Parece que minhas análises políticas -- tão pouco repercutidas naqueles portais e sites pertencentes ao campo da esquerda que, contudo, cumprem função mais propagandística do que jornalística -- acabam sendo uma prévia dos jornais do dia seguinte.
Assim é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselha a campanha de Dilma Rousseff a tirar o foco da questão do aborto (de preferência a insistir em que ela não acredita mais naquilo que antes dizia...) e a investir mais no contraste entre os projetos políticos do PT e dos demotucanos, ou seja, na luta ideológica contra os reacionários que tentam voltar ao poder tendo José Serra como cavalo de Tróia.
Foi mais ou menos o que propus no meu artigo de ontem.
Também acertei ao cantar a caçapa de que o PIG exploraria ad nauseam a lambança em relação ao aborto, aproveitando o fato de que as afirmações atuais de Dilma contradizem as antigas.
Eis o proveito que a Folha de S. Paulo tirou dessa vacilada de campanha, em seu editorial de hoje (06/10), Opinião flexível.
"... lideranças do PT correm atrás do prejuízo eleitoral tratando de reescrever as posições do partido no que diz respeito ao aborto.
"'Foi um erro ser pautado internamente por algumas feministas', declarou o secretário de Comunicação do partido, André Vargas, num pânico eleitoral tardio, e em meio ao vale-tudo de sempre.
"Entre essas 'feministas' minoritárias, seria preciso incluir a própria Dilma Rousseff, que em 2007 se declarava favorável à descriminalização do aborto: 'No Brasil, é um absurdo que não haja'.
"Na corrida por uma pequena porcentagem de votos, (...) o PT e sua candidata preferem apostar na desconversa e na mistificação. Condenam a descriminalização do aborto do mesmo modo que poderiam apoiá-la, fosse outra a ponderação dos marqueteiros".
Nem preciso repisar que o jornal da ditabranda atua com extremas tendenciosidade e má fé.
Mas, para mover suas campanhas manipulatórias com o mínimo de verossimilhança, a mídia golpista necessita de que os alvos forneçam tais trunfos; basta 5% de verdade para propagandistas da escola goebbeliana conseguirem contrabandear 95% de falácias.
Cabe-nos ser sempre melhores do que o inimigo, não fazendo ingenuamente seu jogo.
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