Em fevereiro último, o gado reunido em sua micareta na avenida Paulista totalizara cerca de 185 mil reses; agora, contudo, o rebanho ficou reduzido a uns 45 mil quadrúpedes (ambas as contagens são do Monitor do Debate Político da USP).
Isto exatamente quando Pablo Marçal desponta com força como o seu provável sucessor no comando da extrema-direita brasileira.
Ou seja, tratou-se de um péssimo momento para ele dar tamanha demonstração de fraqueza. Quem estava em cima do muro e tem um mínimo de perspicácia já saberá para qual lado descer, o que vai reforçar a desmontagem do circo dos horrores do palhaço psicopata.
E, se sua pregação de anistia para os golpistas do 08/01 visava obviamente a própria impunidade, o recado que as ruas passaram para o Judiciário é exatamente o oposto: pode marcar logo os vários julgamentos pendentes do presidente mais crapuloso do Brasil em todos os tempos, pois pouca reação popular haverá.
Aliás, são exatamente as sucessivas demonstrações de fraqueza que explicam o abandono a que ele está sendo relegado pelos antigos devotos. A sucessão delas os fez perceber que, apesar de suas bravatas ridículas, nunca foi o ferrabrás que tentava aparentar.
Assim, engatilhou golpes nos Dias da Pátria de 2021 e 2022, brochando miseravelmente nas duas ocasiões.Finalmente, reencenou a farsa da radicalização neste 7 de setembro, na esperança de fidelizar a boiada, mas cometeu o pecado capital de centrar seu fogo num alvo menor.
Aparentemente, muitos que o seguiam na esperança de ganharem uma boquinha no governo federal não gostaram de vê-lo direcionar suas principais diatribes contra um mero ministro do Supremo.
"Nem a cabeça do Lula esse bundão ousa mais pedir", devem ter concluído. Então, passaram recibo de que as palhaçadas do Bozo provocam cada vez menos risos. (por Celso Lungaretti)
4 comentários:
É preciso se conscientizar de que a própria vida é uma entrega de si, que sempre tem data de validade.
São prejudiciais para o próximo todos aqueles que, negando essa verdade sobre a existência e viciados no poder que sua posição lhes confere, não querem tornar-se desnecessários — é o caso do líder político que se alimenta da ignorância do povo, em vez de auxiliá-lo na efetiva libertação.
Mas não é só Bolsonaro...
Vilãos existem de todos os lados, mas o caso do Jair Bolsonaro é especial: ao negar vacinas aos que morriam sufocados ou fazer de tudo para evitar que eles as obtivessem, ele causou um morticínio de dimensões nunca vistas nestes tristes trópicostrópicos.
Permitirmos que se continue postergando indefinidamente seu obrigatório encarceramento pelo máximo que nossas leis permitem (30 anos) esfarela qualquer pretensão de sermos civilizados. Teríamos de assumir que o Brasil não passa de um esgoto fedorento do autoritarismo.
Isto é muito mais importante do que qualquer eleição para prefeito. E uma esquerda que coloca a manutenção de um poder ilusório sob a democracia burguesa acima de quaisquer princípios se desqualifica para representar os verdadeiros interesses do povo explorado.
Ao opressor, seja de que viés ideológico for, interessa que nada mude.
Apenas o oprimido é quem tem interesse na mudança de paradigma.
Paulo Freire dizia algo assim.
E sim, estamos numa situação insustentável e cronicamente inviável.
https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/dowbor-paradecifrar-o-enigma-da-ultradireita/
Postar um comentário