domingo, 16 de outubro de 2011

O PIÃO DO PIG

Sem ir às últimas consequências, o combate à corrupção não passa de besteirinha inofensiva para o sistema. Como um pião, gira, gira, gira e não sai do lugar.

Direciona-se contra o efeito, impossível de extirpar-se enquanto subsistir a causa: o capitalismo.

Quanto muito, levará à adoção de medidas paliativas e ao ostracismo temporário de alguns corruptos, abrindo espaço para outros.

Neste domingo, a Folha de S. Paulo, carro-chefe do PIG na mídia escrita, a ele dedica:
  • um de seus dois editoriais; 
  • duas das suas quatro colunas dos Estados, a de Eliane Cantanhêde e de Carlos Heitor Cony; 
  • um dos dois artigos de Tendência e debates, o de Miguel Srougi; 
  • e duas das sete cartas do Painel do leitor.
Já as manifestações públicas contra a ganância -- que, na véspera, haviam sido realizadas em 950 cidades de 82 países, em todos os continentes -- não foram citadas uma única vez nos espaços de Opinião do jornal da  ditabranda.

Não interessa ao jornalismo brasileiro um fenômeno de tal abrangência, e que teve lugar também em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba?

Carece de importância um protesto que aglutinou 200 mil cidadãos em Roma e 60 mil em Barcelona?

Trata-se do tratamento que sempre recebem as iniciativas anticapitalistas: ou são escondidas, ou minimizadas. Adivinhem por quê.

Ou seja, a imprensa burguesa privilegia e  adora  os movimentos que fornecem espuma para preencher noticiário mas mantêm intocada a exploração do homem pelo homem, fonte das maiores desgraças para a humanidade, bem como das principais ameaças à sobrevivência da nossa espécie.

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