domingo, 30 de junho de 2019

CONCLUSÕES SOBRE OS ATOS DE DOMINGO

O pedaço da sociedade leal a Jair Bolsonaro (vide ao lado) voltou às ruas neste domingo. O país vai se habituando a um fenômeno novo: o protesto a favor. 

Dessa vez, a favor de Sergio Moro, da Lava Jato e de pautas que interessam ao governo no Legislativo –sobretudo a reforma da Previdência e o pacote anti-crime. 

Foi o segundo ato organizado por simpatizantes do governo em 35 dias. O primeiro, em 26 de maio, veio em resposta a um protesto de estudantes e opositores do governo contra o congelamento de verbas para a Educação. 

Agora, a mola propulsora foi a divulgação de mensagens tóxicas atribuídas a Moro e aos procuradores da Lava Jato. O temor da anulação da condenação de Lula enviou ao asfalto os defensores do combate à corrupção. 

Vão abaixo quatro conclusões que ajudam a compreender as consequências da nova manifestação: 
1) A base social de Bolsonaro: Em termos nacionais, a manifestação deste domingo foi equiparável à de 26 de maio, talvez ligeiramente menor. Nenhuma das duas foi monumental. Nada comparável aos atos pró-impeachment de Dilma Rousseff. Mas ambas estão longe de ser inexpressivas. Ao contrário, revelam que Bolsonaro mantém uma base social sólida e fiel, a despeito da queda dos seus índices de popularidade. 
2As instituições sob pressão: Os refrões, os figurinos e as alegorias do ato não deixam dúvida. O Congresso e o Supremo Tribunal Federal continuarão enfrentando uma pressão de fora para dentro. Hostilizaram-se congressistas, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Foram atacados também ministros do Supremo. Gilmar Mendes foi o alvo mais evidente. 
Faixa contra o MBL no RJ. Em SP seus ativistas só não foram agredidos graças à ação da PM...
Embora congressistas e magistrados neguem a influência do asfalto nas suas decisões, é improvável que Brasília ignore o tamanho do meio-fio ao programar os seus passos. Isso já está acontecendo. O fenômeno ajuda a explicar a disposição do Congresso para entregar uma reforma da Previdência tão indispensável quanto impopular. Deputados e senadores não querem ser responsabilizados pela crise. 

Compreende-se melhor também por que a 2ª Turma do Supremo adiou para depois das férias o julgamento do pedido de suspeição de Moro, indeferindo por 3 a 2 a abertura antecipada da cela do presidiário petista. Uma das bandeiras do asfalto é justamente a ressurreição da CPI da Lava Toga, arquivada no Senado apesar de dispor de apoiadores na quantidade exigida pelo regimento. 
3O presidencialismo de trincheira: Bolsonaro enxerga nas ruas respaldo para manter a corda esticada nas suas relações com o Legislativo. No Twitter, o capitão anotou neste domingo: "A população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e responsabilidade para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do nosso Brasil". 

Há na ótica do presidente uma distorção e um quê de miopia. Não foi a população brasileira que saiu às ruas, mas um pedaço dela, eis a distorção. 
...que foi parabenizada por prender os adversários.

Bolsonaro foi eleito porque os votos das pessoas que pensam como ele foram reforçados pelo apoio dos eleitores que não queriam de jeito nenhum a volta do PT ao poder. 

Esse pedaço do eleitorado antipetista mudou de faixa. Está no acostamento. Já não existe unidade nem mesmo no bloco bolsonarista. 

De resto, o déficit de interlocução política empurra o Legislativo para uma pauta própria, nem sempre coincidente com a do Executivo. A queda de braço já começou e será intensificada depois da aprovação da reforma previdenciária. Nessa briga, o interesse público só está presente até certo ponto. O ponto de interrogação. 
4Os limites da tática do confronto: Quando os partidários de Bolsonaro foram às ruas em 26 de maio, a previsão de crescimento da economia captada no mercado pela pesquisa Focus, do Banco Central, era de 1,24% para o ano de 2019. Na última 2ª feira, a mesma enquete resultou numa estimativa de evolução do PIB de ridículos 0,87%. 

O flerte com a volta da recessão e a presença de 13 milhões de desempregados no olho da rua intima o governo de Bolsonaro a apresentar resultados. Sob pena de levar às ruas não os apologistas do governo, mas os brasileiros que estão de saco cheio da polarização eterna.

Ou seja: num ponto o governo de Bolsonaro é igualzinho às administrações anteriores: seu futuro depende do desempenho. Sem prosperidade não há popularidade.
(por Josias de Souza)

TRÂMITES DO PRINCIPAL TESTEMUNHO QUE LEVOU LULA À PRISÃO TIVERAM MAIS FUROS DO QUE QUALQUER QUEIJO SUÍÇO...

A mais bombástica das revelações possibilitadas pela divulgação das mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro e os integrantes da força-tarefa da Lava Jato está na matéria de capa da edição dominical da Folha de S. Paulo.

Seu foco é o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, cujo depoimento incriminou Lula no caso que o levou à prisão: ele era visto com descrédito pelos promotores, negociou sua delação premiada durante mais de um ano e apresentou várias versões diferentes antes daquela que acabou tendo peso decisivo para o encarceramento do ex-presidente.

Eis os trechos principais da longa reportagem a dez mãos de Ricardo Balthazar, Flávio Ferreira, Wálter Nunes (Folha), Rafael Moro Martins e Rafael Neves (The Intercept Brasil): 
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"...Os advogados da OAS abriram negociações com a Lava Jato em fevereiro de 2016. Nessa época, as investigações sobre as relações de Lula com as empreiteiras estavam avançando, e os procuradores já tinham muitas informações sobre o tríplex e as obras executadas pela OAS e pela Odebrecht num sítio que o líder petista frequentava em Atibaia (SP).

Léo Pinheiro já havia sido condenado por Moro por ter pago propina a dirigentes da Petrobras e recorria em liberdade, mas temia ser preso se a apelação fosse rejeitada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região...

...Uma pessoa que acompanhou as conversas da OAS com a Lava Jato na época disse (...) que, inicialmente, Léo Pinheiro descreveu o tríplex como um presente que oferecera a Lula sem pedir nada em troca. Segundo essa pessoa, a insatisfação dos procuradores o levou a mudar sua versão pelo menos duas vezes até chegar àquela adotada em [abril de] 2017.
Léo Pinheiro deu pelo menos três versões diferentes

...os relatos apresentados pela empreiteira sofreram várias alterações até que os procuradores aceitassem assinar um termo de confidencialidade com os advogados, passo essencial para que as negociações avançassem.

Mas os ajustes feitos pela OAS pareciam sempre insuficientes...

...havia muita especulação sobre a delação da OAS na imprensa e os vazamentos incomodavam os negociadores, que os atribuíam a uma estratégia dos advogados para despertar interesse pela proposta e torná-la irrecusável para o Ministério Público. 

O mais rumoroso desses vazamentos teve efeito contrário aos interesses da empreiteira. Em agosto, uma reportagem da revista Veja apontou o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, como um dos citados pelos delatores e despertou fortes reações da corte, obrigando a Lava Jato a recuar.

...Com os procuradores sentindo-se enganados pelos advogados, e para evitar um atrito que poderia levar o STF a tomar medidas para frear o avanço das investigações, a Procuradoria-Geral da República decidiu então suspender as negociações com a OAS. 

...Dias após a suspensão das negociações, a revista Veja divulgou o conteúdo de sete dos anexos que a empresa havia apresentado aos procuradores e afirmou que a empresa revelara a existência de uma conta clandestina para fazer pagamentos a Lula. 
O sítio da discórdia agora está abandonado
As mensagens obtidas pelo Intercept mostram que os procuradores ficaram furiosos com o vazamento, especialmente porque não havia nos relatos da empresa nenhuma menção à conta. "Nunca falaram de conta", afirmou [o procurador] Sérgio Bruno aos colegas.

Uma semana depois, Moro mandou prender Léo Pinheiro por causa de um dos inquéritos que envolviam o ex-presidente da OAS e as negociações de sua delação ficaram congeladas por meses. 

A Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa de Curitiba aceitaram retomá-las em março de 2017, quando o processo aberto para examinar o caso do tríplex estava se aproximando do fim e Léo Pinheiro se preparava para ser interrogado por Moro. 

Em seu depoimento, em 24 de abril, o empreiteiro afirmou que tinha uma conta informal para administrar acertos com o PT, introduzindo pela primeira vez o tema em sua versão. Além disso, acusou Lula de orientá-lo a destruir provas de sua relação com o partido após o início da Lava Jato. 

O depoimento foi decisivo para o desfecho do caso do tríplex, porque permitiu a Moro conectar o apartamento à corrupção na Petrobras, justificando assim a condenação do ex-presidente Lula pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 
Raquel Dodge retarda homologação do acordo com Pinheiro

Mensagens trocadas por Deltan com seus colegas e Moro nessa época, publicadas pelo Intercept no início do mês, revelam que a força-tarefa se preocupava com a fragilidade dos elementos que tinha para estabelecer essa conexão, essencial para que o caso ficasse em Curitiba e fosse julgado por Moro.

As mensagens examinadas pela Folha e pelo Intercept mostram que os procuradores voltaram a conversar com Léo Pinheiro sobre sua delação premiada semanas depois do depoimento, em maio. 

No mês seguinte, o Ministério Público pediu a Moro que reduzisse pela metade a pena do empreiteiro no caso do tríplex, como prêmio pela colaboração no processo. Em julho, o juiz o condenou a 10 anos e 8 meses de prisão, mas o autorizou a sair quando completasse 2 anos e 6 meses atrás das grades.

Pinheiro continuava sendo alvo de desconfianças dos procuradores que negociavam sua delação. "Leo parece que está escondendo fatos também", escreveu a procuradora Jerusa Viecili aos colegas em agosto. Ela achava estranho o fato de que ninguém nunca falara em destruição de provas antes do empreiteiro. 

Para Deltan, havia também o risco de um acordo com Léo Pinheiro, com redução de pena e outros benefícios em troca de sua cooperação, ser interpretado como concessão indevida. "Não pode parecer um prêmio pela condenação do Lula", disse o chefe da força-tarefa aos colegas em julho. 

As negociações se arrastaram por meses até que um acordo fosse fechado, no fim de 2018. 

Ele foi assinado pelos procuradores e pelo colaborador, mas até hoje a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não o encaminhou ao STF para que seja homologado. Pinheiro continua preso em Curitiba"

A GRANDE DIÁSPORA MUNDIAL – 2

(continuação deste post)
Não pode ter futuro sustentável um país que apresenta os seguintes indicadores econômicos:
— dívida superior ao seu PIB anual e que é suportável apenas por sobre ela incidirem juros baixos, em razão da crença equivocada (e convenientemente conivente) do sistema financeiro mundial e respectivos rentistas na sua pujança, solidez e capacidade de solvência;
 balança comercial internacional deficitária e que a cada ano aumenta tal déficit;
 padrão de consumo e de renda per capita sustentado por salários incompatíveis com a média mundial, mas que são viabilizados por fatores como: 
        a) emissão de moeda sem lastro, mas por todos aceita como se fosse válida, e, que, assim, não provoca inflação interna;
      b) geração de lucros (e recebimento das remessas destes) por empresas cujos tentáculos se espalham mundo afora, explorando os baixos salários dos países da periferia capitalista e comercializando mercadorias com preços de alto valor agregado em razão das patentes e segredos industriais (o preço de uma minúscula pílula para carrapatos em cachorro fabricada por um laboratório  estadunidense corresponde a dias de salário de um trabalhador centro-americano ou africano!); e
     c) exploração de juros cobrados aos países pobres por um sistema de crédito bancário internacional extorsivo, em grande parte ali sediado, cujos créditos são de duvidosa capacidade de solvência por parte dos devedores extorquidos;
 orçamento militar exorbitante e, portanto, insuportável para o orçamento público sustentado pelo aumento da dívida pública, mas que o faz de modo a constranger o mundo à obediência aos seus interesses econômicos pouco confessáveis (e que se coloca como justiceiro e palmatória do mundo de modo cínico e contraditório, à base do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço, como no caso da produção das bombas atômicas e seus materiais radioativos.       

Por que os países da América Central (todos); os da América do Sul (aí incluída a outrora rica Argentina, e em menor proporção apenas o Chile e o Uruguai, pouco populosos); e o México, primo pobre da América do Norte, enfrentam depressão econômica, falência estatal, níveis de desempregos insuportáveis, serviços públicos precários ou inexistentes, violência urbana e outros tantos sintomas de decadência social que tão bem conhecemos no Brasil?

Ao respondermos a esta pergunta, não devemos adotar uma postura xenófoba contra o povo estadunidense, posto que, não é ele o promotor de tal miséria mundial, como de resto não são culpados os povos dos países ricos ou pretendentes a sê-lo (os componentes do G-20, que acabam de reunir no Japão).  
A culpa da degradação da vida sobre a face da Terra (a fome, p. ex., aumenta sem parar em âmbito mundial!) não é dos povos, mas de uma lógica social fetichista, coisificada (reificada), patrocinada pelo conteúdo autotélico e vazio de sentido humano do capital e da necessidade de sua reprodução contínua e cumulativamente excludente. 

Uma lógica que submete o Estado a seus desígnios, pois os governos desses países estão totalmente atrelados a ela. 

Assim, os inimigos do povo são, pela ordem: 
 a lógica do capital e suas categorias auxiliares (trabalho abstrato, dinheiro, mercadorias e  mercado);
 o Estado e todas as suas instituições auxiliares (direito, justiça, parlamento, força militar, política, partidos, etc.);
 a servidão voluntária a essa ordem (obediência civil às instituições, à lei e ao modo de produção capitalista), que involuntariamente (por medo ou ignorância) ou voluntariamente (por mero oportunismo individual) se perpetua, com os seres humanos prostrados de joelhos diante da exploração social no altar da iniquidade, ainda que tal ordem sócio-econômica esteja se exaurindo por sua própria ilogia. 
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CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO DESESPERO DOS IMIGRANTES – a diáspora mundial é bem maior do que constatamos pelo acompanhamento do noticiário internacional.

No nosso caso, são muitos os brasileiros com nível superior e bom nível de instrução que buscam a meca do capitalismo mundial (os Estados Unidos) ou países como o Canadá, Austrália e Portugal (que serve de porta de entrada para a comparativamente próspera União Europeia). 

Assim, o Brasil perde os cidadãos mais capacitados que forjou para o seu presente e futuro; e os brasileiros menos capacitados (vítimas de uma educação pública ineficiente e da segregação social cada vez mais acentuada) sofrem com o fantasma do desemprego estrutural, uma tragédia sem precedentes na nossa história.

Observamos, hoje, duas grandes rotas migratórias: entre os continentes e no interior destes. Ambas são representadas pela fuga desesperada das populações tangidas por governos tiranos (e pelo crime organizado) que tentam se manter no poder pela força, já que as insatisfações populares com a perda da qualidade de vida e de oportunidades profissionais desgastam ciclicamente os governantes. 
Em geral os déspotas se apoiam nos militares, que cumprem esse nefasto papel de manutenção de uma ordem decrépita nos países atingidos pelos desníveis de produtividade de mercadorias, que dita quem vai sobreviver ou morrer na guerra concorrencial de mercado. Quando você vir uma criança morta numa fronteira terrestre ao afogada num praia, debite tal acontecimento na conta da irracional lógica da autofagia de mercado.   

A completa impossibilidade de vida em seus países de origem é o que empurra milhões de famílias africanas para aventuras marítimas num trajeto de cerca de 350 quilômetros no mar Mediterrâneo, em embarcações precárias e sem a menor segurança, mesmo sabendo da rejeição cada vez maior de socorro por navios mercantes e governos insensíveis ao seu terrível drama humano.

Os imigrantes, quando conseguem escapar da morte por afogamento e chegar às praias europeias, são rejeitados como se fossem portadores de doenças contagiosas e colocados em tendas de acampamentos que chegam a lembrar as instalações daqueles campos de extermínio que nos horrorizam quando vemos filmes sobre o Holocausto. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

"...quando há uma terra prometida/ o bravo irá e outros o seguirão/ a beleza
do espírito humano/ é a vontade de realizar os próprios sonhos/ e assim,
as massas atravessam o oceano/ em direção a uma terra de paz e
de esperança/ mas ninguém ouviu uma voz ou viu uma luz/
enquanto era jogado na costa/ e ninguém foi recebido
pelo eco da frase Eu levanto minha lâmpada
junto à porta dourada..."     

sábado, 29 de junho de 2019

AO AMANHECER, NA RUA PRINCIPAL, OLHO NO OLHO COM DJANGO MACRON, KID BOLSONARO PISCOU!

josias de souza
BOLSONARO BEIJA A CRUZ POR ACORDO MERCOSUL–EU
Jair Bolsonaro emitiu na cidade japonesa de Osaka a senha que eliminou o derradeiro entrave para a assinatura, em Bruxelas, na Bélgica, da histórica aliança de livre comércio entre Mercosul e União Européia. 

Num encontro com o presidente francês Emmanuel Macron, o capitão beijou a cruz do Acordo de Paris, comprometendo-se com o respeito às metas de redução de gases poluentes. 

Macron voara para o Japão disposto a travar o desfecho da negociação com o Mercosul caso Bolsonaro não afastasse de vez o risco de retirar o Brasil do acordo climático de Paris. 

O gesto de Bolsonaro não foi banal. Marcou uma espécie de rendição do presidente brasileiro ao pragmatismo diplomático. Ele hesitava em reconhecer integralmente o Acordo de Paris desde a campanha presidencial de 2018. 

Na véspera, irritado com cobranças ambientais feitas pela premiê da Alemanha, Angela Merkel, Bolsonaro dissera que os alemães "têm a aprender muito conosco" em matéria de meio ambiente. Avisara que não desembarcara na reunião do G20 para "ser advertido por outros países". 

O ministro palaciano Augusto Heleno soara ainda mais corrosivo, recomendando a Macron e Merkel o seguinte: "Vão procurar a sua turma!" 
Macron exigiu que o Brasil cumprisse o Acordo de Paris...

Em Bruxelas, a delegação brasileira, comandada pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Tereza Cristina (Agricultura), procurava acertar-se com a turma europeia. 

Numa troca de telefonemas, Bolsonaro foi alertado para o fato de que os comentários feitos em Osaka ecoavam na sala de reuniões de Bruxelas. Não restava ao capitão senão abraçar as metas de Paris, pois o respeito ao acordo climático está expressamente previsto no tratado comercial do Mercosul com a União Europeia. 

Consumado o desfecho positivo, Bolsonaro foi às redes sociais para faturar a novidade como uma conquista pessoal. Deu de ombros para esforços realizados ao longo de duas décadas. Não mencionou o passado senão para magnificar o presente: "Histórico!", escreveu Bolsonaro. 
"Nossa equipe, liderada pelo embaixador Ernesto Araújo, acaba de fechar o Acordo Mercosul-UE, que vinha sendo negociado sem sucesso desde 1999. Esse será um dos acordos comerciais mais importantes de todos os tempos e trará benefícios enormes para nossa economia." 
...e Bolsonaro, engolindo as bravatas anteriores, cedeu...
No final de 2018, após a vitória de Bolsonaro na disputa presidencial, o então futuro ministro da Economia Paulo Guedes ofereceu uma ideia da importância que o novo governo atribuiria ao bloco regional que agora entusiasma o capitão: "O Mercosul não é prioridade", disse o Posto Ipiranga a uma repórter do jornal argentino Clarín. 
"Você está vendo que aqui tem um estilo que combina com o presidente, que fala a verdade. A gente não está preocupado em agradar." 
A arrogância era uma decorrência da desinformação. Sob Michel Temer, estreitaram-se as negociações do Mercosul com o bloco europeu. A coisa só não avançou porque o apodrecimento ético do governo Temer afugentou os parceiros. A gestão Bolsonaro encontrou a bola na marca do pênalti. Até Paulo Guedes percebeu que seria uma tolice não empurrar um bom acordo  comercial para o fundo da rede. 

De resto, é imperioso registrar que o fechamento do acordo foi azeitado por ninguém menos que Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos ameaça impor barreiras tarifárias para produtos procedentes da Europa. Acossados, os países europeus passaram a enxergar o Mercosul com outros olhos. 
...fazendo o chanceler bater em retirada com seu anti-globalismo

É como se dissessem para Trump: "Já temos para quem vender os nossos automóveis. E passaremos a comprar commodities  agrícolas do Brasil, não dos Estados Unidos." 

Suprema ironia: Ao fechar a economia dos Estados Unidos o populista preferido de Bolsonaro ajuda a abrir o mercado do Brasil. Grande avanço. 

Resta saber onde o chanceler Ernesto Araújo, ministro da cota de Olavo de Carvalho, vai acomodar o seu discurso anti-globalismo. É cada vez menor o espaço para a encenação daquilo que o ex-ministro Santos Cruz chamou de show de besteiras. (por Josias de Souza)

sexta-feira, 28 de junho de 2019

A GRANDE DIÁSPORA MUNDIAL – 1

"Não dá para viver na Líbia. Então, eu decidi fugir de barco. É preciso escolher entre morrer no mar ou morrer por causa de uma bala. Eu preferi o mar (Aída, 41 anos, resgatada em 2018 no Mediterrâneo pela ONG Médicos Sem Fronteiras) 
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A imagem de uma criança síria morta numa praia da Turquia em 2015, como resultado da imigração forçada por uma guerra cuja crueldade chocou o mundo, é bem mais expressiva do que as frias estatísticas. 

Corresponde, no seu contexto conceitual, às mesmas causas da imagem abaixo, recém-divulgada e que provocou idêntica repulsa, na qual um pai salvadorenho e sua filha de dois anos morrem afogados durante uma temerária tentativa de, exatamente, salvarem suas vidas. 

Já ao presidente destrumpelhado e aos muitos que priorizam acima de tudo a manutenção de suas luxos e privilégios,  tais episódios não chocam: sentindo-se incomodados com a presença dos coitadezas do capitalismo, consideram que os mortos são culpados pela própria morte, pois cometeram invasão não autorizada.

Por outro lado, para quem ainda guarda um pouco de sensibilidade humana e lucidez sobre a tragédia que se abate sobre a humanidade, aquelas mortes correspondem a dois assassinatos político-econômico-governamentais, cujos responsáveis têm nome e sobrenome.
Oscar Martinez Ramirez e filha: mortos na etapa final de sua jornada, quando os EUA estavam tão perto!
Vivemos a maior diáspora já registrada nos anais da história da humanidade e ela ocorre, simultaneamente, nos cinco continentes, não se podendo, portanto, minimizá-la como um fato social pontual, pois a sua abrangência e gravidade atestam o contrário. 

Nem se resume a uma questão de bom ou mau gerenciamento governamental. Trata-se, isto sim, da evidente saturação de um modelo social que não encontra conexão entre forma e conteúdo.

Estamos diante de um fenômeno que exige de nós muito mais do que prestação ou não de solidariedade às vítimas da hora. Trata-se de uma questão de responsabilidade social com nossos semelhantes, inclusive com aqueles que não foram (ainda) atingidos pelas labaredas do fogo que consome a lógica incendiária do capital. 

O fogo metafórico de que falo soma-se ao fogo real que ora consome a culta e ainda relativamente rica Europa, como nunca antes tinha acontecido, ateado pelo ecocídio igualmente em curso e pelas mesmas causas. 

Por que os Estados Unidos são a última ilha de prosperidade num mundo capitalista que desaba?

A resposta a esta pergunta não pode ser outra senão aquela que afirma a existência de vários fatores conjugados que ainda permitem o fausto da economia estadunidense quando comparada com a de outros países. 

Tal situação peculiar é (equivocadamente) utilizada como argumento para a afirmação da pretensa competência e correção de métodos e conceitos de Trump, bem como para erigi-lo em exemplo a ser seguido pelos desavisados.

A prosperidade estadunidense está na inversa proporção da pobreza mundial —não apesar,  mas por causa de tal pobreza—, daí a inconsequência ou amoralidade dos que a apresentam como modelo a ser imitado e buscado. 

Quando se analisa com lente de cuidadosa apreciação crítica os dados da economia estadunidense pode-se facilmente concluir que ela se assenta sobre artifícios que lhe são úteis e passam despercebidos no presente, mas que serão catastróficos no futuro próximo. e

Será quando poderemos comprovar, com a máxima clareza, que o gigante tinha (e tem) pés de barro. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

"...quando há uma terra prometida/ o bravo irá e outros o seguirão/ a beleza
do espírito humano/ é a vontade de realizar os próprios sonhos/ e assim,
as massas atravessam o oceano/ em direção a uma terra de paz e
de esperança/ mas ninguém ouviu uma voz ou viu uma luz/
enquanto era jogado na costa/ e ninguém foi recebido
pelo eco da frase Eu levanto minha lâmpada
junto à porta dourada..."

quinta-feira, 27 de junho de 2019

INVESTIGAÇÃO SOBRE UM AUTÓDROMO ABAIXO DAS PIORES SUSPEITAS

"dar pão e circo ao povo foi ideia dos cesares"
elio gaspari
O AUTÓDROMO
 DA DECADÊNCIA
Poucas questões refletem a decadência das administrações públicas nacionais como a crueldade embutida no projeto de construção de um autódromo no Rio de Janeiro. A ela associou-se o presidente Jair Bolsonaro. 

Ganha um fim de semana em Caracas quem for capaz de dizer que o Rio, falido, violento, com escolas e hospitais em pandarecos, precisa disso.

Criou-se até mesmo uma hipotética disputa com São Paulo, como se as corridas de automóveis tivessem grande utilidade. 

Começando pela história do autódromo de Interlagos, é bom lembrar que o nome da região foi associado a um ambicioso projeto imobiliário dos anos 20 do século passado. O empreendimento ruiu e a conta foi para a Viúva. O que deveria ser um bairro ajardinado virou um autódromo murado. Encravado numa região populosa, ele é um pouco menor que o aterro do Flamengo.

Enquanto o Rio deve a Carlos Lacerda e a Lota de Macedo Soares a transformação de pistas para automóveis numa joia da cidade, São Paulo ganhou uma cicatriz da privataria. A ideia de transformar Interlagos num parque renasce a cada dez anos, mas acaba travada pelos interesse sombrios que se movem em torno da corrida. 

Se o Grande Prêmio de Fórmula 1 for para o Rio, ou para Pyongyang, a cidade de São Paulo ganhará um jardim público facilmente financiável. 
Eles pensam que já esquecemos as maracutaias da Copa 

São Paulo também não precisa da Fórmula 1. A Parada Gay, a Marcha para Jesus e a Virada Cultural atraem muito mais visitantes, com maior participação popular e valor cultural.

Fica então uma pergunta: o Rio precisa do autódromo? Se precisasse, não teriam demolido o que existiu até 2012. Argumentando-se que voltou a precisar para receber a corrida de automóveis, cria-se um caso clássico de rabo abanando o cachorro.

A cidade teve os jogos da Copa, com a roubalheira da reforma e privatização do Maracanã. Logo depois, veio a fantasia da Olimpíada. A vila dos atletas está encalhada. As arenas e o parque aquático têm menos visitantes e atividades que as ruínas romanas das Termas do imperador Caracala.

O Rio fez sua Olimpíada na Barra da Tijuca e para lá estendeu uma linha de metrô. Quatro anos antes, Londres fizera a sua. Exagerando, as grandes obras dos ingleses foram para as cercanias de um bairro parecido com as terras da Baixada Fluminense (sem tiros) e para lá levou-se o metrô. Criou-se uma nova região, bonita e vibrante. Seu shopping center tem mais movimento que qualquer similar do Rio ou de São Paulo. 
Pais da criança: o que faz arminha e o que mira na cabecinha
A Olimpíada de Londres legou progresso, a do Rio sacralizou o atraso. Não é à toa que dois governadores estão na cadeia, onde passou uns dias o presidente do comitê dos Jogos. Já o prefeito maravilha perdeu a eleição do ano passado. 

Foi derrotado pelo juiz Wilson Witzel (Harvard Fake '15). Afora sair por aí dizendo que quer matar gente, sua ideia mais pomposa veio a ser a da construção do autódromo. Evidentemente, o custo seria coberto pela iniciativa privada. Conta outra.

A ideia de dar pão e circo ao povo foi coisa dos imperadores romanos à época em que a cidade controlava o mundo. Roma teve césares doidos, mas nenhum deles acreditou nisso quando o tesouro não tinha como pagar suas contas. (por Elio Gaspari)

E SE TOFFOLI SOLTAR O LULA DURANTE O RECESSO DO SUPREMO EM JULHO?

O pulo do gato que quase deu certo em julho passado...
A questão acima foi colocada pelo blogueiro do UOL Josias de Souza, que, contraditoriamente, sempre se mostra simpático à Lava Jato e quase sempre desce o cacete no Governo Bolsonaro, como se o segundo não fosse consequência direta da primeira. 

E como se o tenentismo togado pudesse propiciar outra coisa além de um(a) presidente da República autoritário(a) tentando impor sua vontade ao Legislativo e ao Judiciário.

O Josias é daqueles que acreditam na possibilidade de erradicar-se a corrupção sob o capitalismo. Eu considero mais plausível a existência de mula sem cabeça e fada dos dentes...

Mas, se a defesa do Lula protocolar no Supremo Tribunal Federal um habeas corpus para o libertar durante o mês de julho, a decisão caberá mesmo ao plantonista, ou seja, ao Dias Toffoli. Daí o receio do Josias, pois ele obviamente escreveu o post para que não aconteça uma repetição do solta-não-solta de quase um ano atrás, quando o desembargador Rogério Favreto, do TRF-4, esteve próximo de mandar Lula pra casa no seu plantão de fim de semana:
"Antes de vestir toga, Toffoli foi assessor da liderança do PT na Câmara, advogado eleitoral de Lula, auxiliar jurídico de José Dirceu na Casa Civil e advogado-geral da União no governo do agora presidiário petista.
...pode ser bisado e obter êxito em julho próximo...
A despeito desse histórico, Toffoli não hesitou há um ano em liderar na 2ª Turma a votação que abriu a cela de um José Dirceu já condenado em segunda instância a mais de 30 anos de cadeia".
Josias aconselha o Toffoli a negar o habeas corpus caso ele se corporifique nas suas mãos, sob pena de ter de passar "o resto da vida fugindo das mordidas" e de ser obrigado a trocar "o terno por uma armadura".

Eu admito que também temo tal hipótese, mas por motivo bem diferente. 

O Lula, com sua confusionista candidatura fantasma que jamais seria consentida pelo TSE e com sua desastrosa sabotagem (a puxada de tapete que deu no Ciro Gomes) à união da esquerda na eleição de 2018, já atirou a Presidência no colo do Bolsonaro.

Espera-se que, pelo menos, não ajude Bolsonaro a tornar-se um ditador. A única chance que o dito cujo tem de ser bem sucedido num autogolpe é utilizando novamente Lula como espantalho e açulando suas turbas contra o Supremo e o Congresso. A traquinagem petista/toffolista preencheria dois destes requisitos. 
...mas, seria sensato brincar com fogo no cenário atual? 
Correr tamanho risco apenas para garantir algumas semanas de liberdade para Lula (a decisão monocrática de Toffoli teria de passar pelo crivo do plenário tão logo o STF voltasse do recesso) seria o cúmulo da insensatez e do egoísmo. 

O diabo é que os dirigentes petistas várias vezes têm colocado os interesses específicos do partido acima dos interesses maiores da esquerda, dos trabalhadores e dos brasileiros em geral. 

Que botem a mão na consciência e não brinquem com fogo, pois muita gente boa se queimaria junto com eles. (por Celso Lungaretti)

quarta-feira, 26 de junho de 2019

SÓ AGORA PERCEBERAM QUE UMA DROGA CRUZA OS CÉUS EM AVIÃO DA FAB?!

O avião brasileiro no qual se transportavam 39 quilos de cocaína estava integrado à comitiva presidencial, mas era o reserva.

No titular havia mais ou menos o dobro de droga, só que de um tipo diferente: é consentida por um Judiciário pusilânime e seus efeitos, ao longo de quatro anos, serão muito piores que os da cocaína.

De resto, aproveito para repetir a ótima sacada do Juca Kfouri: ele escreveu que Caetano Veloso foi profético quando, meio século atrás, descreveu Brasília como a cidade na qual tinha "sob meus pés os caminhões, sobre a cabeça os aviões, aponta contra os chapadões meu nariz"...

SEGUINDO O HORÓSCOPO DO RASPUTIN DA VIRGÍNIA, OS BOLSONAROS SE DERAM MAL: VERDE-OLIVAS NÃO SÃO GALINHAS VERDES!

Os militares da ativa se distanciam do governo Bolsonaro...
igor gielow
BOLSONARO ACELERA DIVÓRCIO ENTRE MILITARES 
DA ATIVA E 
DO GOVERNO
A semana em curso deverá entrar para a crônica da renovada participação dos militares na política brasileira em 2019 como aquela em que se consolidou o divórcio dos interesses do generalato da ativa e o das alas fardadas que integram o governo de Jair Bolsonaro.

Como não há fim de relacionamento sem mal-estar, o saldo momentâneo é ruim para ambos os lados, restando saber se a resultante será um jogo de soma positiva, aquele em que todos ganham. Quem conhece a Força aposta num final feliz, dado o espírito de corpo dos militares, mas certamente não será um processo simples.

A história pregressa é conhecida. Bolsonaro era visto com um misto de repulsa e ironia pela cúpula militar até 2018, quando começou a ficar claro que ele seria o único com possibilidade de bater Lula ou o poste que o petista indicasse para a eleição presidencial.

O palco estava montado pelos generais da reserva e outros militares que haviam cercado a pré-campanha de Bolsonaro, encabeçados por Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira —este misteriosamente fora da composição final do ministério após a vitória. 
...por não aceitarem subordinar-se aos novos integralistas...

No centro da negociação estava o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, que via como inevitável a adesão das Forças à candidatura Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, advertia contra a contaminação política dos quartéis.

Fiador do apoio institucional a um presidente sabidamente inexperiente e disruptivo, Villas Bôas costurou tranquilidade ao período de transição, num acerto que incluiu a cúpula do Judiciário. A história dirá o grau de sua influência real, mas Bolsonaro tratou de agradecer a ele por ter chegado ao Planalto na primeira oportunidade pública que teve.

Já na reserva, Villas Bôas integrou-se ao time de militares que buscava trazer moderação ao Planalto bolsonarista —e não só, como a tutela imposta ao intempestivo chanceler Ernesto Araújo logo no começo do governo provou.Lá estavam Heleno, chefe nominal do ex-comandante, Santos Cruz e depois Floriano Peixoto. 

Esse acerto foi despedaçado com o expurgo palaciano promovido por Bolsonaro e seus filhos inspirados pelo escritor Olavo de Carvalho nas semanas que passaram.

Em conversas recentes, políticos ligados ao setor de defesa já apostavam entre si quanto tempo Heleno, outrora onipotente, aguentaria a fervura.
...enfurecendo Olavo de Carvalho e seus miquinhos amestrados
Enquanto isso, a ativa viu seu capital de imagem acumulado no pós-1985 ficar sob risco pela associação ao governo. Aproveitou a sucessão de crises para ir retrocedendo suas fronteiras. Culminou na 2ª feira (24), com o simbolismo de o Alto-Comando da Força não promover à sua elite de quatro estrelas o general da ativa que havia sido deslocado para o Planalto justamente para tentar controlar a verborragia presidencial como porta-voz.

Tal destino de Otávio do Rêgo Barros encerra essa ironia, não menos porque seu protagonismo incomodou colegas hierarquicamente superiores. Pesou também a política interna: o comandante do Exército, Edson Pujol, vem tentando estabelecer essa divisão igreja-Estado com o governo que havia sido apregoada por Villas Bôas ao mesmo tempo em que tenta sair da larga sombra de seu antecessor.

A quarta estrela do porta-voz foi um pedágio do entrechoque promovido pelo próprio Bolsonaro. Quais outros preços ainda virão, se é que virão, e suas consequências práticas para o arranjo institucional bastante esgarçado do presidente, estas são dúvidas no momento. (por Igor Gielow)
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Toque do editor: o título zombeteiro do post lembra o apelido dos integralistas de Plínio Salgado, galinhas verdes. E alude ao papel que Olavo de Carvalho esperava que os fardados desempenhassem, de forças auxiliares na implantação de um regime fascista. 

A hostilização que OC orquestrou contra os militares integrantes do governo foi uma reação à nenhuma disposição, por parte dos generais, almirantes e brigadeiros, de associarem-se aos planos malucos de um ex-capitão encrenqueiro e de um ex-astrólogo delirante. (por Celso Lungaretti)
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