sexta-feira, 23 de outubro de 2015

NA MOSCA!!!

"Não estamos assistindo a alguma tentativa de golpe contra um programa popular de esquerda. Desculpe-me, mas Dilma não é João Goulart, nem Joaquim Levy é Celso Furtado. 

Estamos assistindo a uma luta sangrenta para saber que grupo comandará um programa [as medidas de austeridade exigidas pelo grande capital] já decidido de véspera, e que não mudará. Mesmo as pequenas margens de diferença que existiam entre a versão petista do programa e a versão tucana foram queimadas.

Ou seja, o cenário está mais para luta florentina pelo poder por meio de jogos de bastidores do que para embate realmente político a respeito de concepções distintas da vida econômica e social. 

Por isto, em vez de procurar justificativas para a defesa contra o impeachment, servindo assim de anteparo contra um governo morto, melhor seria se estivéssemos realmente comprometidos em construir alternativas para além deste cenário de filme de horror." (Vladimir Safatle, filósofo)

5 comentários:

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Infelizmente o partido de Safatle, o PSOL, aderiu inteiramente -- ou quase, já que aquilo é um saco de gatos -- à defesa do governo, isto é, contra o "golpe de estado" que as forças ocultas estariam tramando contra um governo "popular". E mesmo o Boulos atrelou a sua militância política a tal defesa, na condição de dirigete da burocracia, uma vez que encabeça uma frente com a CTB, a CUT e a UNE. O modo petista de ser esquerda continua aí, vigente. As alternativas vão aparecer e será um alento quando aparecerem, mas vai levar um tempinho.

CARLO PONTI disse...

Qual seria a alternativa proposta então pelo colunista que escreve no grande jornal a serviço do Brasil? Alguém poderia aventar?

celsolungaretti disse...

O Safatle não é jornalista de profissão, é um professor de Filosofia da USP. Escreve porque o jornal o convidou. Se a Folha lhe convidasse para escrever uma coluna semanal, com liberdade para dar o enfoque que quisesse, você não aceitaria?

A alternativa é a mais obvia possível: a Dilma cumprir os compromissos que assumiu na campanha eleitoral, como o de que ela não imporia políticas de austeridade econômica, ao contrário dos seus dois principais adversários.

Se ela ainda mantivesse a compostura de uma revolucionária, saberia que mais vale sofrer um impeachment do que enganar o povo dessa maneira. Fez uma tempestade em copo d'água porque uma herdeira ociosa, sem participação nenhuma nas decisões do Grupo Itaú, estava ajudando a Marina, e depois foi oferecer o Ministério da Fazenda para o presidente do Bradesco.

Pior ainda: como o Trabuco recusasse, aceitou empossar, no lugar dele, o subalterno medíocre que ele indicou.

Allende não recuava de forma tão vexatória nem mesmo para salvar a vida. Quando do golpe, os fascistas lhe ofereceram a possibilidade de lotar um avião com todos os companheiros que coubessem e rumarem para o exílio. Ele preferiu a morte.

Dilma é uma vergonha para a esquerda.

CARLO PONTI disse...

Qual foi a alternativa que os dois adversários da Dilma propôs? O esfarelamento do SM? Afinal ele está, ou estava muito alto, como dizia o economista do Aéreo Neves. A Independência do BC? Como a bagróloga da Blablarina propôs, junto com o tripé econômico que esta messiânica hipócrita que quis parar uma UHE e em parte conseguiu, com a porra do fio d´água ao invés de queda nas turbinas, falo de Belo Monte, aquela do Cameron, o gringo que usa energia nuclear abundante. Já o Safatlle escreve na Fossa para quem? Para os leitores dela? Porra, nem o pessoal do aquário lê o que o Vlad escreve quanto mais os leitores. Prefiro ler vc reclamar da Dilma do que sentir o merdelejo que seria o Brasil com um executivo comandado pelo Aéreo Neves. Nada está tão ruim que não poderia estar pior. E vamos que vamos.

celsolungaretti disse...

Neste momento, marchamos para o pior dos mundos possíveis, Carlo: uma estagflação. É uma catástrofe para um país pobre como o nosso, com custo social elevadíssimo e podendo até levar de roldão a democracia que levamos 21 anos para reconquistar (quem viveu sob uma ditadura de direita sabe que, com todas as suas imperfeições, ainda é muito melhor do que padecermos debaixo dos coturnos).

Temos um governo extremamente impopular e que está governando, muito mal, segundo a ortodoxia econômica da direita. De que nos adianta sustentarmos ISSO? A esquerda deveria abrir o jogo com a Dilma: ou exonera o Levy, abandona o neoliberalismo e passa a governar segundo nossos valores e propostas, ou que se vire sozinha.

O preço político e moral que estamos pagando para tentar evitar o impeachment não compensa. Se a Dilma não nos der um motivo real para permanecermos ao lado dela, faremos muito melhor deixando-a cair (ou cair do governo ou cair nos braços da burguesia, assumindo-se como fantoche do grande capital).

Mais importante do que termos um governo de merda é termos uma esquerda de verdade. Os 13 anos do PT no poder praticamente destruíram a que tínhamos. Quanto antes iniciarmos a reconstrução, melhor.

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