sábado, 22 de abril de 2017

UM RESPIRADOURO NUMA IMPRENSA QUE SE DISTANCIA CADA VEZ MAIS DAS BOAS PRÁTICAS JORNALÍSTICAS

(é quando completam décadas ou o primeiro quarto de 
século que os veículos de imprensa costumam
comemorar de forma mais marcante. 

Foi, portanto, inovadora a iniciativa dos colunistas do jornal eletrônico ROL - Região On Line, que nasceu em 1994 
como instrumento de divulgação cultural do 
município paulista de Itapetininga e 
região (mas hoje tem alcance
bem maior): fazê-lo no 
23º aniversário.

Por quê? Talvez apenas porque jamais tivéramos tal ideia antes... O certo é que cada um de nós escreveu 
algo sobre a data (22 de abril) e o
seu significado. 

O meu artigo está embaixo, sendo aqui postado como uma homenagem não só ao ROL, mas a todos que lutam 
para manter viva a chama do jornalismo 
livre, crítico e independente)
.
Cheguei ao ROL pelas mãos do Carlos da Terra, também colunista, que leu o meu livro Náufrago da Utopia, gostou e entrou em contato comigo pela internet. 

O Hélio Rubens, outro velho guerreiro do jornalismo (uns poucos anos mais velho do que eu...) me recebeu como um irmão e, percebi hoje, já se passaram mais de 11 anos desde que meus artigos passaram a ser publicados ininterruptamente.
Noam Chomsky esgotou o assunto
Então, dos 23 anos de existência do ROL, devo ter participado da metade. O que posso dizer desta experiência?

Primeiramente, que sempre fui um autor polêmico e enfrentei muita censura na vida, inclusive um processo movido pela ditadura por minha atuação como editor de revistas (afora os quatro outros por haver lutado contra o regime militar como militante clandestino) e outro pelo Boris Casoy por haver repetido uma informação sobre seu passado que era do conhecimento público. 

As duas batalhas legais que travei como jornalista, venci. Mas, isto não impede de ser discriminado por muitos veículos até hoje.

O fato é que o Hélio Rubens jamais teve medo de publicar nada que lhe enviei, não cortou trecho nenhum nem sugeriu qualquer alteração. Mostra aos novos jornalistas como um editor de verdade deve proceder.

Para não ser injusto, darei o mesmo crédito ao José Milbs, do jornal O Rebate, da região de Macaé (RJ), também velho jornalista, também irrepreensível como editor. De dezenas de jornais eletrônicos, sites e blogues com os quais colaborei durante todo esse tempo, foram os dois primeiros a publicarem tudo que lhes enviava e a colaboração se mantém até hoje. Muitos outros romperam relações comigo; lamentavelmente, boa parte por haver recebido pressões de intolerantes de direita e de esquerda. A liberdade é uma planta muito frágil no Brasil.
"O que os blogueiros querem desta vez?" "O habitual..."

E por que tantos colaboradores valorosos se voluntariam para fazer bons veículos de internet como estes dois? Evidentemente, as motivações variam, mas uma deve ser destacada: os veteranos ainda estamos imbuídos da convicção que norteou nossas carreiras, de que o jornalismo, mais do que profissão, é uma vocação e, até, um sacerdócio. Existimos para disponibilizar a verdade para todos os leitores que consigamos atingir, ajudando-os a não serem manipulados pelas máfias que se organizam para impingir-lhes gatos por lebres, em todas as esferas do cotidiano.

Como a grande imprensa atua, cada vez mais, para direcionar a opinião pública no sentido que convém a seus patrões e anunciantes, ignorando as boas práticas jornalísticas ou fingindo obedecê-las na forma enquanto as burla no conteúdo, é fundamental que continuem existindo respiradouros como o ROL, nos quais ainda se pratica um jornalismo tão isento e imparcial  quanto humanamente possível.

Que continue cumprindo tal missão por muitos e muitos anos!

2 comentários:

Valmir disse...

uai..mas o Trumpo assinaria embaixo sem tirar uma virgula...foi dizendo exatamente isso que ele se elegeu contra toda a grande mídia.

celsolungaretti disse...

Se o Trump estivesse repetindo as colocações da Escola de Frankfurt, seria ótimo. Pena que o que ele diz, na verdade, esteja a anos-luz de distância do que o Marcuse e o Adorno escreveram. Bola fora, Valmir.

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