...EM MEIO À CRISE ECONÔMICA.
Mais uma vez, a vida... |
Numa cena que poderia estar na série espanhola Casa de Papel, bradava coisas como "abaixo o poderio dos bancos" e "deem o dinheiro dele".
O episódio, que não deixou mortos nem feridos, é um eloquente símbolo do que o Líbano se tornou nestes anos.
O país vive uma das piores crises econômicas do mundo desde meados do século 19. Cerca de 80% da população vive na pobreza. A moeda desvalorizou 20 vezes em relação ao dólar desde 2019.
Quase metade dos libaneses passa fome. Falta de tudo: eletricidade, combustível, medicamentos.Hussein, 42, decidiu invadir o banco não para roubá-lo, e sim para exigir o direito de sacar dinheiro da sua própria conta. Queria, disse, pagar os custos do hospital em que seu pai está internado.
Segundo os relatos da imprensa, Hussein tem US$ 210 mil no banco (o equivalente a R$ 1 milhão). Só que as autoridades libanesas restringem desde 2019 os saques a um valor máximo de US$ 400 por mês (R$ 2.000).
O gesto de Hussein, assim, deu voz à indignação de outros tantos no país – irados com um governo visto como corrupto, moroso e ineficiente.
O sequestrador ameaçou colocar fogo em si mesmo e matar os reféns, se o pedido não fosse atendido. Em acordo com as forças de segurança, depois de horas de negociação, saiu do banco com US$ 35 mil (R$ 180 mil).
Chegou a ser detido, mas foi solto depois que a instituição financeira retirou a queixa contra ele. Nas ruas, manifestantes exigiam a liberdade dele, a quem chamavam de herói. (por Diogo Bercito, que produz o blog Orientalíssimo)
Mais do que a série Casa de Papel, a ocorrência nos faz lembrar
o filme Um ato de coragem (d. Nick Cassavetes, 2002), em que
Denzel Washington é um pai que toma toda a equipe de emergência do
hospital como refém para forçar o transplante do coração de seu filho.
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