O chilique de Lula na segunda-feira, 10/06, veio acompanhado de chiliques nos jornais Folha de São Paulo e O Globo, grandes porta-vozes da burguesia brasileira. O cerne dos três, presidente e jornalões, é atacar a greve, tentando jogar a sociedade contra os profissionais da educação - quem perde são os alunos, disseram presidente e editorialistas - e acusar a greve de intransigente.
Ora, intransigente tem sido Lula que desde o ano de 2023 vem se recusando a negociar com os trabalhadores da educação federal, enquanto concede aumentos substanciais às categorias bolsonaristas da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Penal, o que, segundo fontes do PT, seria uma estratégia para conquistar tais setores ao lulismo... o filme se repete, de forma bisonha.
Mas qual o motivo do ataque coordenado entre Lula e jornalões à greve dos trabalhadores da educação? O motivo é simples, nossa greve não é apenas uma greve de um setor, mas um movimento que coloca em xeque a política econômica de austeridade fiscal cristalizada no Arcabouço Fiscal, versão piorada do Teto de Gastos e que foi aprovada pelo presidente Lula e por seu medíocre ministro Haddad em 2023.
Os acordões que livraram Lula da cadeia e o conduziram de volta à presidência, fazendo chapa ao insípido Alckimin, passam diretamente pelo aprofundamento das privatizações do serviço público, cortes de gastos e ataques aos trabalhadores. A última missão de Lula é completar aquilo que o presidente fujão, Bolsonaro, não conseguiu: implementar as "reformas" neoliberais que formalizam o assalto rentista ao orçamento público e promovem a superexploração dos trabalhadores brasileiros.Nesse aspecto, não pode causar estranheza a proposta de Haddad de acabar com os mínimos constitucionais para a educação e a saúde, garantias hoje já largamente ignoradas, mas que eliminadas de vez significariam o fim da educação e da saúde públicas no Brasil. Ou sua outra proposta de desatrelar benefícios sociais da correção inflacionária, virtualmente levando seus beneficiários à fome. Que crianças fiquem sem escola, doentes sem hospital e velhos morram de fome, mas que o capital seja saciado!
Mas não contavam com a greve da educação federal. Seus paus mandados, encastelados nas direções sindicais, tentaram de tudo para evitar que a greve saísse. Não conseguiram. Depois, tentaram de tudo para que ela se encerrasse em pouco tempo, também não conseguiram. Em todas as ocasiões, as bases os atropelaram. Acabaram tomando um puxão de orelha do seu chefe supremo, o pelego-mor, e agora estão em desespero pois não sabem mais o que fazer.
Ao mesmo tempo, lulistas se aliaram a bolsonaristas para irem às portas dos campi, fantasiados de pais preocupados, pressionarem contra a greve. Dentro das instituições federais, professores lulistas passaram a trabalhar contra a greve, fazendo cartas apócrifas, mentindo e mesmo minando a legitimidade sindical. Vale tudo para proteger o Messias de Garanhuns!Apesar disso tudo, a greve segue forte e o cerne da política econômica da burguesia brasileira é desnudada. Essa, portanto, não é uma simples greve de mais uma categoria do funcionalismo público, é uma greve contra o nó górdio do regime capitalista hoje no Brasil e, particularmente, uma greve que tensiona os acordões espúrios de Lula e do PT. (por David Coelho)
Um comentário:
(Comentário do Celso Lungareti): As voltas que o mundo dá. A postura do Lula diante da greve da Educação federal e o apoio que ele está recebendo dos jornalões me lembram muito 1968. A diferença é que os generais ditadores não davam declarações sobre o movimento estudantil, o porta-voz dos reaças era o ministro da Educação, Jarbas Passarinho. Até onde o Lula desceu! Ele é o Passarinho versão 2024. O molusco virou urubu.
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