Trechos do editorial da Folha de S. Paulo nesta 3ª feira (15/03), Síndrome do Japão:
"...os piores cenários podem, sim, materializar-se. Não bastasse o terremoto que forçou o desligamento da central atômica, um tsunami nocauteou geradores e bombas do sistema de resfriamento auxiliar de pelo menos três das seis usinas no local.
Dois golpes seguidos e certeiros, que lançaram por terra a aura de infalibilidade associada à cultura tecnológica japonesa de qualidade e segurança.
Prosseguindo a atual dificuldade de resfriar o combustível, não se descarta o derretimento total dos núcleos dos reatores. Uma perspectiva mais similar a Tchernobil (maior desastre atômico da história, em 1986, na Ucrânia), com liberação de grande quantidade de material radioativo.
...Se um desastre desses ocorre no país mais rico da Ásia, a terceira economia do mundo, pode acontecer em qualquer lugar.
Nenhuma central nuclear do planeta está protegida contra os mais graves episódios sísmicos possíveis no local, pois o custo do sistema de segurança seria proibitivo.
...Segundo Michael W. Golay, especialista em engenharia nuclear do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA), não há no mundo, hoje, usina atômica pronta para sair intacta de um terremoto de intensidade 9 na escala Richter. Mas ele ocorreu no Japão."
Post deste blogue no domingo (13/03), De Hiroshima a Fukushima, um pesadelo que já dura 65 anos:
"Agora, a usina japonesa Fukushima 1, que teoricamente deveria suportar terremotos e tsunamis, aguentou bem um terremoto muito intenso, mas não o tsunami que veio em seguida.
...com o terremoto, o trabalho da usina foi interrompido automaticamente, mas o reator precisava ser esfriado.
Isto deveria ser feito por um sistema de energia alternativa que, no entanto, falhou ao ser atingido pelo tsunami, colocando a usina, em função do superaquecimento do reator, na rota da explosão.
...'O acidente que aconteceu no Japão vai fazer todo mundo repensar o uso de usinas nucleares', prevê um especialista, o engenheiro Aquilino Senra Martinez, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para quem não engole os contos da carochinha do sistema, salta aos olhos que as usinas nucleares jamais serão totalmente seguras.
Trata-se de mais uma opção que o capitalismo impõe à humanidade, a partir de um enfoque em que a relação custo/benefício é tudo e a vida das vítimas, nada".
Resumo da opereta: quem não quiser que lhe martelem ditabrandas na cabeça, nem receber informações/avaliações com dois dias de atraso, que busque na web as alternativas à Folha. Existem muitas e são todas bem melhores.
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