"...o continente que conseguiu pôr de pé o menos imperfeito dos modelos de sociedade, transformou-se em um clube de contadores, que só se preocupa em fechar as contas, independentemente do custo.
...A linha dura adotada pela Europa tornou triunfante no mundo a versão de que os gregos são a cigarra da fábula, que passa a vida flanando, enquanto a formiga (a Alemanha) dá duro para sustentá-la.
Falso. Primeiro, porque estudo sobre o mercado de trabalho divulgado na semana passada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico mostra que os gregos são os europeus que trabalham mais horas.
Trabalham, aliás, 671 horas/ano a mais que os alemães.
Falso também porque os bancos alemães encheram as burras emprestando dinheiro para a Grécia desde que foi lançado o euro, o que levou a juros baixos, fatal ímã para tomadores de dinheiro.
Falso também porque, nos anos de bonança, a Alemanha teve um saldo formidável na balança comercial com a Grécia.
Quando veio a crise, quem empobreceu foram os gregos. Recente boletim do Instituto Helênico de Estatística mostra que quase 4 milhões (ou um em cada três gregos) vivia, em 2013, na pobreza ou corria risco de exclusão social.
...Ante tamanha devastação social, é óbvio que Alexis Tsipras tinha que resistir, até o último limite, à imposição de novas medidas de austeridade." (Clóvis Rossi, comentarista internacional)
5 comentários:
O Alexis arriou as calças da Grécia. Não deveria ter convocado o plebiscito se estava pronto para trair os gregos, como demonstrou hoje. Seria menos vergonhoso se tivesse aceitado a humilhação imposta pela tróika sem dar ao povo a falsa esperança que seria ouvido.
Apenas uma semana após o Não ter vencido com mais de 60% dos votos, o Tsipras costeou o alambrado... e disse sim. Tivesse o mínimo de vergonha na cara praticava o seppuku.
Ficará marcado para sempre como safado, covarde, mentiroso e traidor.
Para um esquerdista empedernido como você acredito que o grego conseguiu decepcionar mais que a búlgara ou não?
P.S. Também fui enganado, por um tempo, após o resultado do plebiscito acreditei que o governo grego honraria os votos dados contra a pilhagem do país.
Rebolla,
há muita gente que ainda precisa aceitar o acordo, para ele virar realidade. Então, é melhor nos posicionarmos só quando o fato estiver consumado. Pode haver alguma reviravolta no meio do caminho.
Os jornais europeus não param de incentivar um governo de "união nacional" na Grécia. Nomes como Samaras e Venizelos ou os seus asseclas nesse governo será uma bofetada nos gregos. Alguns deputados do Syriza e do Anel já sinalizaram que votarão contra a capitulação.
A presidente do parlamento está sob ameaça de um voto de censura comandado por seu próprio partido. Zoe Konstantopoulou, do mesmo partido do Tsipras, obtém apoio total apenas do Anel, da direita nacionalista e membro da coalizão do governo, e do neonazista aurora dourada. Os partidos entreguistas votam 100% contra ela e muito ministros do Syriza incentivam os seus deputados a aderirem a sua derrubada, ela não é confiável para comandar o processo de votação da imolação do país. O KKE para variar quer ver o circo pegar fogo para tentar ficar com as cinzas, apenas grita palavras de ordem.
Não querendo ser chato, mas sou obrigado a lembrar você de que avisei sobre o Syriza. Frente de esquerda construída às pressas tentando manter "um pé em cada barco" deu nisso. Eu já sabia desde que o Varoufakis, grande economista e negociador "linha dura", pulou fora do barco. E o Syriza não colocou sobre a mesa a sua carta mais importante: a posição geográfica da Grécia, estratégica para a OTAN! Se o tivesse feito teria feito tremer os EUA, que iriam exigir da Adolf, digo, Ângela Merkel usa solução para que a Grécia não viesse a declarar neutralidade e portos abertos a belonaves russas e chinesas! Hiperinflação com a volta do dracma? Era só depositar o excesso de liquidez nas contas dos aposentados e trabalhadores em geral para que fosse evitada. O bom e velho John Maynard Keynes ensinou que aumentos na base monetária não são inflacionários caso vão para os salários. Rapidamente a competitividade da economia voltaria pois o país seria inundado por turistas devido ao dracma barato. O que o Syriza fez foi colocar bolas de chumbo às pernas dos gregos. Com este "acordo", a Grécia estará presa a uma dívida perene.
Marcos,
o acordo ainda não está viabilizado, e talvez nem o seja. A situação é extremamente dramática e o que você propõe são soluções "iluminadas" de quem está de fora e quer saber mais que os atores da tragédia.
O ruim e velho Keynes está totalmente superado, é o economista favorito dos que rezam no altar do deus Estado, como a Dilma. Se queres um monumento, olha para ela.
O Syriza tem o enorme mérito de, com sua resistência, haver dramatizado para o mundo as consequências perversas do capitalismo putrefato. Merece todo reconhecimento por isto. Se ficou encurralado pelo capital financeiro, foi porque outros povos não deram apoio. Preferem ficar criticando à distância como você.
Mas, mesmo que venha mesmo a ser derrotado --o jogo ainda não acabou--, seu exemplo e suas denúncias acabarão inspirando outras iniciativas de contestação da tirania do capital sobre os homens. A História não tem fim, e esta que estamos assistindo conduz, paradoxalmente, ao fim do capitalismo.
De resto, estou cansado de ver petistas defenderem empreiteiros culpadíssimos e até políticos imundos como o Collor, apenas porque a Dilma teme ser derrubada pelas revelações da Operação Lava-Jato; ou de vê-los torcendo contra o Syriza porque teve coragem de fazer o que o PT de 1979 faria e o de hoje não quer nem ouvir falar, preferindo jogar no lixo décadas de pregação contra o neoliberalismo.
Está na hora de voltarmos a uma política de PRINCÍPIOS, e não de CONVENIÊNCIAS. Com todos esses malabarismos oportunistas, o PT se tornou execrado pelos cidadãos comuns e está destruindo a esquerda brasileira.
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