terça-feira, 28 de setembro de 2010

A 'FOLHA' NÃO TOMA JEITO: DEPOIS DOS FACTÓIDES, O CONFRONTÓIDE...

Estando, como estou, em maré de decepções com antigos ídolos, é reconfortante constatar que um dos meus modelos jornalísticos continua em plena forma.

Alberto Dines acaba de trazer a palavra certa no momento certo, ajudando a esvaziar uma beligerância criada e alimentada por manipuladores da opinião pública, conveniente apenas para quem busca desculpas para a derrota anunciada e para pescadores em águas turvas.

O velho guerreiro do Jornal dos Jornais -- uma das principais tricheiras da resistência da imprensa à ditadura militar na década de 1970 -- disse tudo o que havia para ser dito, em Mais jornalismo, menos panfletagem, cujos primeiros parágrafos reproduzo e subscrevo entusiasticamente:
"Este confronto entre o presidente Lula e a imprensa é artificial, não somos a Venezuela nem a Argentina. Este confronto é na realidade um confrontóide, parafraseando a semelhança fato-factóide.

"Na sexta-feira (24/9) em Porto Alegre, ao lado da sua candidata, o presidente pregou o exercício da humildade para lidar com o noticiário que desagrada. Foi taxativo:
"'Quando a matéria dos jornais sai falando mal da gente, ninguém gosta. Quando fala bem, o ego cresce. Precisamos de humildade para nem ficar com muito ego quando se fala bem nem ficar com muita raiva quando se fala mal'.
"A mudança de tom foi devidamente registrada pela Folha de S.Paulo e pelo Estadão, no sábado com razoável destaque. Mas no dia seguinte, domingo (16), a Folha publicou um raro editorial na primeira página [Todo poder tem limite] com uma violenta contestação ao presidente pelos ataques contra a imprensa.

"Ora, se no dia anterior Lula levanta a bandeira da humildade e sugere uma pacificação, por que insistir no clima de guerra? Aqueles que tomaram a decisão de soltar o petardo não leram a notícia por eles publicada sobre a mudança no ânimo do adversário?

"Uma imprensa incapaz de perceber as sutilezas da política está evidentemente tão radicalizada e delirante quanto aqueles que denuncia".
"CONSELHO DE JORNALISMO NÃO É EMBAIXADA DO INFERNO"

Só para completar. A "violenta contestação" a que Dines se refere aparece, sobretudo, neste alerta que o editorial da Folha lança a Lula e a Dilma Rousseff:
"Fiquem advertidos de que tentativas de controle da imprensa serão repudiadas - e qualquer governo terá de violar cláusulas pétreas da Constituição na aventura temerária de implantá-lo".

É outra comprovação de que a cúpula da Folha não lê o que sai publicado no seu próprio pasquim. Pois, três dias antes,  Jânio de Freitas havia posicionado bem melhor tal questão:
"Conselho de Jornalismo não é embaixada do inferno, não é chavismo, não é ditadura, necessariamente. São muitos os países 'civilizados' e democráticos em que tal conselho existe.

"Na França, por exemplo, foi criado há muito tempo, prestou muitos serviços e ninguém pensa em dissolvê-lo, assim como o da TV. A Inglaterra, os países nórdicos e outros têm as suas formas de conselho.

"Discuti-lo no Brasil seria difícil, mas não ameaçaria a democracia ou a liberdade de imprensa".
Sugiro que, no próximo  editorial-chabu (deveria ter sido editorial-bomba, mas...), a Folha esclareça se quem está certo é seu colunista ou seus  editorialarmistas.

2 comentários:

José Carlos Lima disse...

Vamos pedir para que o eleitor de Marina que não gosta de Serra vote em Dilma já no primeiro turno para darmos fim a este show de baixarias de Zé Serra.

Ninguém aguenta mais 30 dias de baixaria desta gente que, na ânsia de eleger Serra, deixou de lado qualquer limite de respeito para com o ser humano.

Segue abaixo, num única relação, todos os desmentidos contra estes ataques covardes contra Dilma.

O Brasil não merece o que estamos vendo.

http://dilmanarede.com.br/ondavermelha/blogs-amigos/todos-os-emails-falsos-sobre-dilma-rousseff-desmentidos-num-unico-post.

celsolungaretti disse...

~Minha posição é outra: no 1º turno devemos votar em candidato com o qual tenhamos verdadeira afinidade, o momento do voto útil é só o 2º turno.

Então, quem é revolucionário tem como afins o Ivan Pinheiro, Plínio de Arruda Sampaio, o Rui Pimenta e o Zé Maria, os quatro que assumem posição clara e definida contra o capitalismo.

Todos os demais candidatos são, quanto muito, reformistas: suas propostas, se colocadas em prática, apenas atenuarão as injustiças. Não se propõem a dar um fim à exploração do homem pelo homem.

Dentre os que não romperão com o capitalismo, a Dilma será sempre um mal menor do que o Serra, evidentemente.

Portanto, se houver 2º turno, é nela que votarei e vai ser ela quem recomendarei a meus leitores.

Mas, repito: no 2º turno.

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