sexta-feira, 27 de abril de 2012

SINAL VERDE PARA AS COTAS RACIAIS. E TAMBÉM PARA AS COTAS SOCIAIS!

Foi um arraso: por 10x0, o Supremo Tribunal Federal confirmou a constitucionalidade das cotas raciais em instituições de ensino público.

Entre votos entusiásticos, meramente  maria-vai-com-as-outras  e um ranzinza (Gilmar Mendes), prevaleceu o conceito de que deve haver alguma desigualdade a favor de algumas das vítimas da desigualdade básica do capitalismo.

"Eu assisti de camarote...
Muito se discutiu sobre o  acessório, desde que os reacionários repulsivos do DEM e algumas celebridades cuja verdadeira preocupação nunca foi a cor da pele, mas sim a cor dos holofotes globais, encamparam a bandeira levantada por Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo, no seu livreco Não somos racistas.

Não perderei tempo com retórica de conveniência, como a do jornal da  ditabranda  no seu editorial de reação (acesse aqui) a esta derrota acachapante da desumanidade neoliberal --tão cara a seu  diretorzinho  de redação por  mérito  de herança...

O fundamental  é que se tratou de mais uma contenda entre solidários e exclusivistas, entre pessoas que querem ajudar as outras pessoas e pessoas que querem que as outras pessoas se danem, cada um por si e o diabo por todos.

De tudo que rolou numa 5ª feira memorável, o principal foi esta declaração do relator do caso, Ricardo Lewandowski: a decisão do STF "confirmou a constitucionalidade das ações afirmativas para grupos marginalizados como um todo".

...o teu fracasso,
palhaço, palhaço!"
Ou seja, cotas sociais também são constitucionais, e em todo o ensino público. 

Por crassa cegueira ideológica, há esquerdistas  blasés  que torcem o nariz para uma conquista que mobilizou intensamente o movimento negro e abrirá caminho para muitas outras lutas por mais justiça social.

Essa gente vive enclausurada na torre de marfim de suas convicções sectárias, sem nunca levar em conta que precisamos acumular forças de todas as maneiras íntegras e somar forças com todos os que nos são afins se quisermos transformar em profundidade a sociedade.

Ora se desdenham os defensores de direitos humanos que tantos companheiros ajudaram a salvar durante a ditadura militar, ora o movimento negro que tem tudo a ver conosco, ora os jovens valorosos que confrontam o autoritarismo na USP.

Como não existe revolução do eu sozinho, os que concorrem para a pulverização de forças jamais vão fazer revolução nenhuma.

Mas atrapalharão --e muito!-- os esforços de quem está realmente empenhado em fazer a revolução.

2 comentários:

ismar disse...

Companheiro,

Estamos juntos nestas e em outras lutas contra a opressão.

Sua participação foi oportuna, com seus excelentes artigos.

As forças que estão do outro lado, os contra as cotas (DEM, ALI KAMEL, DEMÓSTENES TORRES (sic) são tão retógradas que seriam impensável ficar ao lado deles em alguma contenda.

Não confio nas cotas como elemento definitivo de correção de distorções históricas contra nós, os negros; porém é o melhor que podemos fazer neste momento, para ajudar este segmento étnico que sempre foi injustiçado neste nosso país.

Zumbi vive!

Henrique disse...

Artigo 5°, caput, da Constituição Federal de 1988, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo a todos os residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à prosperidade.
….
Obs.: – muitos usam este artigo para, ferozmente, repudiarem as ‘cotas’;
– outros dizem que dá vantagem através da regulamentação racial.
….
E daí!?
Com esta alienação e/ou preconceito contra as ‘cotas raciais’, peremptoriamente, teremos que negar o seguinte:
- o Estatuto do Idoso, que muitas vezes vive só com a aposentadoria vergonhosa do Brasil;
- negar o Estatuto da Criança e do Adolescente;
- negar as cotas para deficientes que convivem diariamente com a discriminação;
- e muitos outros benefícios, já que os “alienados e/ou preconceituosos” se apóiam em uma determinada distinção, o que não seria permitido pela nossa constituição.

E então!?
Vivemos numa sociedade capitalista.
Ela nasce da acumulação e NÃO É IGUALITÁRIA.
É hipocrisia imaginar que uma sociedade capitalista vá ser igualitária.
Mas tem que se dar igualdade de oportunidade na educação, no acesso à saúde, para compensar essa desigualdade.
As políticas têm que ser maleáveis, como as COTAS, BOLSA FAMÍLIA, PRO-UNI, INDEXAÇÃO DO AUMENTO DO MÍNIMO AO CRESCIMENTO DO PIB, etc…

Conclusão
A nossa sociedade (ou alguns) está muito longe de SER CONSIDERADA IGUALITÁRIA.
Há nisso um pensamento (dos preconceituosos) de tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais (dentro das suas desigualdades) . Aí sim eles chegam a uma igualdade, a um equilíbrio. E, partindo disto, os preconceituosos determinam a inconstitucionalidade das ‘cotas’.
Simples e totalmente EMBURRECEDOR!
De qualquer maneira, com todo o preconceito que há sobre as ‘cotas’, temos uma dívida impagável com a raça negra que foi tão segregada, oprimida e discriminada durante séculos, todos nós, como sociedade.
A CONSTITUCIONALIDADE DAS COTAS RACIAIS É MUITO CLARA.
CLARISSIMA.
Tapar os olhos para isto, é emburrecimento.

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