quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

APOLLO NATALI: "ENSAIO SOBRE A MALDADE".

o forte domina o fraco. O esperto domina o ingênuo. O homem domina a mulher. O chefe domina o subalterno. O amigo domina o bom amigo. O ditador domina o povo. O Estado é o carrasco do povo. O ministro de Deus domina os fieis. 

O forte impõe eternamente seu domínio sobre o fraco e esculpe em corações e mentes uma escusa ciência da convivência.  A convivência do mau, forte, altivo, com o humilde, o pacífico, divide o mundo entre senhores e escravos.

Os magistrados romanos levavam um machado afiado em passeata como símbolo do poder que lhes cabia de condenar à morte. Envolto em um chicote, o machado era chamado em latim de fascis. Entre outros significados, a palavra quer dizer poder de condenar à morte. Originou o termo fascismo.

O fascismo, esse poder de vida e morte, encontra várias outras definições:
  • tudo para o Estado, nada para o povo.
  • Estado forte. 
  • partido popular nacionalista que na Itália tomou o poder à mão armada em 1922.
  • a política do grande capital.
  • regime de governo praticado pela facção política tida como de extrema direita.
Direita? Nas assembleias politicas é a parte que pertence ao grupo dos conservadores. Conservadores? Aqueles que em política são favoráveis à conservação da situação vigente, opondo-se a reformas que poderiam beneficiar os menos favorecidos em termos materiais e intelectuais. A direita é uma arena sem espaço para poesias reivindicatórias do povinho. Já disse isso antes em algum lugar.
Quanto mais alto o coqueiro, maior é o tombo...

Fascismo é o forte a bater no fraco. É autismo social. Fascistas, seres alheios aos viventes que os cercam, indiferentes às necessidades de sobrevivência dos fracos. À lixeira o social, a ajuda mútua, as políticas públicas humanitárias!

Ao preço de paralisar o governo dos Estados Unidos, os fortes republicanos, ultra-direitistas, mandam às favas o plano de saúde popular de Barack Obama, que atende aos fracamente aquinhoados.

O chicote forte com o machado afiado dos magistrados romanos passou hoje para as mãos de seres movidos pela maldade em torno do mundo, um punhado de contemporâneos poderosos, totalitários, absolutistas, no mais das vezes corruptos, violentos, genocidas, detentores de um poder sanguinário, sequestradores de toda e qualquer liberdade, dignidade e direito de viver do ser humano.  Fazem, do que poderia ser uma democracia feliz, uma democracia absolutista, como ocorre com a nossa democracia brasileira, ainda movida, meio século depois, pela tormenta ditatorial de 1964.  

Os representantes do povo nos governos democráticos ocupam hoje o posto dos antigos magistrados romanos fascistas. Fazem com o machado afiado da representatividade o que bem entendem do dinheiro, da dignidade, da liberdade, da crença, da saúde, do estômago, da vida do povo. 
Fascismo à brasileira: Plínio Salgado.

Mesmo numa democracia a maldade de pisar nos fracos corre no sangue dos representantes do povo e até no sangue de um ou outro funcionário publico de menor expressão. Mesmo numa democracia pode se esconder um regime de força em que as aspirações de justiça são sufocadas pela escravização do pensamento e pela eliminação sumária dos vanguardeiros da liberdade.

Mesmo nas democracias os próprios representantes do povo no governo se transformam nos tiranos do povo, governando com balas de borracha, gás lacrimogênio, bombas de efeito moral, cassetetes, gás de pimenta paralisador, lançados contra aqueles que levantam a cabeça contra a corrupção, em busca de melhores salários, saúde, educação...

E até contra crianças em sua luta pelo não fechamento de suas escolas, como aconteceu com aquelas de São Paulo sob a batuta belicosa do governador Geraldo Alckmin!

São maldosamente impedidos de andar de cabeça erguida no Brasil os professores, médicos, estudantes, trabalhadores em geral. Mesmo nas decantadas democracias, o Estado e a Justiça tratam o consumidor --leia-se cidadão-- como lixo.

Irrefutável poder de maldade do machado afiado de vida e morte sobre as pessoas é a apoteose do fratricídio dos nossos tempos, a impedir a espécie humana de ser feliz!
"...sob a batuta belicosa do governador Geraldo Alckmin..."

São dantescos aqueles banhos de sangue, aquelas torturas estripadoras, aquele confisco de direitos de sobrevivência, perpetrados contra as populações pelos ditadores contemporâneos!

E a vigência de um fascismo individual?  É o sentimento de maldade que mora no íntimo de muitos de nós, que é se preocupar somente consigo mesmo e desdenhar dos que não têm estrutura para se manterem de pé. 

Fascismo individual, igual a egotismo, não egoísmo, egotismo mesmo, o sentimento exagerado do próprio valor, tipo só eu existo. É tão difícil assim à espécie humana aceitar que nos devemos uns aos outros?  

Afinal, por que os fascistas, os truculentos, os maldosos, esmagam os fracos?

Para Darwin, é natural o forte devorar o fraco. A obra inteira desse biólogo é um prognóstico de morte dos fracos na evolução das espécies.

Maldade da natureza. Ela também é fascista. (por Apollo Natali)

Um comentário:

Valmir disse...

"Direita? Nas assembleias politicas é a parte que pertence ao grupo dos conservadores. Conservadores? Aqueles que em política são favoráveis à conservação da situação vigente, opondo-se a reformas"
então não existe nada mais a direita que o atual governo do Brasil...pq não estou surpreso???

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