quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O QUE O 'PEQUENO CAPORAL' TEM EM COMUM COM O 'FILHO DO BRASIL'?

Uma interessante mini-série de TV francesa que acrescento agora aos filmes para ver no blogue é Napoleão (2002), cinebiografia do maior gênio militar dos últimos séculos, comparável apenas aos maiores da Antiguidade: Alexandre, o grande, e Anibal, o conquistador.

Com pouco mais de seis horas, reconstitui satisfatoriamente os fatos marcantes da trajetória do pequeno caporal (interpretado pelo ótimo Cristian Clavier), pois o diretor Yves Simoneau é competente artesão; ficou-nos, contudo, devendo uma interpretação do sentido dessa trajetória, tarefa para a qual seria necessário um cineasta maior como Gillo Pontecorvo, Costa-Gravas e Francesco Rosi; ou, pelo menos, um Damiano Damiani ou Elio Petri. 

Ou seja, mostrou-nos a História vista a partir de fora, e fê-lo bem; os mais exigentes preferiríamos que tentasse explicar também por que as coisas aconteceram dessa maneira, e não de outra qualquer. Faltou essa exegese. 

E ela, por paradoxal que pareça, aproximaria Napoleão Bonaparte de Lula de Silva. Dois que saíram do nada e foram muito mais longe do que se poderia esperar.

Mas, também, dois que traíram as esperanças por eles mesmos despertadas e acabaram encontrando um Waterloo inglório.

Napoleão salvou e consolidou a Revolução Francesa, mas ao preço de detê-la nos marcos atingidos, contendo seu ímpeto revolucionário.

Lula levou o petismo ao poder, mas ao preço de castrá-lo, igualmente travando sua dinâmica transformadora.

E embora tenham, no final das contas, sido providenciais para a burguesia, acabaram vitimados por sua ingratidão: foram por ela destruídos. 

O primeiro envenenado, como numa tragédia histórica. O segundo desmoralizado, como numa narrativa folclórica (tipo macaco-que-muito-pula-quer-chumbo ou quem-nunca-comeu-melado-quando-come-se-lambuza).  

1ª parte: 1795-1800.

2ª parte: 1800-1807.

3ª parte: 1807-1812.


4ª parte: 1812-1821.

2 comentários:

Anônimo disse...

Após dois anos de investigações, dezenas de delações premiadas, centenas de prisões, grande parte delas arbitrárias, e buscas e apreensões, milhares de horas de depoimentos e o trabalho de cruzar todas as informações obtidas o que temos na Lava a Jato? Nada contra o Lula. Mais uma vez a história se repete. Tal como os "intocáveis", da Chicago, dos anos 1930, o que restou ao líder desta caçada? Tentar enquadrar o alvo principal num crime menor. O crime de peculato a ser apurado é tudo o que Moro e a sua trupe possuem no momento.

O Celso sabe que não sou esquerdista, muito pelo contrário, mas o que tenho visto nas ações do judiciário, do ministério público e da polícia federal nos últimos anos é a ação de um estado policial. Mesmo com todos os excessos cometidos o alvo foi enlameado apenas pela utilização com fins políticos, pela imprensa, do produto dos vazamentos seletivos, muito deles criminosos pois eram inquéritos e/ou processos sob sigilo judicial.

Caso não haja condenação do "mito" antes das eleições de 2018 é provável um novo "cem dias", só que desta vez com a aliança adversária totalmente derrotada.

celsolungaretti disse...

Não sou jurista, sou revolucionário por convicção e homem de comunicação por profissão. Não entrarei em aspectos legais, mas Lula perdeu a batalha da opinião pública e nunca mais será respeitado como antes. O povo agora o vê também como farinha do mesmo saco.

Que houve forçação de barra neste sentido, é óbvio. Mas, é óbvio também que ele, supondo-se intocável, concorreu para sua desgraça.

Desde 1986 sua 'ligação perigosa' com Roberto Teixeira é denunciada pela imprensa. Há três décadas o fato de morar de graça por conta de alguém que fazia negócios com o PT já prejudicava sua imagem. Agora, a bomba estourou.

O povo lhe perdoaria tudo, menos viver como um nababo por meios escusos.

Eu não choro por ele, mas por nós. Os Lulas passam, mas a necessidade de uma revolução no Brasil persistirá e vai ser cada vez mais crucial. Será difícil, agora, fazer com que o povão acredite na integridade de um líder popular, depois que o Lula o decepcionou tanto. Isto não lhe perdoarei nunca.

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