O governo de Evo Morales foi, desde o início, de uma inabilidade a toda prova. Apostou num confronto aberto com a oligarquia boliviana, tendo apenas a massa ao seu lado -- cenário em que a direita acaba sempre prevalecendo, como ocorreu no Brasil de João Goulart e no Chile de Salvador Allende.
Em meus tempos de movimento estudantil, ironizávamos essa crença simplória de que o zé povinho pudesse enfrentar inimigos bem armados e bem treinados. Atribuíamos a certos agrupamentos de esquerda o slogan "a massa amassa"...
Mas, quando se desenha na Bolívia um golpe de estado em tudo e por tudo semelhante ao de Pinochet, temos de nos posicionar incondicionalmente em defesa da legalidade. Evo Morales foi democraticamente eleito e tem o direito de cumprir seu mandato até o último dia.
Foi, aliás, a posição que eu adotei quando da fracassada arregimentação do Cansei. Sou o último brasileiro a admirar o governo do Lula, mas me coloquei firmemente contra qualquer tentativa golpista.
Precisamos acabar com essa tradição de viradas de mesa que nos define como meras repúblicas das bananas. Mandatos legítimos têm de ser respeitados, por menos que apreciemos seus detentores. E ponto final.
Um comentário:
Celso,
É até engraçado que os extremistas (os da direita ) aqui do Brasil, tenham achado normal toda aquela bagunça que os opsitores bolivianos estão fazendo por lá:
Saques, corte de energias, ameaças de suspensão ao fornecimento de gás para os países vizinhos. Ou seja: atitudes que os extremistas ( da direita ) daqui chamariam de terroristas em outros tempos.
O Evo Morales é inábil, mas existe um clima de revanchismo muito grande da direita sul-americana com ele. Além do canteúdo racista nos protestos dos empresários bolivianos (chamam Evo de "índio", "macaco", "negróide" e outros absurdos)
Este golpe contra só não acontecerá se os países maiores da região (Brasil e Argentina) derem um jeito de opinar e se mostrarem contra a iniciativa inconstitucional.
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