No meu post do último dia 20, eu antecipei que estávamos prestes a receber uma péssima notícia, outro salto do desemprego:
"Tenho ouvido rumores de que, depois de 970 mil trabalhadores terem perdido o emprego entre o segundo trimestre de 2014 e o mesmo período de 2015, a divulgação dos dados do terceiro trimestre trará números ainda mais acachapantes, com cerca de 1,4 milhão de pobres coitados atirados na rua da amargura".
Como fazia quando trabalhava em editorias de Economia da grande imprensa, baseei-me em meus papos com os sem-espaço-na-mídia: gerentes de banco, comerciantes, sindicalistas, amigos que têm informações de cocheira, etc. Sempre me foram mais úteis do que as fontes habituais dos coleguinhas, os governos e os economistas mais renomados.
Não deu outra. Embora um pouco menos acentuado, houve, sim, um aumento dos mais preocupantes no número de vítimas da recessão do Levy, conforme se constata no editorial desta 4ª feira (28) da Folha de S. Paulo:
"...generalizam-se a redução da atividade econômica e a perda de postos de trabalho em praticamente todos os setores. As demissões, antes concentradas na indústria e na construção civil, agora atingem áreas que empregam mais, como serviços e comércio.
Dados do Caged mostram que o fechamento de 185 mil postos formais de trabalho em setembro (ajustado pela sazonalidade do mês) foi o maior até agora em 2015. Nos últimos 12 meses, a contagem negativa chega a 1,3 milhão, o pior resultado da série histórica.
A indústria é a campeã de perdas, com 557 mil postos fechados. Mas serviços e comércio, que até junho apresentavam certa estabilidade, acumularam 330 mil demissões só nos últimos três meses.
A deterioração nesses setores, normalmente menos sujeitos a mudanças bruscas, sinaliza persistência da recessão. O potencial de piora é maior que em outros casos, pois, em conjunto, abrangem 26,5 milhões de pessoas, cerca de 66% dos empregos formais do país –indústria e construção, por exemplo, empregam 8,5 milhões e 2,9 milhões, respectivamente.
O impacto do arrocho no orçamento das famílias se faz sentir no varejo, que teve queda de 5,2% nas vendas em 12 meses. De carros a supermercados, quase todos os segmentos amargam redução. Em suma, tem-se quase o reverso do bom momento da década passada".
Ou seja, enquanto o Brasil oficial se ocupa de temas candentes como a batida policial na empresa do filho do Lula, o Brasil real se preocupa com ninharias como a degola de quase duas centenas de milhares de trabalhadores nas proximidades dos festejos natalinos.
Houve até, na rede virtual chapa branca, quem derramasse rios de lágrimas pelo desgosto infligido ao ex-sindicalista às vésperas de completar 70 anos. Já o desespero dos desempregados e suas famílias, que terão um Natal de m..., parece incomodar bem menos os articulistas daquilo que um dia foi chamado de esquerda.
É por isto que eu detesto tanto a ilusão de (e promiscuidade com o) poder que acomete os companheiros ao chegarem aos palácios de Brasília. Antes, estariam todos nas ruas protestando veementemente contra a desumanidade capitalista. Hoje, não choram pelos desempregados porque seria uma condenação implícita da política econômica neoliberal adotada pelo governo do PT.
E a revolução está tão ou mais distante do que no primeiro dia de 2003, quando começou o ciclo petista. Depois de quase 13 anos, o Brasil em essência não mudou e mesmo os pequenos avanços obtidos estão sendo agora cancelados um a um.
Estava certíssima a moçada das manifestações de protesto: só a luta muda a vida!
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