O Observatório da Imprensa traz mais uma lição de jornalismo do mestre Alberto Dines, vindo ao encontro do que flagrei no meu artigo O pião do PIG: o viés descaradamente anti-indignados da grande imprensa brasileira.
Recomendo e aplaudo o artigo Coleguinhas, não tenham medo dos indignados!, cujos principais trechos destaco:
"Nossa mídia está visivelmente embaraçada com a inesperada ampliação do movimento dos indignados nos quatro cantos do mundo. Embaraçada, abobalhada e apavorada. Sobretudo com a versão americana, mais focada, mais centrada e mais politizada – anticonservadora, escancaradamente anti-Tea Party.
Como escreveu o catedrático emérito de direito Norman Birnbaum no El País de domingo (16/10), esta não é uma revolta, é um movimento social com seculares antecedentes históricos. Segundo ele, finalmente abriu-se uma brecha no consenso de que este capitalismo global praticado hoje é a única via para o paraíso.
Não obstante, nossa mídia mostra-se nos últimos anos incapaz de perceber sutilezas. Radicalizou. Embruteceu. Tornou-se assumidamente reacionária. Confundiu canhestramente liberalismo econômico com liberalismo político e adotou, sem qualquer constrangimento, as postulações populo-conservadoras made in USA.
A infiltração da Opus Dei na grande mídia (inclusive latino-americana) criou nas nossas entidades corporativas, na cúpula de muitas empresas jornalísticas, em 'aquários' e mesmo em redações, uma vexatória submissão às chamadas 'forças do mercado'. Esquecida de que é a única indústria cujo funcionamento é garantido pela Constituição, nossa imprensa engavetou o seu papel de guardiã do interesse público. A palavra regulação foi banida – em todos os campos, esferas, espaços, segmentos. Criamos em surdina um Tea Party caboclo, um Coffee Party, igualmente tóxico, desagregador.
Coleguinhas, não tenham medo dos indignados. Eles são vocês do outro lado da rua. Querem apenas um mundo menos atribulado do que o proposto pelos adeptos da destruição criativa".
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