequeno canal da tv aberta discorre sobre os pré-candidatos. Deixa de citar um.
- Alexandre Machado: "E o pré-candidato Silvio Santos?
- "Um palhaço".
- Alexandre: "Antes de iniciarmos a entrevista apresentei-o como uma pessoa culta, contida, polida [como o sr é] e dá esse veredicto ao candidato que atua na TV?".
- "O que ele é?"

Zelensky era comediante na rede de televisão do bilionário Igor Kolomoisky dono também do maior banco da Ucrânia. Sua candidatura foi bancado pelo bilionário com apoio da rede de tv. Senão dificilmente teria sido eleito presidente.
Conhecemos esse enredo no Brasil onde vários homens públicos sem a qualidade para tal foram bancados pela maior rede de televisão com apoio dos grandes capitalistas. Um deles agora em fim de mandato.

"Um dirigente que não foge do pau". Poderia fugir? Já tinha prestado todo seu serviço ao capitalismo europeu e estadunidense para levar uma boa vida no exterior como exilado? "Ameaçado de morte". Todos presidentes, primeiros ministros de repúblicas estão. Até nos ricos países escandinavos. Lembremo-nos de Olof Palme, primeiro ministro da Suécia assassinado em 1986 quando saía de um cinema.

O presidente da Ucrânia é um prestador de serviço ao capitalismo ocidental tal como foi Ashraf Gahni, presidente do Afeganistão que "não fugiu do pau" até ao cerco de Cabul e Juan Guaidó, da Venezuela que teve, até agora, seus planos frustrados.

Putin, sim é um ditador, defensor da oligarquias capitalistas russas. No entanto temos que reconhecer que sob sua liderança os russos colocaram um breque no EUA no Oriente Médio ao dar sustentação à ditadura hereditária de Bashar al-Assad. É uma realidade dolorosa para os autênticos democratas e amantes da paz ter que reconhecer essa ação positiva.

Não fosse essa ação no Oriente Médio os EUA [creio] estariam agindo como esfacelar o Irã, como fez com a Líbia, Iraque, Afeganistão, e não teriam manipulado os dirigentes da Ucrânia.Foram provocar uma potência nuclear em suas fronteiras.

É isso. Nenhuma simpatia pelas potências russa, estadunidense e seus sátrapas.

celsolungaretti disse...

Alexandre,

como vc trouxe à baila uma questão sobre a qual a esquerda está muito dividida, resolvi responder primeiramente como editor do blog, expressando a opinião de toda a equipe.

O entendimento do Dalton, David, Rui e o meu é de que não se trata de um problema de característica pessoais do governante da independente Ucrânia, mas sim das do autocrata da poderosa Rússia, que quer submeter a Ucrânia pela força militar, colocando-a sob sua dependência, seja para exercer sua dominação diretamente, seja para exercê-la mediante a instalação de um governo fantoche.

E o antiamericanismo não é argumento para revolucionários anticapitalistas. Para nós, EUA, Rússia e China se equivalem, são apenas três diferentes formatações políticas para o jugo capitalista.

Estamos batendo numa tecla à qual os revolucionários anticapitalistas já deram resposta definitiva quando eclodiu a 1ª Guerra Mundial: os dirigentes verdadeiramente revolucionários, rechaçando a hipótese de acumpliciarem-se com o conflito capitalista, orientaram os trabalhadores de seus países a não irem matar os proletários de outras nações, reduzidos ao papel de meras buchas de canhão numa disputa de mercados.

Qualificaram os socialistas pusilânimes, que procuravam pretextos para colocar-se a reboque de seus governos nacionais, o que implicava empurrar os trabalhadores de seus países para o matadouro, de SOCIAIS PATRIOTAS.

Continua não havendo motivo nenhum para tomarmos partido numa guerra capitalista. Somos contra tais matanças e contra todos os governos capitalistas que delas participam. Existimos para impedir os sacrifícios inúteis da vida de trabalhadores.

Esta é uma posição comum a nós quatro, em termos de princípios.
=============================continua=============================

celsolungaretti disse...

==========================continuação==========================

Depois de mais de cinco décadas exercendo atividades jornalísticas, não poderia deixar de perceber a obviedade de que a desqualificação do Zelensky está servindo para justificar um posicionamento simpático ao Putin por parte da esquerda que trocou os valores marxistas ou anarquistas pela vulgar realpolitik.

MAS, ALEXANDRE, DEIXO CLARO QUE NÃO LHE ESTOU IMPUTANDO TAL MOTIVAÇÃO. Parece-me que vc concordou com o que leu e então repetiu, sem atentar para as reais intenções daqueles partidos e formadores de opinião que dão tamanho destaque a estes pontos até irrelevantes no quadro do morticínio e destruição desfechados contra a Ucrânia por um país extremamente mais poderoso em termos militares.

A invasão do Putin lembra em tudo (menos na eficiência, já que deveria ser uma guerra-relâmpago mas, enquanto tal, flopou...) as conquistas do Hitler até fracassar contra a Inglaterra e a URSS, o que mudou o rumo da guerra.

Desde a década retrasada eu venho defendendo nas redes sociais a integridade dos valores revolucionários, contra essas análises basicamente geopolíticas, que têm servido para justificar posturas descabidas e vergonhosas por parte do PT e seus aliados.

O sentido maior da praxis revolucionária desde o século 19 tem sido o de conduzir a humanidade a um estágio superior de civilização, com igualdade e liberdade plenas. Admitir e relevar o autoritarismo de nomenklaturas e fanáticos religiosos é uma postura totalmente inaceitável à luz dos ensinamentos de Marx, Lênin, Trotsky, Proudhon, Bakunin, Malatesta e que tais.

Briguei muito com esquerdistas pretendiam estar combatendo o imperialismo ao apoiarem tiranos execráveis como Gadafi, Saddam Hussein e Ahmadinejad e/ou assassinos desvairados como Osama Bin Laden. Temos é de superar o capitalismo, não de favorecer uma volta à Idade Média ou a instauração do caos.

Levo sempre em conta que Marx definiu como países fundamentais para a vitória do socialismo as nações capitalistas avançadas, pois elas é que determinam o rumo a ser seguido pelas menos pujantes. Tentar "comer o capitalismo pelas bordas" foi um erro terrível e um desvio de rota desastroso, iniciado pela URSS de Stalin.

A imagem do socialismo, graças à lavagem cerebral incessante com que a imprensa burguesa usou e abusou dos trunfos que lhe fornecemos estupidamente, passou a identificar-se com o atraso e com o despotismo, acabando por causar repulsa até em grande parte dos trabalhadores dos países avançados.

E onde isto nos levou? A conquistas efêmeras que depois se transformaram em retomadas capitalistas, como nos casos da Rússia e da China. A reinados dantescos do terror, como no Camboja de Pol Pot. E a decadências econômicas extremadas como a da Venezuela.

A adesão à realpolitik em termos internacionais por parte do PT é irmã da opção pelo reformismo em território nacional. Ambas expressam a desistência de lutar pela superação do capitalismo e a insistência em procurar um lugar ao sol na NOITE capitalista, posturas ademais condenadas ao fracasso neste momento em que o capitalismo visivelmente se encontra nos estertores.

É hora de darmos um chute nesse UTILITARISMO AMORAL (que hoje nem sequer se traduz mais na afirmação de que "os fins justificam os meios", mas, apenas, em "as conveniências justificam os meios") e voltarmos a apostar na revolução.

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