sexta-feira, 31 de maio de 2019

NOTA OFICIAL DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONTRA MANIFESTAÇÕES DESTA 5ª FEIRA É INCONSTITUCIONAL E VAI SER CANCELADA

Por determinação conjunta da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Rio Grande do Sul, o Ministério da Educação terá de cancelar no prazo máximo de 10 dias a nota oficial que lançou nesta 5ª feira (30), ameaçando alunos, pais, professores e servidores do ensino que divulgassem ou estimulassem a participação nas manifestações contra os desmandos cometidos pelo MEC na atual gestão.

O Ministério Público Federal exige, ainda, que o MEC doravante se abstenha de cercear a liberdade de manifestação e de expressão do pensamento; e que faça uma retratação da posição assumida, pois esta feriu "frontalmente" a Constituição Federal.

O documento conjunto das duas procuradorias enfatiza que "a Constituição Federal prevê a liberdade de reunião e qualquer tentativa de impor obstáculos a esse direito é uma violação à legislação".

Assim, é vedada "qualquer tentativa de obstar a abordagem, a análise, a discussão ou o debate acerca de quaisquer concepções filosóficas, políticas, religiosas, ou mesmo ideológicas, inclusive no que se refere à participação de integrantes da comunidade escolar em atos públicos –o que não se confunde com propaganda político-partidária–, desde que não configurem condutas ilícitas ou efetiva incitação ou apologia a práticas ilegais".

O texto também adverte que "a quebra de autonomia de ensino abre o espaço para a prática da 'censura de natureza política, ideológica', em especial silenciamento de vozes que divirjam do governo".
É proibido proibir!, clamávamos em 1968. Teremos
de voltar a fazê-lo hoje? Andamos para trás?

DAVID EMANUEL COELHO DÁ AO PEQUENO NAPOLEÃO DA EDUCAÇÃO UM BILHETE DE IDA (SEM VOLTA!) PARA O HOSPÍCIO

O governo Bolsonaro é formado por uma trupe de oportunistas medíocres. Gente sem relevância ou destaque algum em suas áreas. Espelham, de certo modo, a própria nulidade do presidente. 

É típico dos medíocres elevados a posições de comando hipostasiarem seu poder. Como não possuem habilidades para exercer sua posição, partem para a prepotência, a carteirada e as ameaças. Usam a coerção não enquanto uma forma limite do poder, mas como seu único modo de exercício. 

O pseudo ministro da educação é um desses indivíduos. Economista pífio, professor nulo, entende tanto de educação quanto um asno entende de física nuclear. Igual a outros espertalhões, montou no cavalo selvagem do bolsonarismo como se não houvesse amanhã. Em qualquer outra condição, não seria alçado nem a coordenador de curso, muito menos a ministro de estado. 

Não tendo nada para apresentar na educação, resolveu que o melhor modo de justificar sua estada no ministério seria cumprir fielmente os sonhos ditatoriais de seu chefe. Então, desatou a guerrear contra professores e estudantes, impondo cortes punitivos e destratando a intelectualidade nacional. 

Logo veio a resposta, com manifestações históricas e uma união rara de professores, alunos, funcionários e reitorias. Até indivíduos despolitizados se mobilizaram, graças ao pseudo ministro da educação. 

Emparedado, foi esquecido inclusive pelos apoiadores de seu chefe, os quais, em diminutas micaretas, lembraram-se de apoiar até mesmo Paulo Guedes, mas não ele. Sua saída foi então apelar ao macartismo de extrema direita: é tudo culpa dos professores comunistas.

Sim, os professores (essa raça tão perigosa e com tanto poder em mãos!) fizeram pressão sobre milhões de alunos Brasil afora para que estes fossem participar das manifestações. 
Será que, após a exoneração, o Olavo me arruma outra boquinha?

Acredite quem quiser: eles não estariam contra o fabuloso ministro, mas indo às ruas – vejam só – para não levarem falta ou conseguirem alguns pontinhos a mais no boletim. 

Mas não bastava, os pais também estariam envolvidos, diabolicamente ameaçando seus filhos de punição se não participassem das manifestações para destruir a imagem do ministro e do seu grande chefe. 

Caso dito ministro tivesse senso de ironia, poderia ver o quão bizarra é tal acusação para um governo eleito com patrões – estes, sim, detentores de poder de vida sobre seus subordinados – ameaçando e constrangendo funcionários a apoiarem Bolsonaro. Que o diga o dono da Havan brandindo seu chicote moral contra funcionários cabisbaixos e submissos. 

Mas certamente, neste caso, o pseudo ministro da educação consideraria estar tudo dentro da boa regra do liberalismo, afinal o patrão não paga apenas pela força de trabalho de seus empregados, paga também por suas mentes, corações e votos. Quem não vota de acordo com a empresa, está contra ela. 

Tampouco acharia problemático a chantagem religiosa de pastores, bispos, missionários e outra cambada de cretinos bíblicos que subiram no púlpito para pregar a vinda do Messias, de nome Bolsonaro. Aí também estaria tudo bem, pois o rebanho serve ao seu pastor. 

O errado mesmo, crime mortal, é falar de política em sala de aula ou expor as entranhas do sistema desumanizante. Aí a coisa vira vandalismo... 

Por isso o ministro achou por bem criar um canal de denúncia contra supostas pregações ideológicas de professores contra alunos. Chegou mesmo a divulgar o vídeo de um professor de filosofia – meu colega – desancando o pseudo ministro e o presidente neofascista. Crime dos crimes. 

Para o pseudo ministro, a liberdade de expressão, a liberdade acadêmica e a liberdade política só existem dentro dos limites colocados por ele mesmo. A educação, em sua retrógrada mentalidade, é simplesmente uma correia de transmissão dos interesses do governo e da burguesia. Professores e alunos são seus subordinados, não possuindo, portanto, direito à autonomia.

No entanto, ignora o pseudo ministro a pujança e autonomia dos estudantes brasileiros, nas ruas há quase um século. Durante a ditadura militar foram fundamentais na resistência e possuem papel de destaque na vida política nacional desde 2013, quando puxaram as maiores manifestações da história nacional. 

Ao contrário do pensamento do pseudo ministro, os estudantes em muitos casos precisaram lutar contra professores despolitizados, carreiristas, reacionários ou mesmo acomodados, os quais colocavam obstáculos na ação dos estudantes, quando estes suspendiam aulas, faziam ocupações ou buscavam aderir a greves. 

Pessoalmente, fui testemunha de ameaças de colegas professores contra estudantes, não de tirar pontos deles para participar de manifestações, mas de tirar se estes faltassem à aula para aderir a paralisações. 

Fui testemunha ocular quando um professor de história (!) desancou todo um auditório de estudantes idealistas – mobilizados contra a reforma trabalhista  acusando-os de serem idiotas e qualificando a greve de inútil. Tudo para ficar bem diante dos superiores. 

Quem conhece bem a dinâmica universitária sabe que convocação de professor para manifestação é algo tão raro quanto um argumento bem elaborado por Bolsonaro. Quem primeiro levanta e se indigna são os estudantes. 

Enfim, o patético pseudo ministro da Educação apenas provou, com sua reação autoritária, o quanto já perdeu a guerra. Não tem condições de harmonizar a comunidade escolar brasileira e, por isso, só pode apelar à perseguição, a qual, conforme mostra a história repetidas vezes – e já ensinava Montesquieu – nunca terá como vencer no médio e longo prazo. No caso do pseudo ministro, nem no curto. 

Pensou ser um Napoleão, mas era apenas um pequeno Napoleão, de hospício. (por David Emanuel de Souza Coelho)

CLÓVIS ROSSI PERCEBE EM WEINTRAUB "DESVIOS DE PERSONALIDADE QUE VÃO ALÉM DE SUA PRECÁRIA ESCOLARIZAÇÃO"

clóvis rossi
PRÓXIMA ETAPA DO MINISTRO
DA  EDUCAÇÃO: MANDAR
 QUEIMAR LIVROS
Depois da abjeta sugestão para que pais, professores e estudantes denunciassem quem participasse de manifestações, o próximo passo do ministro Abraham Weintraub é propor a queima de livros (de preferência, todos os que não sejam os de Olavo de Carvalho, claro).

Seria absolutamente coerente com a confessada admiração de ilustres governistas pela ditadura de Augusto Pinochet Ugarte. Fui testemunha ocular, nos primeiros dias da instalação da ditadura, de uma queima de livros no centro de Santiago. Gerou fotos que correram o mundo porque lembravam, obviamente, as piras que a Alemanha nazista montou para queimar livros.

A ordem de Weintraub, além de abjeta por si só, revela desvios de personalidade que vão além de sua precária escolarização, já revelada ao escrever insita em vez de incita
Queima de livros marcou a ditadura de Pinochet...

Agora que incita o pessoal a ser traíra, para usar a palavra que os jovens preferem, fica claro que não tem noção de convivência.

Algum pai denunciaria o filho se este saísse de casa para ir à manifestação? É óbvio que não, a menos que a manifestação fosse ilegal, o que não é o caso. 

Por este último aspecto, fica claro que o ministro também não conhece o funcionamento da democracia.

Natural, aliás, em quem aceita ser ministro de quem, como Jair Bolsonaro, defende a ditadura e elogia um torturador condenado, caso de Brilhante Ustra.

Não me lembro de o ministro ter sugerido que fossem denunciados os que participaram da manifestação a favor do governo no domingo (26). Na particular democracia desse cidadão, só tem direito a se manifestar quem é a favor do governo (do governo dele, claro).
...e também a de Getúlio Vargas.

Suspeito que, além de sugerir a queima de livros, o ministro pense em entronizar como patrono da Educação o general espanhol José Millán Astray (se é que Weintraub já ouviu falar dele, o que é improvável). 

Milán Astray, em 12 de outubro de 1936, na cerimônia de abertura do ano letivo na Universidade de Salamanca, empolgando-se com o avanço das tropas franquistas, reagiu violentamente contra o discurso do reitor, o reputado intelectual Miguel de Unamuno, e soltou: Abajo la inteligencia, viva la muerte.

FAUSTOFFOLI FIRMA UM SUPREMO PACTO COM BOLFISTÓFELES

"O Judiciário não atravessa a praça para somar forças com o Executivo e o Legislativo. Se o fizer, fatalmente acabará disputando o protagonismo. Será massa negativa —aquela que, na soma, diminui. 

Os outros dois Poderes é que fazem o movimento contrário quando, diante de uma dissensão insanável, buscam a Justiça. Aí, então, atua o Moderador.

Ora, como é possível que o Poder Irrecorrível se meta em porfias políticas —e isso fatalmente aconteceria— para, mais tarde, atuar como o juiz isento do que escapou, então, ao chamado pacto?" (Reinaldo Azevedo)

OS POLÍTICOS ESTÃO TODOS ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA – 2

(continuação
A reforma da previdência social, que provoca um rombo de mais de R$ 200 bilhões no orçamento público (déficit que tende a crescer cada vez mais!), não é questão de fácil administração, pois implica restrições aos direitos dos beneficiários, de forma a adequar essa realidade capitalista às exigências contábeis do déficit público. 

É isto que está na base do consenso das elites governamentais, por elas falaciosamente chamado de pacto da governabilidade.

Tenta-se de tirar dos pobres trabalhadores rurais, velhos e deficientes a já precária proteção previdenciária per capita, bem como de se fazer o alongamento temporal do direito à aposentadoria, tudo dentro da racionalidade capitalista segundo a qual é preciso manter-se saudável e saldável a lógica (depressiva) do sistema.

Trombeteia-se que o déficit público se constitui na causa da depressão econômica, quando na verdade ele é o efeito de uma lógica de reprodução do valor que encontrou o seu ponto de saturação. Tal equação somente se resolve com a superação da mediação social pelo valor (dinheiro e mercadorias), a qual implicaria a superação do Estado e de todas as instituições que estão a lhe servir.

Toda essa racionália se desenvolve dentro da lógica capitalista de mediação social, como se não houvesse outra possibilidade de convivência social senão a partir da produção de valor (dinheiro e mercadorias); então, nela prevalece a tese de que se tem de matar o paciente para acabar com a doença. 

A submissão à lógica capitalista mundial é flagrante: de nenhuma das análises políticas e midiáticas consta, p. ex., o repúdio às elevadas taxas de juros pagas pelo Brasil no mercado financeiro internacional, as quais correspondem ao dobro do déficit orçamentário da previdência social. 

O consenso do dito pacto da governabilidade é forte em sacrificar os fracos, mas fraco em atingir os agiotas internacionais. 
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SOBRE UMA IMPROPRIEDADE DE FUNÇÃO CONSTITUCIONAL — Em nenhum lugar do mundo onde haja pactos políticos envolvendo o Executivo e o Legislativo se constata a presença da corte constitucional representada pelo seu presidente.

A impropriedade se deve a dois aspectos distintos da função jurisdicional: 
— o presidente do Supremo Tribunal Federal representa, obviamente, o órgão maior do Poder Judiciário no que diz respeito às solenidades e temas concernentes à ordem constitucional do país, mas nunca em ações políticas cujas constitucionalidades possam ser objetos de questionamentos e análises jurisdicionais pela Corte Suprema; e   

— cada ministro integrante do STF tem voz própria nas suas decisões e não podem ser representados por ninguém, principalmente quando se trata de um pacto político de cujo teor possam discordar.
Cara de um, focinho do outro...
Mas no Brasil tudo pode quando se trata de um conchavo das elites para salvar a cidadela protetora da (des)ordem capitalista.

Pois não é que, em nome de uma harmonia que revoga a pretensa independência dos Poderes do Estado, o ministro José Antônio Dias Toffoli aceitou participar de um acordo político para a governabilidade?! 

Ainda por cima, comprometeu-se a assinar uma carta de princípios sobre o tema, conforme divulgado pelo chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni...

O Brasil é o campeão quando se trata de desigualdades sociais entre as elites e o povo. Que país civilizado tem uma renda domiciliar per capita domiciliar de R$ 1.373,00 (segundo o IBGE), mas paga a seus magistrados um salário trinta vezes maior e a seus parlamentares, um salário cem vezes maior? 

Qual o critério de realização da justiça, quando em sua origem está uma ordem social injusta nos seus mecanismos de mediação social (lógica do valor) e quando se pratica a injustiça salarial para favorecer exatamente aqueles que são incumbidos da defesa de princípios isonômicos de tratamentos sociais? 

É por estas e outras que nos entristecem tanto os últimos acontecimentos políticos, com significativa parte da população ainda se deixando enganar por salvadores da pátria e apoiando candidatos comprometidos com a imposição de medidas político-administrativas antipovo. 

Ou seja, muitos que seriam terrivelmente prejudicados contribuíram para o aprofundamento das próprias desgraças, comportando-se como desavisados zumbis nas praças públicas, enrolados no verde-amarelo da pátria desalmada, Brasil! (por Dalton Rosado)

quinta-feira, 30 de maio de 2019

ENQUETE DO BLOG: O WEINTRAUB É MAIS GROTESCO AO IMITAR O GENE KELLY OU AO SE FINGIR DE MINISTRO DA EDUCAÇÃO?

renato terra
WEINTRAUB BLOQUEIA SOL NO FINAL
DE SEMANA: "VAI CHOVER GRANITO"
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou que contingenciará o sol no final de semana. "A frente fria chegou ao MEC. No que depender de mim, haverão chuvas de granito", explicou, enquanto abria novamente o guarda-chuva.

Weintraub negou que esteja se protegendo de uma chuva de críticas pelos cortes na educação e pelos recorrentes erros de português. "Não quero insitar os estudantes que não sabem a fórmula da chuva, mas não podemos prever o que vai acontecer. Aliás, não há indícios concretos para acreditarmos em meteorologia".

No final da apresentação, técnicos do governo fizeram um alerta: "Todo mundo sabe que abrir guarda-chuva em local fechado traz má sorte".
O vídeo do topo mostra uma das melhores coreografias já apresentadas no
cinema; o outro vídeo é um atentado à verdade (vide aqui) e ao bom gosto.

OS POLÍTICOS ESTÃO TODOS ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA – 1

dalton rosado
O CAOS SOCIAL E O PACTO DA GOVERNABILIDADE OPRESSORA
O capitalismo mundial está mal; o capitalismo brasileiro vai de mal a pior; a realidade social é trágica. 

Só nesses últimos dias, mais uma matança rotineira nos presídios de Manaus, com dezenas de presos trucidados; ela veio somar-se a tantas outras, pois as ocorrências de chacinas de grupos de pessoas nas cidades brasileiras são igualmente rotineiras. 

As vãs promessas de campanhas de candidatos empunhando armas para o combate à criminalidade se demonstram falaciosas diante de uma população perplexa. 

Ao invés de uma linha de pacificação social vemos uma proposta governamental de armamento da população como autodefesa diante da impotência estatal e da eternização de uma relação social conflituosa, marcada por uma autofagia competitiva (todos se tornam adversários de todos) e falimentar.

O próprio governador de Manaus afirmou que vai rescindir um contrato de administração de presídio privado segundo o qual um preso custa R$ 4 mil mensais, afora os gastos com policiais militares, veículos e transporte de presos, juízes, promotores, funcionários do judiciário, gastos de manutenção, material de expediente, edificações e conservação de prédios, etc., etc., etc.   

Conclusão: o custo da manutenção de um único preso excede em muito o valor da remuneração de um professor, ainda mais agora que as verbas para a educação estão sendo reduzidas. 

A criminalidade provocada por um contrato social capitalista falido é insuportável. Precisamos ter sabedoria para detectar as causas de base e podermos superar tudo isto. 
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SOBRE O PACTO DA GOVERNABILIDADE — Noticiou-se nesta 3ª feira (28) à ocorrência de uma reunião dos representantes dos três poderes do Estado para a celebração de um pacto da governabilidade, tendo em vista o acirramento das tensões populares açuladas pela crise econômica brasileira e pelo déficit crescente das contas públicas. 

É que as finanças públicas estão cada vez mais debilitadas e com endividamento crescente, de vez que a saúde de erário depende das relações econômicas capitalistas em declínio. 

Tal fato se agrava em razão dos inevitáveis gastos com as incumbências constitucionais do governo e do tradicional assalto ao chamado dinheiro da viúva (pago pelo povo) por parte de políticos, empreiteiras, agiotas nacionais e internacionais, parasitas disfuncionais, privilegiados da casta governamental com salários muito acima da média nacional, etc., etc., etc.

Tal é a importância do Estado para a manutenção da ordem econômica segregacionista do capital que, diante da possibilidade de agravamento da ingovernabilidade declarada, juntam-se os representantes dos poderes institucionais para fazer um pacto da governabilidade e enfiar goela abaixo do povo tudo que é restrição de direitos adquiridos.

Tenta-se convencer as vítimas (o povo) de que o apertar dos cintos é necessário para uma prometida e futura barriga cheia; trata-se de uma balela que, no Brasil, já dura 519 anos.  

É notória a consensualidade dos donos do poder político em obediência às ordens ditatoriais do capital, decorrente de um instinto de sobrevivência política e sistêmica desenvolvido ao longo dos séculos. 

Mas, como no capitalismo tudo é contraditório, tal tal pacto da governabilidade, cujo escopo final é a manutenção da opressão, tem um lado difícil de se sustentar: o cumprimento da promessa da retomada do desenvolvimento econômico num país que tem leis de 1º mundo e economia de 3º mundo, tratado como primo pobre pelo capitalismo internacional, ainda mais no atual quadro de recessão econômica mundial. 

Eis uma comprovação de quão falaciosa é a promessa de que uma retomada do crescimento econômico nos conduzirá ao paraíso: mesmo nos tempos de PIB elevado (como o de 5,1% nos idos de 2008, quando ocorreu aquilo que o então presidente Lula supunha ser apenas uma marolinha econômica, sem a mínima noção dos efeitos que dela adviriam posteriormente), os índices de desigualdade social no Brasil já eram inaceitáveis e alarmantes.

As contradições entre as exigências da governabilidade a partir de critérios econômicos e o discurso político-eleitoral continuam a aguçar-se, evidenciando aos olhares mais atentos a inconsistência das manobras políticas que tentam dar sustentação àquilo que é cada vez mais insustentável por sua própria natureza lógica. 
É que as manipulações das consciências têm pernas curtas. Por mais que o poder econômico influa nas eleições no processo dito democrático do capitalismo liberal, há sempre o desejo dos políticos de se manterem minimamente acreditados perante o seu eleitorado. 

Assim, como são sabedores de que, mais cedo ou mais tarde, ditos eleitores compreenderão a falácia das restrições de direitos ora propostas pelo governo em nome de uma futura melhora de vida, as reformas tendem a sofrer reduções no parlamento naquilo que forem flagrantemente prejudiciais ao eleitorado. Eles estão todos entre a cruz e a caldeirinha. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

quarta-feira, 29 de maio de 2019

GOVERNO É INTELECTUALMENTE DOMINADO POR UM "FARSANTE, OBSCENO E FASCISTA, UMA ESPÉCIE DE RASPUTIN DE BORDEL"

rogério cezar de cerqueira leite
CARTA A UM JOVEM BRASILEIRO
Eu gostaria de escrever-lhe uma carta sobre poesia, embora sem o talento do alemão Rainer Maria Rilke, sobre a importância da literatura, das artes, do conhecimento; enfim, sobre tudo o que enriquece a humanidade. Mas, eis que nossos líderes agridem tudo que alicerça a cultura de um povo, tal seja a filosofia, a sociologia, a história.

Eu queria escrever-lhe sobre a dádiva da natureza ao brasileiro, sobre as nossas matas, os nossos rios, a nossa fauna e a nossa rica e bela biodiversidade. Pois bem, nossos dirigentes não apenas corrompem as providências para amenizar as inexoráveis e trágicas consequências do aquecimento global como também incentivam o desmatamento e a poluição da atmosfera.

Eu queria falar-lhe, jovem brasileiro, da dignidade do trabalho e da necessidade de conhecimento para enfrentar a dinâmica implacável do progresso tecnológico. Entretanto, esse novo governo asfixia nossas universidades com cortes de verbas e obtusa perseguição.

"nossos líderes agridem tudo que alicerça a cultura de um povo"
Eu queria falar-lhe de ciência e tecnologia, da consequente industrialização do nosso país e dos benefícios sociais e econômicos que adviriam de investimentos em pesquisas. Mas esses nossos governantes continuam a desindustrialização começada nos governos Collor e FHC, cortando recursos para ciência, tecnologia e formação pós-graduada, sem o que não haverá industrialização possível já em futuro próximo.

Eu queria escrever-lhe sobre o valor da cidadania, da liberdade, sobre a decência do homem de bem. Porém, esses arremedos de déspotas que presidem esta nação liberam a posse de armas, cooptam e protegem milicianos, homenageiam extorsionários e torturadores, estimulam a violência.

Eu gostaria de poder falar-lhe sobre nosso país, sobre nossa história, nossa arte, nossos escritores, nossa música, nossas conquistas. Mas não posso. Nosso país se curva aos interesses imperialistas dos EUA. 

Eu queria falar-lhe do ideal de justiça, da solidariedade. Contudo, só vejo ostentação, narcisismo. Juízes vivendo em palácios nababescos, servidos a lagostas, pagas com o suor do trabalhador brasileiro.  
"corte de verbas e obtusa perseguição"
O que um juiz do Supremo come de lagosta e bebe de vinho importado, diariamente em uma única refeição, equivale ao que come por mês uma família que vive com salário mínimo. E, ao contrário de suas excelências, o cidadão brasileiro paga por suas refeições.

Eu pensava em conversarmos sobre seu futuro, seus sonhos. E olho para nossos congressistas, supostos guardiões da cidadania e de seu porvir. E só ostentam escandalosa cupidez.

Confesso que eu queria inculcar-lhe, jovem brasileiro, uma certa compulsão por justiça social, um certo interesse pelo próximo e pelo distante, um pouco de civilidade enfim. 

Mas seria um esforço perdido, tendo em vista a dominação intelectual e ideológica desse governo por um farsante, obsceno e fascista, uma espécie de Rasputin de bordel.

Eu gostaria de encontrar alguma palavra de alento para apaziguá-lo. Eu não queria ser cínico ou parecer desalentado, derrotado. Seria talvez bom se eu pudesse fingir, mentir um pouco. 

Mas não. Só posso pedir-lhe que me perdoe, e a todos aqueles das gerações que precederam a sua, pelo que lhe subtraíram e talvez também pelo que lhe ensinaram. (por Rogério Cezar de Cerqueira Leite, 87 anos, lenda viva da ciência brasileira )

terça-feira, 28 de maio de 2019

"BOLSONARO É EFEITO. O CAPITÃO APENAS ECOA UMA AGENDA DO PEDAÇO DO BRASIL QUE DECIDIU VIVER NA IDADE MÉDIA"

josias de souza
CRITICAR MASSACRE DE PRESOS VIROU CHATICE NO BRASIL
Há uma mutação ética nas cadeias e no Brasil. Dentro dos presídios, o sangue jorra sem culpa. Fora, o incômodo com a matança é condenado por chatice. 

Dentro, ouve-se o barulho dos membros das facções matando-se uns aos outros. Fora, escuta-se o silêncio da sociedade, grata à bandidagem pelo autoextermínio. 

Em menos de 24 horas —entre o domingo e a 2ª feira— foram executados pelo menos 55 presos nas cadeias do Amazonas. Alguns foram asfixiados. Outros foram mortos a golpes de cabos de escovas de dente. Dizer que isso é um horror soa ridículo. Por duas razões. 

Primeiro porque meia centena de cadáveres parece pouco para os padrões nacionais. Há dois anos rebeliões em cadeias do Amazonas, de Roraima e do Rio Grande do Norte produziram 126 cadáveres. Muitos foram decapitados. Alguns, esquartejados.  

A segunda razão é que o horror adquiriu entre nós uma naturalidade hedionda. É cada vez menor o número de brasileiros dispostos a esboçar reação. É matança de bandidos? Pois que se matem! De preferência, com requintes de crueldade. 

Seria injusto atribuir a falência do humanismo ao capitão. Em 2017, bem antes da disputa presidencial, o Datafolha informara que 57% dos brasileiros concordavam com a máxima segundo a qual "bandido bom é bandido morto." 

Ou seja, ao eliminar desafetos, as facções criminosas não fazem senão satisfazer a vontade da maioria. Produzem seus carandirus sem a participação da Polícia Militar. Unem útil ao agradável. Defendem seus territórios e seus negócios. E ainda atendem à demanda social por sangue. 

Num cenário assim, o discurso encrespado de Jair Bolsonaro virou sentimento médio. O capitão apenas ecoa uma agenda pertencente ao pedaço do Brasil que decidiu viver na Idade Média. Bolsonaro é o efeito. A causa é a perpetuação de um sistema político que não aprendeu a produzir soluções.

Na campanha presidencial, em meio a críticas ao Supremo e ao Congresso, Bolsonaro trazia na ponta da língua um plano de governo para lidar com as facções criminosas. Revelava-se adepto do modelo da Indonésia, onde traficantes e consumidores de drogas são condenados à morte. 

Bolsonaro dizia apreciar também a fórmula das Filipinas, onde os bandidos são passados nas armas sem a necessidade de uma sentença formal. "Tinha dia de morrer 400 vagabundos lá. Resolveu a questão da violência", afirmava.

Como não há pena de morte no Brasil, o capitão distribui portes de armas para civis e providencia o excludente de ilicitude —um outro nome para a licença concedida aos policiais que quiserem contribuir para a consolidação da máxima segundo a qual bandido bom é bandido morto

De resto, Bolsonaro cultiva um amor maternal pela superlotação carcerária. "Cadeia é como coração de mãe, sempre cabe mais um." Contra esse pano de fundo, não dá mais para analisar fenômenos como os massacres carcerários em termos de justiça e de moral.

A justiça agora se faz também nas celas, onde o crime e a sentença de morte moram perto um do outro. Dentro da cadeia, a fixação dos limites da moral dispensa régua, compasso e marcos civilizatórios. Tudo se resolve com um cabo de escova de dentes enfiado na jugular. Do lado de fora, a moral virou uma abstração imensurável. 

O que um dia foi execrável, hoje é rotina. Na época do Carandiru, há 27 anos, massacre de presos era coisa abominável. Hoje, criticar o extermínio de presidiários virou uma chatice impatriótica. 
(por Josias de Souza)
"Veio pra cidade em busca de conforto / Mas só vai ter descanso depois de morto"
 (para quem não sabe, Erasmo Carlos já compôs versos contundentes como estes)

segunda-feira, 27 de maio de 2019

OS PROTESTOS DOS ESTUDANTES DERAM DE GOLEADA NAS MANIFESTAÇÕES DESSES BOLSONARISTAS RECALCITRANTES

dalton rosado
DIMENSÃO, CONTEÚDO
E SIGNIFICADO DAS MANIFESTAÇÕES
 PRÓ-GOVERNO
Considerando-se a população das grandes capitais onde ocorreram as manifestações pró-governo, podemos afirmar que elas foram pouco expressivas. Não havia nelas o sentimento aguerrido dos atos públicos cujos participantes estejam convictos e seguros da justeza dos seus propósitos.

Havia mais gente no Maracanã para assistir ao jogo Flamengo x Atlético Paranaense (mais de 45 mil pagantes) do que na manifestação pró-governo no posto 5, em Copacabana.

Isto ocorre porque as bandeiras e práticas governistas, após quase cinco meses de desgoverno, não correspondem às expectativas criadas pelo candidato durante a campanha eleitoral. 

Pode-se até considerar como razoável o número de pessoas nas manifestações Brasil afora, mas isto se deve ao fato de que algumas bandeiras calam profundo no sentimento das pessoas, como a aversão majoritária ao segmento político parlamentar e a repulsa à corrupção com o dinheiro público, alardeada por tudo e por todos como a causa primária da miséria social (o que é algo profundamente equivocado, embora ela seja mesmo repulsiva). 

O bolsonarismo termina chamuscado na sua pretensão de comprovar a existência de apoio popular ao seu projeto de governo absolutista a partir da ligação direta com as ruas, atropelando as instituições (judiciário e legislativo). 

Para tanto, seriam necessários muitos milhões de pessoas a clamarem pelo autoritarismo, permeando um sentimento social majoritário conservador (que não existe); e, mesmo assim, tal iniciativa se configuraria como uma estratégia profundamente temerária.

Há um núcleo duro bolsonarista norteando ideologicamente as ações de governo. Ele considera que o que foi bom para vencer as eleições pode ser bom para estabelecer no Brasil um governo autocrático, à imagem e semelhança do que está a ocorrer em alguns países mundo afora (a Turquia é um dos muitos exemplos admirados por essa turba). 

Este é um equívoco estratégico sério e que pode encurtar a trajetória governamental do presidente eleito, pois se constata uma flagrante perda de consistência do apoio popular de que ele desfrutava antes da posse (note-se que recebeu o voto de apenas 39,3% do total de eleitores).

Hoje, a bandeira mais presente nas manifestações bolsonaristas já não é mais o petismo como causa das nossas dificuldades (até porque tal argumento não mais corresponde à polaridade política e o PT já está há três anos fora do poder), mas o preconceito anti-política convencional e anti-parlamento, tidos por tais simplistas como fator impeditivo da governabilidade, discurso que assumiu o protagonismo das desculpas governistas para o fracasso inicial evidente. 

Entretanto, o governo já se apercebeu do perigo que significa optar pela via do autogolpe institucional num país com as características do Brasil, que, apesar de periférico do capitalismo no que diz respeito aos seus indicadores econômico-sociais, tem grande importância no concerto mundial  por ser a oitava economia do mundo, num território continental  e com uma população de mais de 200 milhões de habitantes.

O recuo ao apoio às manifestações pelo presidente e seus ministros, além de segmentos de direita como o Movimento Brasil Livre, demonstra o receio existente com relação à defesa de um autogolpe. O culto evangélico com a presença e pronunciamento do presidente, tendo ao fundo a bandeira brasileira, é bem uma demonstração do apoio cauteloso e sob disfarce às manifestações que ocorriam naquele exato momento. 

Como já afirmei neste artigo, o Brasil não é para principiantes. Por mais que o capitão presidente Boçalnaro, o ignaro, seja despreparado para o cargo, há muitos oportunistas bem informados ao seu derredor que farejam os riscos de um autogolpe, percebendo que uma aventura destas poria tudo a perder (para eles, os áulicos do poder).  

Agora, o que já era ruim para o governo piorou. O segmento parlamentar cutucado com vara curta pelas manifestações pouco expressivas e incitadas pelos bolsonaristas, tende a retaliar as ofensas recebidas; deverão aumentar as dificuldades para a aprovação de medidas claramente impopulares, ditadas pela debacle do capitalismo e do seu Estado falimentar. 

Entendo que, aos poucos e aos trancos e barrancos, vai caindo para o povo a ficha do que está ocorrendo socialmente, pois entra governo, sai governo e as coisas só pioram no Brasil. O cidadão comum, mesmo sem ter uma noção mais precisa da causa motriz dos seus problemas, começa a compreender que há algo de mais profundo como substrato da miséria social que se aprofunda:
— se o segmento político deve ser superado, isso não significa que deva ser substituído pelo autoritarismo truculento de governos messiânicos capitalistas liberais;
— se a corrupção com o dinheiro público deve ser combatida, isso apenas quer dizer que deveremos superar tanto o dinheiro público como seus administradores corruptos, aí incluído o Estado que cobra os impostos extorsivos (os quais serão inevitavelmente garfados, em parte, pelos políticos) de uma população economicamente exaurida.

Pari passu às manifestações pouco expressivas e com as bandeiras socialmente reduzidas como as deste domingo, vemos uma grita geral de vários segmentos sociais expressivos que estão sendo diretamente atingidos pela falência do capitalismo e do seu Estado — cujas mazelas estão se acentuado à medida que o atual governo é desprovido norte referencial eficaz, além de idiossincrásico e desconexo.

Comparativamente, as manifestações estudantis por uma questão específica como o corte das verbas para a educação corresponderam a uma goleada de 10x0 sobre as manifestações dos bolsonaristas ainda recalcitrantes e cada vez em menor número. (por Dalton Rosado)

domingo, 26 de maio de 2019

A BALBÚRDIA DOMINICAL DOS FEIOS, SUJOS E MALVADOS DEU CHABU

Bolsonaro fez o de sempre: piorou o que já estava ruim. 

Tentou obscurecer a imagem das belas manifestações dos estudantes contra o destruição da Educação lavada a cabo pelos sinistros ministros olavetes mas acabou por reavivá-las, o mais desfavoravelmente possível para si. Fracassou rotundamente.

As avaliações da mídia são quase todas no sentido de que a balbúrdia dominical dos feios, sujos e malvados no máximo igualou numericamente os protestos estudantis. 

Mas, seu espectro era muito mais amplo e tinha o próprio presidente da República fazendo proselitismo descarado. Igualar, nessas condições, equivale a perder de goleada.

De resto: 
— expôs fraturas significativas nas forças de apoio ao bolsonarismo; 
— fez soar os mais estridentes alarmes no Congresso Nacional e no STF, que tendem a doravante colocar cada vez mais pedras no caminho de quem já vinha colecionando derrotas aos montes; 
— impulsionou um aumento expressivo das dúvidas nos círculos decisórios (até quando o poder econômico continuará pacientemente aguardando a entrega da contrapartida que exigiu de Bolsonaro para conduzi-lo poder?); e
— reforçou a convicção, esposada por contingentes cada vez maiores de brasileiros, de que o verdadeiro objetivo desse caótico governo é golpista, na linha da fracassada tentativa de Jânio Quadros em 1961, quando tentou esvaziar os outros Poderes e acabou sendo por eles esvaziado.

O sucesso dos direitistas nas ruas durante a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff se deveu, basicamente, à desastrosa política econômica por ela adotada, causadora de uma aguda recessão; e ao antipetismo insuflado dia e noite pela indústria cultural. 

Fora Dilma! era uma palavra de ordem simples, clara e agregadora, pois vinha ao encontro de um sentimento compartilhado por muitos.

Já a micareta deste domingo atirava em direções demais (a favor da reforma da Previdência e do pacote anti-crime do Sérgio Moro; defendendo o indefensável governo do pior presidente brasileiro de todos os tempos; tentando intimidar a imprensa; atacando ministros do Supremo; hostilizando estudantes, professores, a intelligentsia como um todo e toda e qualquer manifestação de vida inteligente; satanizando o Rodrigo Maia; descendo o pau no MBL, etc.) .

Errou todos os alvos, menos o pé do Bolsonaro, que deve estar com mais furos do que uma peneira...
Há algumas semanas coloquei em questão se o homem da arminha conseguiria manter-se à testa do governo durante, pelo menos, os 200 dias que o homem da vassoura aguentou antes de despencar; foi, contudo, mais como zombaria e sarcasmo, pois não consigo levar a sério isso que está aí

Começo agora a crer que a profecia poderá tornar-se realidade. (por Celso Lungaretti)
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