quarta-feira, 31 de março de 2010

TESTEMUNHA CONTRA TORTURADORES É ASSASSINADA NA ARGENTINA

Estão sendo articuladas denúncias à opinião pública e petições às autoridades, no sentido de que não fique impune o assassinato, nesta 2ª feira (29/03), de Silvia Suppo, ativista de movimentos em defesa dos Direitos Humanos na Argentina.

Ex-presa política, ela vinha denunciando seus algozes nos processos em curso contra os antigos torturadores e assassinos.

Silvia reconheceu alguns deles na chamada “Causa Brusa”, que, em dezembro último, terminou com a condenação de todos os acusados por crime de lesa humanidade. E deporia em futuro próximo no processo relativo ao sequestro e desaparecimento de Reynaldo Hattemer.

Eis como relata sua trajetória o Carlos Lungarzo, que também é argentino e milita na Anistia Internacional há três décadas:
"Em 1977, Silvia Suppo, então com 17 anos foi seqüestrada por uma gangue policial (...) junto com seu irmão e um amigo, mas já antes desse fato, seu namorado tinha sido também vítima de sequestro policial/militar, e nunca reapareceu.

"Silvia foi estuprada por seus captores e posteriormente submetida a um aborto. Em 2009, ela declarou este fato ao tribunal, o que foi um dos argumentos chaves para a condenação da eminência togada.

"... [agora] Silvia foi atacada por pessoas não identificadas numa loja que possuía no centro da cidade da Rafaela, na Província (Estado) de Santa Fé. Eram as 10 da manhã, hora de máxima circulação (...). Rafaela tem 84 mil habitantes, e forte movimento comercial, além de um patrulhamento policial intenso. Assaltar uma loja no centro sem que a polícia o perceba (...) é muito difícil.

"Ainda assim, Silvia foi alvo de 12 facadas que lhe produziram a morte.

"Os atacantes roubaram também 10 mil pesos e objetos de ouro e prata, um fato que deu pretexto à polícia para considerar a hipótese e assalto com morte".
Lungarzo relacionou vários motivos pelos quais a hipótese de crime comum é improvável, tudo levando a crer que se tratou de assassinato político. Vale citar este:
"Matar por facadas é uma forma extremamente cruel, usada por grupos parapoliciais e paramilitares para que sua vítima sofra o máximo. Em geral, estes grupos preferem seqüestrar a pessoa e submetê-las a torturas que produzam uma morte lenta durante vários dias. Neste caso, isso teria sido mais difícil pela grande movimentação que existe na cidade. Ou, talvez, simplesmente, os executores decidiram entre as duas alternativas a que parecia mais fácil".

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