"A formação, em 18/03, de uma coalizão liderada por potências ocidentais para intervir na Líbia, tem provocado (...) intensas críticas de comunidades políticas nacionalistas e antiimperialistas, algumas das quais se autopercebem como membros da esquerda.
Entretanto, setores da esquerda nos países mais politizados, e numerosas pessoas e grupos liberais-progressistas, consideram necessária a intervenção para evitar o genocídio.
O cruzamento de pontos de vista é notório na Europa. A Itália (...) foi o mais fiel aliado de Gaddafi, embora tenha 'virado' quando a ONU decidiu intervir. Os neofascistas italianos consideram o líder líbio uma figura fraterna, cuja ideologia difere apenas na base religiosa.
Os neonazistas franceses e alemães também apoiam a ditadura líbia (...). Marine Le Pen, filha do fundador do Frente Nacional na França, criticou a intervenção da seu país na Líbia, tendo em mente uma política que também a ultradireita americana defende (p. ex., o famigerado Ku Klux Klan): se os povos árabes não merecem atenção, tampouco é correto intervir em suas disputas internas. Grosseiramente: 'deixem eles se matarem!'.
"A Itália foi o mais fiel aliado de Gaddafi" |
A direita mais lúcida percebe Gaddafi como o equivalente africano de um dos muitos ditadores que os EEUU apoiaram ao longo das últimas décadas na América Latina: Pérez Giménez, Trujillo, Batista, Somoza, Pinochet, Medici, etc.
Para a direita americana, Líbia é um aliado contra Al-Qaeda e um fornecedor médio no conflitivo mercado do petróleo. Por seu caráter psicótico e sua vocação para a violência indiscriminada, o Coronel é muito menos apto para integrar blocos, como os sírios ou os iranianos, e mais fácil de ser manipulado." (Carlos Lungarzo, em Os direitos humanos no conflito da Líbia)
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