João da Silva assiste à sua novela favorita quando tocam a campainha.
Mal destranca a fechadura e a porta é arremessada com toda força ao seu encontro, atirando-o no chão.
Viram-no de costas, puxam-lhe as mãos e colocam algemas, apertando com toda força.
Reclama da dor. Respondem que "vândalo tem mais é que se f...".
Quando o erguem, vê que há cinco policiais na sala, três deles com armas apontadas na sua direção. Engatilhadas.
Um agente encosta o cano na sua cabeça e diz: "Se prepara pra morrer!". João fecha os olhos. Quando ouve as gargalhadas, abre-os de novo, envergonhado.
Empurram-no até um camburão, arremessando-o para dentro da caçamba. Dão-lhe um pé na bunda para que entre por inteiro. A cabeça se choca com o banco da frente. Sangra.
É também aos trancos e sopapos que o arrastam até a sala do delegado. Este lhe informa que está sob prisão temporária, por tramar um atentado terrorista: "Temos provas consistentes".
Quando começa a responder, o doutor corta: "Leva logo esse fdp pra cela!".
Quando começa a responder, o doutor corta: "Leva logo esse fdp pra cela!".
Só depois de passar dois dias no cárcere imundo é que recebe a visita de um advogado de porta de xadrez (o único que sua família tem grana pra pagar).
Este informa o que um investigador amigo lhe segredou: a detenção foi apenas para impedi-lo de atrapalhar a festa de inauguração do pontilhão sobre o córrego de sua rua. Afinal, haverá altas autoridades presentes e qualquer questionamento poderá ser utilizado pelos adversários na campanha eleitoral.
Quem mandou comentar no boteco que aquele pontilhão não serviria para nada?!
Até agora foi estuprado quatro vezes pela bandidagem.
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