"Eu sou a favor da proibição de fazer humor com candidatos, portanto, a favor da proibição imediata do horário político."
A frasezinha sarcástica é de uma leitora catarinense da Folha de S. Paulo e tem muito a ver: boa parte dos candidatos estaria melhor num espetáculo de aberrações do Rancho Fundo, bem pra lá do fim do mundo.
Piores ainda, entretanto, são os que enganam bem, conseguindo convencer o eleitorado de que farão e acontecerão.
Graças a eles, a maioria bovinizada continua ignorando quão avassalador é o poder econômico e quão pouco sobra para governos decidirem.
Se hoje temos eleições despolitizadas, pasteurizadas e abastardadas, tão inócuas como placebo, a propaganda eleitoral gratuíta é uma dos maiores culpadas.
Pois, ao franquear câmeras e microfones às mensagens eleitoreiras, transformou os pleitos em meros confrontos de ilusões forjadas por marqueteiros.
Isso pretendia ser democrático, colocando todos os agrupamentos políticos em igualdade de condições.
Acabou se tornando demoníaco, ao vender candidatos como sabonete e estabelecer definitivamente a política como embuste... além de consolidar a desigualdade, estipulando tempo diferente para cada partido.
A esquerda, então, não precisou mais mobilizar as massas para vencer eleições.
E, como em A Revolução dos Bichos, acabou gostando tanto das facilidades do capitalismo que se esqueceu de que deveria lutar contra ele.
Se o reformismo é suficiente para franquear-lhe os palácios e as sinecuras do poder, por que remar contra a corrente? Tudo se torna menos trabalhoso quando se tem os banqueiros como aliados...
Se o reformismo é suficiente para franquear-lhe os palácios e as sinecuras do poder, por que remar contra a corrente? Tudo se torna menos trabalhoso quando se tem os banqueiros como aliados...
Hoje, ao vermos os grandes partidos no horário gratuíto, ficamos tão perplexos como os animais que, no livro famoso de George Orwell, espreitam a reunião dos seus líderes suínos com os inimigos humanos e já não conseguem mais discernir quem é porco e quem é homem.
Se queres um monumento, olha... o México.
Com uma pseudo-esquerda (revoluções inconclusas se institucionalizam?) no governo e o capitalismo no poder durante sete décadas consecutivas, o país chegou ao que é hoje: um narcoestado pior ainda que a Colômbia.
Onde os fracos nâo têm vez, sendo abatidos como moscas.
Há 30 anos, estava bem claro para nós
quem era o inimigo. Ahora, no más...
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